Rádio PX: Uma rede social para os caminhoneiros. Tecnologia simples é a preferida dos motoristas para comunicação, por ser prático, barato e útil nas estradas. Histórias confirmam a utilidade do PX. Em plena era da internet, com toda tecnologia de GPS, comunicação sem fio e telefonia celular com banda larga, um tipo de comunicação bem mais simples e antiga, com base em uma tecnologia dos anos 1920 ainda reina nas estradas. O rádio PX, a comunicação entre caminhoneiros via rádio Faixa Cidadão, funciona em frequência em torno dos 27 MHz e tem custo zero de uso. O custo do equipamento não é tão alto e a tradição fala mais alto nesse tipo de rede de comunicação. Todos podem utilizar, existem frequências abertas e essa democratização faz com que o rádio PX seja uma verdadeira rede social das estradas. Muitas histórias comprovam isso. É muito comum um motorista precisar de ajuda e buscar essa mãozinha pelo rádio, sempre com pronto atendimento dos amigos e colegas. A linguagem do rádio PX é um assunto à parte. Misturando o código “Q” internacional, usado para qualquer tipo de rádio, com gírias criadas pelos próprios motoristas, surgiram termos como “barracão de zinco” (caminhão baú), “botina preta” (policial rodoviário), “botina branca” (médico), “cristal” (esposa), “dois metros horizontais” (dormir), “para-raios” (sogra), entre tantos outros. O hábito de ficar “birocando na caixinha preta”, isto é, falando no rádio, é comum à maioria dos caminhoneiros. Com um investimento baixo, em torno de R$ 200, os profissionais do “tapete preto” (estrada) o consideram essencial, mas poucos se legalizam junto à Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), mantendo o aparelho de maneira ilegal. O serviço de rádio cidadão, conhecido como PX, é taxado para cada estação móvel, pelo direito de execução do serviço e pelo direito do uso das radiofrequências. Uma ajuda e tanto na descida da Serra: Em abril deste ano, um caso ocorrido na Via Anchieta, perto de São Paulo, mostrou a importância do rádio PX. Os caminhoneiros desciam a serra quando começaram a alertar que tinha um MB 1929 sem freios descendo desgovernado. O pessoal se coordenou pelo rádio PX, deixando a faixa da esquerda livre, e o caminhão passou em velocidade. Graças à ajuda dos companheiros e à sua perícia, o motorista do 1929 conseguiu jogar o caminhão em uma área de escape e, apesar de alguns danos, saiu bem e a tragédia foi evitada.