Em uma operação impressionante, um Western Star 49X encarou o desafio de transportar o hidroavião Philippine Mars, 34 toneladas e 61 metros de história,  por 240 quilômetros até um museu no Arizona.

Imagine a cena: uma madrugada no Arizona, luzes piscando na escuridão, comboio avançando lentamente pelas rodovias e, no centro de tudo, um caminhão rebocando um avião gigantesco da Segunda Guerra Mundial. Foi assim que o lendário Philippine Mars, um dos últimos hidroaviões do seu tipo ainda em existência, fez sua última viagem — não pelos céus, mas sobre o asfalto americano.

O protagonista dessa façanha foi o Western Star 49X, um caminhão vocacional pesado que já enfrentou todo tipo de trabalho nos Estados Unidos, mas nada se compara a rebocar 34 toneladas de história. A operação marcou o fim da era do Philippine Mars, que após décadas servindo como aeronave de combate a incêndios, foi oficialmente aposentado e levado ao Museu do Ar e Espaço de Pima, em Tucson, Arizona.

Construído nos anos 1940 para servir na Segunda Guerra Mundial, o Philippine Mars é uma relíquia viva da aviação. Com 61 metros de envergadura, ele pertence à família Martin JRM-3, aeronaves projetadas para missões navais de transporte, mas que, ao longo das décadas, se tornaram verdadeiros heróis do combate a incêndios. Carregava até 70 mil litros de água e foi, até recentemente, o último “barco voador” ainda ativo no planeta.

Mas para chegar ao seu destino final, o gigante precisou de outro gigante. A missão foi liderada pela empresa Southwest Industrial Rigging, em parceria com a Boneyard Safari, especialistas em transporte de aeronaves históricas. “Remover o avião do Lago Pleasant e colocá-lo na estrada foi um desafio que exigiu semanas de planejamento”, explicou Aaron Goldstein, diretor de marketing da Southwest. “Quando o Philippine Mars estava pronto para seguir viagem, sabíamos que o 49X seria o único capaz de encarar o trabalho.”

O percurso total de 240 quilômetros foi percorrido em cinco noites consecutivas, sempre durante a madrugada, para evitar o tráfego intenso e garantir segurança. O comboio, composto por dezenas de veículos de apoio, técnicos e escoltas policiais, formou um espetáculo à parte nas rodovias do Arizona. Com o avião desmontado, cuidadosamente apoiado sobre uma carreta especial, o conjunto completo: caminhão, carreta e aeronave, atingiu cerca de 80 toneladas e 42 metros de comprimento. A velocidade média era de apenas 40 km/h, mas, mesmo assim, o impacto visual e simbólico foi gigantesco.

Photo courtesy of Andy Perez

Moradores das cidades por onde o comboio passou acordaram de madrugada para ver o espetáculo. Um avião que um dia cruzou oceanos agora atravessava cruzamentos, guiado pelos faróis firmes do Western Star. Nas redes sociais, vídeos e fotos viralizaram, mostrando o contraste entre o aço do asfalto e a memória dos céus.

O Philippine Mars fez seu último voo em fevereiro de 2025, encerrando uma trajetória de quase oito décadas. Seu irmão gêmeo, o Hawaii Mars, já havia sido aposentado anos antes e levado para um museu no Canadá. Agora, o Philippine Mars descansa sob o sol do Arizona, como peça central do acervo do Pima Air & Space Museum — um tributo à engenharia, à aviação e à história militar.

Para o Western Star 49X, a missão foi mais do que um trabalho técnico: foi um momento de conexão entre duas eras. De um lado, o símbolo do poder aéreo dos anos 40; do outro, a força moderna das estradas americanas. Um encontro raro entre dois mundos movidos pela mesma essência — potência, resistência e propósito. Conhecido por sua robustez e tecnologia voltada a operações extremas, o 49X mostrou por que é um dos caminhões mais respeitados do mercado norte-americano.

Projetado para suportar terrenos desafiadores e cargas pesadas, ele comprovou na prática que não há fronteiras para o que o transporte pesado pode realizar. A operação também foi um lembrete do papel crucial dos caminhões na preservação da história. Sem a força do Western Star 49X e o trabalho das equipes envolvidas, o último voo do Philippine Mars talvez nunca tivesse um capítulo final digno de sua grandeza.

Agora, o hidroavião que um dia cruzou oceanos repousa entre caças e foguetes, enquanto o caminhão que o conduziu segue seu caminho — pronto para o próximo desafio das estradas. Do ar para o chão, do passado para o presente, do motor de hélice ao ronco do diesel, essa é a história de um transporte que uniu gerações e mostrou que, às vezes, é o caminhão quem leva o avião aos seus novos horizontes.

Photo courtesy of Andy Perez

 

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