Calor intenso é um problema “invisível” que pode reduzir até 20% a autonomia de caminhões e ônibus elétricos; Pesquisa analisa impacto do calor nas baterias

As altas temperaturas influenciam diretamente na autonomia dos veículos elétricos — inclusive caminhões e ônibus, impactando diversos aspectos desses veículos, principalmente os sistemas de arrefecimento do motor elétrico e das baterias. Apesar de terem uma mecânica mais simples, os caminhões e ônibus elétricos também são impactados pelo calor e podem ter sua performance reduzida. Isso pode representar um desafio extra para os gestores de frota, já que a diminuição da autonomia requer mudanças nos planejamento inicial e  impacta diretamente no custo das entregas e na experiência do cliente.

Dados de milhares de veículos elétricos foram analisados em um estudo da Geotab, onde foi possível concluir que em todas as categorias de veículos, ou seja, de carros a ônibus e caminhões, tanto as temperaturas mais baixas impactam a performance dos VEs (pois o frio afeta a capacidade das baterias de armazenar e liberar energia), quanto o calor faz com que a queda na autonomia dos VEs seja mais rápida. Dados identificaram que, comparado ao desempenho ideal (~26–30 °C), a eficiência energética diminui 25–28% quando o termômetro ultrapassa 46 °C, causando maior índice de consumo por quilômetro rodado. 

De acordo com a Geotab,  uma das empresas líderes em soluções de transporte conectado do país, as análises mostram também que temperaturas na faixa de 21°C são ideais para a autonomia desses veículos, apresentam melhor desempenho do que sua autonomia nominal, atingindo picos de 115%. Assim, em um dia de condições amenas, um veículo que deveria ter a autonomia de 100km, pode ir além e entregar até 115 km. Testes com carros elétricos revelam que, já aos 32 °C, a perda de autonomia passa de 5%, e pode atingir cerca de 31% com picos de temperatura próximos a 38 °C. Para os especialistas, devido a proximidade das baterias com o solo, elas recebem mais radiação de calor do asfalto, o que influencia no funcionamento. 

Em um país como o Brasil, em que no verão as temperaturas podem ultrapassar os 35º, isso pode representar um desafio extra para o gestor da frota. Já que, para manter a temperatura de todo o conjunto - e das beterias - há um gasto mair de energia, reduzindo a autonomia dos pesados. De acordo com pesquisadors, quanto mais simples a tecnologia da bateria, maior é o gasto com refrigeração.

A chave para reduzir esses impactos está nos sistemas de gestão térmica (TMS). Esses sistemas utilizam circuitos de refrigeração com líquidos ou ar condicionado incorporado à bateria para manter o pack em temperaturas seguras. Sem esse controle, há aumento da resistência interna da bateria, menor aceitação de recarga e risco de envelhecimento precoce por estresse térmico .

Analisando os dados extraídos pelo estudo, a realidade parece clara: quanto mais quente o ambiente, maior o impacto na autonomia do veículo elétrico. Por isso, no setor de transporte de cargas, especialmente com caminhões elétricos, esse fator deve ser contemplado desde o planejamento de rotas até a infraestrutura de suporte térmico, garantindo eficiência, segurança e economia a longo prazo.

Os veículos elétricos já representam um grande avanço nos transportes do país, em especial em relação a entregas urbanas e transporte de passageiros. Só na cidade de São Paulo, a frota de veículos desse tipo foi de 69, para 84 até janeiro de 2024 e em 2025, já passa de 100 unidades. A questão da sustentabilidade é uma realidade e está ganhando cada vez mais espaço entre os modais de transporte. Por isso, muitos países já estão adotando planos para a migração de suas frotas para outro tipo de combustão e o elétrico têm tido destaque. O Brasil segue desenvolvendo veículos focados na descarbonização, e não à toa, praticamente todas as montadoras possuem soluções 100% elétricos. 

Quando o assunto é caminhão, o emplacamento de veículos elétricos apresentou alta, em especial os modelos leves. Grandes empresas de logística e transporte de carga em áreas urbanas, como o segmento de bebidas, já enxergam os caminhões elétricos como opção para suas frotas. Até mesmo a prefeitura de São Paulo possui caminhões 100% elétricos em sua frota de caminhões para a limpeza urbana, mostrando que a adesão desses veículos vem se tornando realidade. 




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