Especialista afirma que falta de capacitação de motoristas, cultura do improviso, ausência de inspeções e descaso das transportadoras são fatores que agravam o problema
Nas estradas brasileiras, há um inimigo silencioso que segue sendo ignorado por boa parte do setor: a má amarração de cargas. Em um país onde mais de 60% de tudo o que circula depende do transporte rodoviário, o simples ato de prender uma carga de forma errada pode transformar um trajeto comum em uma tragédia anunciada.
A negligência nesse processo, alertam especialistas, é um dos fatores que mais comprometem a segurança nas rodovias. Improvisos com cordas inadequadas, cintas desgastadas, ausência de inspeções e motoristas sem capacitação técnica fazem parte de uma rotina preocupante que se repete todos os dias nos pátios e estradas do país.
Fernando Fuertes, engenheiro e especialista em movimentação de cargas, afirma que o problema é mais sério do que parece. “Muitos motoristas e transportadoras ainda tratam a amarração como um detalhe, quando na verdade é um dos pontos mais críticos da operação. É comum ver equipamentos fora das normas, sem manutenção ou até remendados com nós e costuras, o que reduz drasticamente a resistência do material”, explica.
De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, em 2024 foram registrados mais de 73 mil acidentes em rodovias federais, resultando em 6.160 mortes. Veículos de carga estiveram envolvidos em mais de um quarto desses casos e concentram quase metade das vítimas fatais. Embora não existam números oficiais sobre acidentes causados diretamente pela má amarração, estudos internacionais — como os da Comissão , Europeia Apontam que até 25% dos acidentes com caminhões têm relação direta com falhas no acondicionamento da carga.

Responsabilidade que pesa no volante
Na prática, o motorista é quem assume a responsabilidade final pela carga que transporta. Após o embarque, é ele quem precisa verificar os pontos de ancoragem, distribuir o peso corretamente e realizar o reaperto das cintas ao longo do trajeto. Mas nem sempre esse profissional tem a capacitação necessária para cumprir todas essas etapas com segurança.
“O problema começa na base”, afirma Fuertes. “A maioria dos motoristas nunca recebeu um treinamento técnico sobre amarração, cálculo de forças, tensão ou escolha adequada dos equipamentos. Isso faz com que muitos recorram ao improviso, sem compreender o risco que estão correndo, e colocando em perigo outras vidas nas estradas.”
Essa cultura do improviso se reflete na rotina das transportadoras. Há casos em que caminhões seguem viagem com cintas visivelmente danificadas, sem etiquetas de especificação ou com equipamentos fora das normas da ABNT. Em algumas inspeções realizadas por empresas especializadas, quase 95% das cintas avaliadas apresentavam desgaste crítico e deveriam ser substituídas imediatamente.
O “jeitinho” que vira risco
Um dos comportamentos mais perigosos é o que os especialistas chamam de “normalização do desvio”. Quando um erro é cometido repetidas vezes sem gerar consequências imediatas, ele passa a ser visto como aceitável — e o risco se torna parte da rotina. “É o mesmo fenômeno observado na aviação ou em indústrias de alto risco. O motorista improvisa uma vez e nada acontece. Na segunda, também não. E logo aquele comportamento passa a ser considerado normal”, explica o engenheiro.
Essa complacência é agravada pela alta rotatividade de motoristas no transporte de cargas e pela falta de programas estruturados de treinamento e inspeção. Em muitas empresas, a pressão por prazos curtos e custos baixos acaba suprimindo qualquer iniciativa de prevenção.

Consequências reais
Os impactos vão muito além da segurança viária. Uma carga mal amarrada pode gerar prejuízos milionários com produtos danificados, multas e sinistros. Também representa um risco à integridade física do motorista, que responde legalmente por acidentes causados por desprendimento ou queda de carga.
Algumas seguradoras e embarcadores já perceberam o tamanho do problema e têm buscado treinamento e auditorias para reduzir perdas. “Hoje, são as seguradoras e os donos das cargas que mais nos procuram. Eles entenderam que um investimento pequeno em capacitação pode evitar grandes prejuízos e salvar vidas”, diz Fuertes.
O que diz a lei
A Resolução nº 945/2022 do Contran estabelece os requisitos de segurança para a amarração de cargas. Ela determina, por exemplo, que o uso de cintas, correntes ou cabos deve garantir um fator de segurança mínimo de duas vezes o peso da carga, além de proibir o uso de cordas comuns, exceto na fixação de lonas. O condutor é obrigado a verificar e reapertar o tensionamento ao longo da viagem.
Ainda assim, o cumprimento da norma está longe do ideal. A falta de fiscalização efetiva e a ausência de programas de manutenção preventiva fazem com que o problema continue invisível aos olhos de boa parte do setor.

Segurança começa na cultura
Para especialistas, é preciso enxergar a amarração de carga com a mesma importância dada a freios, pneus e manutenção do motor. “Segurança não é só dirigir bem, é garantir que o veículo e a carga estejam prontos para a estrada. E isso exige uma mudança de mentalidade dentro das empresas e entre os motoristas”, defende Fuertes.
Capacitar, inspecionar e padronizar os procedimentos de fixação das cargas são passos essenciais para reduzir acidentes e preservar vidas. O investimento é baixo, mas o retorno é alto: menos sinistros, menos custos e mais segurança para todos.
Uma lição para o setor
O transporte rodoviário brasileiro precisa evoluir do improviso para a prevenção. E isso passa por treinamento contínuo, fiscalização rigorosa e cultura de segurança. A negligência com a amarração é um problema que pode, e deve, ser eliminado com informação e responsabilidade compartilhada entre embarcadores, transportadoras e motoristas. Afinal, quem segura o Brasil nas estradas também precisa saber segurar a carga com segurança. E você, motorista: como anda a amarração do seu caminhão?

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