Desde sua invenção, os caminhões se tornaram essenciais para a vida moderna e são os principais responsáveis pela distribuição e transporte de praticamente tudo que se usa e vê. Aliados a diversas tecnologias que surgiram com as demandas da sua utilização, como os implementos rodoviários, por exemplo, com eles foi possível ao homem chegar cada vez mais longe, carregar mais peso e, praticamente, qualquer material, além de consumir e produzir mais.
Como já vimos em outros episódios dessa série, o transporte de cargas já existe há séculos, mas era feito por meio de tração animal. Com a Revolução Industrial, foi possível desenvolver a tecnologia a vapor, surgindo o primeiro veículo que não precisava da força de homens ou cavalos para se mover. Aliada a força do caminhão, um dos implementos rodoviários mais importantes da indústria hoje é o caminhão graneleiro.
Primeiros caminhões que chegaram ao Brasil. Não carregava grãos soltos, como vemos hoje, mas auxiliavam no escoamento da fazendas de café e outros grãos.
Este tipo de implemento é usado para o transporte de cargas secas a granel, como cereais (soja, trigo, milho, arroz e feijão), além de adubos, fertilizantes, mercadorias encaixotadas, engradados, chapas e barras de aço e sacarias, devido sua grades maiores fazendo com que comporte melhor esses tipos de carga.
Os tipos de veículos mais utilizados para levar o graneleiro são o truck, carreta, bitrem e rodotrem. Também não há uma medida padrão para esse modelo de implemento, sendo que sua capacidade varia de acordo com o tamanho: dois eixos podem transportar entre 5.850Kg até 6.050Kg de produto a granel. Já os veículos de três eixos podem levar entre 8.400Kg a 9.300Kg.
Conjunto Romeu e Julieta que levava grãos em 1930.
Como surgiu o semirreboque graneleiro?
A origem desse implemento rodoviário vem com os navios de carga projetados para transporte de mercadorias em contínuo a granel, tanto que foram os primeiros a serem nomeados de graneleiros. Até hoje, eles são utilizados em todo o mundo e podem transportar areia, agregados e cereais, mas também materiais densos, como minerais.
Esses navios graneleiros apareceram na segunda metade do século XIX e são por vezes descritos como “cavalos de carga dos mares", pela quantidade de mercadorias que transportam. Em termos de tonelagem, representam 19% da frota comercial mundial. Os primeiros cargueiros transportavam muitas mercadorias, mas poucos eram especializados. O primeiro navio a vapor a ser considerado graneleiro foi o de John Bowes, de 1852.
Conjunto Romeu e Julieta graneleiro nos anos 80 no Brasil.
No Brasil, entre 1870 e 1920, o transporte de grãos era realizado pelos vagões graneleiros, por meio das ferrovias que ligavam o Nordeste, Recôncavo Baiano e, principalmente, São Paulo, servindo a economia cafeeira, até então em fraco desenvolvimento. Muitas cidades começaram a se desenvolver nas proximidades dessas ferrovias e a necessidade de escoamento dos materiais despertou a política de criação das primeiras estradas.
Com a chegada dos caminhões e, posteriormente, dos semirreboques, o sistema de transporte de grãos utilizado pelos navios de carga e pelas rodovias passou a ser realizado também pelas estradas, graças à evolução dos implementos rodoviários que vinham surgindo. No início dos anos 1930, o comércio a granel se desenvolveu e as nações industrializadas (Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão) já realizavam o transporte de grãos com esse tipo de implemento.
No Brasil, quando chegou exportado com outros implementos rodoviários da era Fruehauf, caiu como uma luva, já que o país ainda engatinhava na questão da industrialização e procurava por alternativas mais eficientes para realizar o transporte de grãos, um dos produtos mais importantes do país. Após a Segunda Guerra Mundial, quando praticamente todos os esforços estavam na construção de veículos e materiais para os combates, o mercado de implementos ganhou fôlego e os caminhões graneleiros se firmaram de vez em nosso mercado.
Desde a década de 1960, o sistema rodoviário brasileiro estava sendo bastante desenvolvido e o graneleiro era o destaque entre os implementos mais vendidos no mundo. Isso aconteceu, principalmente, devido ao forte crescimento do setor agrícola. Centenas de empresas especializadas na fabricação desses materiais surgiram com o tempo e trouxeram não só modelos direcionados para cada tipo de grão, mas também, tecnologias que oferecessem cada vez mais produtividade. O agronegócio, atualmente, apresenta-se como o maior setor nos negócios brasileiros.
Há regras para as formas de transporte, já que, antigamente, haviam muitos acidentes devido a material na pista caído das carrocerias (além da enorme perda de material). Segundo o Contran, órgão regulador do setor no Brasil, o translado de grãos deve ser feito em veículos com carrocerias cujas guardas laterais sejam fechadas ou com telas metálicas com malhas de dimensões que impeçam o desperdício do material durante a viagem. Além disso, a carga precisa estar coberta por uma lona ancorada à carroceria do veículo e, claro, em bom estado.
Outro ponto importante está relacionado às dimensões dos veículos. Os dados relacionados aos tipos de carrocerias são organizados pelo Contran e os motoristas devem seguir à risca para evitarem penalidades. O modelo de graneleiro muito utilizado é o de transporte de grãos. Este tipo de carroceria possui grades laterais altas, o que ajuda no armazenamento da mercadoria durante a viagem.
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil perde muito no transporte de grãos, seja pelas más condições das rodovias, por frotas mal preparadas, ou por descuido dos motoristas dos caminhões. Ao escolher o melhor sistema de transporte de grãos, contudo, as chances de ocorrer perdas durante o processo de translado são reduzidas.
Venda de implementos no Brasil
Só em 2021, a venda de implementos rodoviários no Brasil cresceu 48,65% e a indústria entregou 150.943 unidades. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir). Segundo a associação, os setores do agronegócio e da construção civil foram os responsáveis por puxar as vendas. Os dois setores foram responsáveis por 77% do total de vendas de implementos rodoviários no país.
Uma mostra de que o agro movimenta o mercado dos caminhões e vice-versa é que em 2021, dos mais de 180 mil pesados emplacados no ano, 70 mil foram destinados a esse setor, segundo a Anfir. Segundo o Conab (2005), o setor representa 30% do PIB, gera 37% dos empregos da nossa economia e, ainda, é a maior fonte de divisas do país.
O caminhão graneleiro é responsável pelo transporte de cargas secas a granel e são os veículos pesados mais utilizados para este tipo de produto. A carroceria do graneleiro deve ser aberta e, preferencialmente, alta para que o processo de entrega mantenha a integridade da carga e evite desperdícios.
A carga a granel não precisa ser embarcada em embalagens ou caixas. Todo o transporte é feito sem acondicionamento, marcas de identificação e contagem de unidades, ao contrário do que ocorre com produtos refrigerados ou equipamentos eletrônicos. No caso dos grãos, o graneleiro é a solução mais adequada para evitar o mau armazenamento e oferece menor percentual de perda de carga, levando em consideração a má conservação das estradas.
Existem duas categorias: sólida e líquida. A carga a granel sólida contempla os produtos que são sólidos e podem ser contados em grãos, não importando o tamanho desses itens. No Brasil, trigo, soja e milho são os alimentos que mais geram renda. Além disso, os graneleiros também realizam o transporte de carga a granel líquida, como petróleo, óleo de soja e gasolina. Vale reforçar que a carga a granel nunca deve ser embalada. Uma garrafa de óleo de soja, por exemplo, deixa de ter essa característica no momento em que é engarrafada. Geralmente, a carroceria é aberta e alta para manter a integridade da carga.
Como vimos, para cada tipo de carga existe um implemento ideal e escolher corretamente faz parte do trabalho do caminhoneiro. Por isso, sempre trazemos a história dos implementos utilizados em nosso mercado e suas funcionalidades, para você entender bem qual o tipo de caminhão e implemento correto para sua carga.
Agora que você conheceu melhor a história dos caminhões graneleiros, que tal compartilhar com seus amigos que transportam grãos Brasil afora, hein? Não deixe de seguir as nossas redes sociais. Até a próxima!
Pamela Emerich
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