Andamos no caminhão 100% elétrico da Mercedes-Benz, carregado com 19,5 toneladas, conduzido pelo instrutor Thiago Ambrosio, que destacou estratégias para rodar com total economia
O futuro já chegou no transporte rodoviário no Brasil. Em uma viagem exclusiva realizada pelo Planeta Caminhão, o trecho entre São Paulo e Curitiba foi palco de um teste inédito: acompanhar o Mercedes-Benz eActros 400, caminhão 100% elétrico desenvolvido para médias distâncias, em operação real e carregado com 19,5 toneladas. Mais do que percorrer a estrada, o objetivo foi conhecer de perto como esse gigante elétrico se comporta nas condições brasileiras e, principalmente, aprender com um instrutor da fábrica a forma correta de conduzi-lo de maneira econômica e eficiente.
A jornada começou em São Bernardo do Campo, na Região Metropolitana de São Paulo, e seguiu pela tradicional Rodovia Régis Bittencourt até a capital paranaense. Ao volante, não estava qualquer motorista, mas sim, Thiago Ambrosio, instrutor da Mercedes-Benz, especialista em explorar ao máximo a tecnologia embarcada no caminhão.O objetivo era claro: mostrar na prática como operar o eActros de forma econômica, aproveitando cada detalhe da engenharia elétrica de ponta que o modelo oferece. E o resultado não decepcionou.
Mesmo enfrentando longas subidas da Serra do Cafezal, o caminhão manteve eficiência energética e autonomia segura.Segundo o instrutor, a principal diferença em relação a um caminhão a diesel é a forma de aproveitar a inércia. Enquanto no diesel se trabalha com a chamada “faixa verde” de rotação, no elétrico a condução eficiente exige atenção especial ao uso do acelerador e, principalmente, aos sistemas de regeneração de energia.
Cada descida se transforma em uma oportunidade de devolver energia às baterias. O painel digital do eActros mostra em tempo real a transição entre consumo e regeneração: quando a cor azul aparece, significa que o caminhão está recarregando suas baterias com a própria frenagem. Com cinco estágios de regeneração, o veículo praticamente dispensa o uso do freio de serviço em trechos de serra. Essa tecnologia não só aumenta a segurança da operação como também prolonga a autonomia, um ponto-chave para o transporte de médias distâncias.
O instrutor reforçou ainda a importância do “pé leve”. Cada aceleração brusca representa energia desperdiçada. O segredo é ganhar velocidade gradualmente, respeitando os limites da via e aproveitando o embalo do caminhão. “Tudo que você dá no pé, ele responde. Então, pisar fundo é jogar energia fora”, destacou Thiago.
Durante a subida da Serra, o painel registrava pouco mais de 50% da bateria disponível, com autonomia acima de 270 km já percorridos. O desempenho impressionou, considerando o peso transportado e a complexidade do trecho.Outro ponto ressaltado foi a velocidade. Assim como em veículos a combustão, andar acima do limite da via implica consumo maior. A recomendação é sempre manter o caminhão próximo à velocidade indicada para a estrada, equilibrando desempenho e eficiência energética.
No caso da descida, a estratégia muda: o ideal é aliviar o acelerador e deixar o caminhão rolar. Quando necessário, o condutor pode acionar um ou dois estágios de regeneração para manter a velocidade controlada e, ao mesmo tempo, recuperar energia.
Essa combinação entre tecnologia de ponta e técnica de condução se mostrou essencial para o sucesso da viagem. O trajeto de mais de 400 quilômetros foi percorrido com tranquilidade, confirmando que o eActros 400 está pronto para rotas médias, unindo sustentabilidade e produtividade.
Mais do que uma simples viagem, a demonstração representou um passo simbólico rumo à eletrificação do transporte de cargas no Brasil. A Mercedes-Benz mostrou, com dados reais de estrada, que o futuro elétrico não é promessa distante, mas realidade viável.
O eActros 400 chega ao mercado como uma solução para empresas que buscam reduzir sua pegada de carbono sem abrir mão da eficiência operacional. Com ele, cada viagem se transforma em um ato de inovação e responsabilidade ambiental. De São Paulo a Curitiba,observamos que a mobilidade elétrica pode, sim, vencer os desafios das médias distâncias brasileiras. E, ao que tudo indica, essa é apenas a primeira de muitas jornadas que irão redefinir o transporte rodoviário no país.
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