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Caminhões a hidrogênio da Daimler igualam desempenho dos a diesel, mas custos ainda é obstáculo

Caminhões a hidrogênio da Daimler igualam desempenho dos a diesel, mas custos ainda é obstáculo

Testes com o Mercedes-Benz GenH2 mostram autonomia superior a 1.000 km e reabastecimento em 15 minutos, mas preço do combustível e seguros seguem como entraves

Os caminhões movidos a células de combustível de hidrogênio começam a mostrar, na prática, que podem competir em desempenho com os tradicionais modelos a diesel. A Daimler Truck divulgou os resultados de um programa de testes de um ano com o Mercedes-Benz GenH2, conduzido em parceria com grandes empresas de logística como Amazon, Air Products e Holcim. O saldo é animador em termos técnicos: autonomia superior a 1.000 quilômetros e reabastecimento em apenas 10 a 15 minutos, comparável ao diesel.

Ao todo, cinco caminhões GenH2 percorreram mais de 225 mil quilômetros em operações reais de transporte de carga. Se fossem movidos a diesel, esses veículos teriam consumido cerca de 58 mil litros de combustível e emitido 154 toneladas de CO₂. No entanto, o desafio vai além da performance: os altos custos do hidrogênio e do seguro tornam a operação ainda comercialmente inviável.

Os resultados apontam consumo médio de 5,6 a 8 kg de hidrogênio líquido a cada 100 km, dependendo da carga transportada — que variou entre 16 e 34 toneladas. Cada unidade contava com dois tanques de 40 kg de hidrogênio líquido, tecnologia que garante maior densidade energética em relação ao gás comprimido, menor peso dos tanques e mais capacidade de carga útil.

A energia era fornecida por uma célula de combustível de 300 kW combinada a uma bateria de 70 kWh, utilizada principalmente em picos de demanda. Segundo relatos dos motoristas, o caminhão se destacou pela operação silenciosa, condução suave e desempenho robusto, aspectos que reforçam sua viabilidade técnica no dia a dia do transporte pesado.


No período, os cinco veículos fizeram 285 paradas para abastecimento, totalizando 15 toneladas de hidrogênio líquido consumidas. Entre as rotas, estavam entregas da Amazon na Alemanha, transporte de gases pela Air Products, cimento pela Holcim na Alemanha e na Holanda, produtos químicos com a VERVAEKE em parceria com a INEOS Inovyn, e contêineres pela Wiedmann & Winz para a DP World.

“O caminhão Mercedes-Benz GenH2 está no mesmo nível do Actros a diesel em muitos aspectos – o que o torna tão valioso para nós. Graças à sua alta autonomia e aos curtos tempos de reabastecimento, podemos operar o GenH2 como um caminhão a diesel”, afirmou o Dr. Micha Lege, diretor da Wiedmann & Winz, uma das empresas participantes.

Mesmo com a comprovação de viabilidade operacional, os custos permanecem como o maior entrave. O preço do hidrogênio e os altos prêmios de seguro fazem com que a paridade econômica com o diesel ainda esteja distante. Além disso, a infraestrutura de abastecimento na Europa avança em ritmo mais lento do que o esperado. Estimativas indicam a necessidade de pelo menos 2.000 estações de hidrogênio até 2030 para suportar uma frota significativa.

Durante os testes, a Daimler garantiu suporte técnico 24 horas e serviço dedicado em oficinas especializadas em Haan e Stuttgart-Feuerbach. A fabricante considera esse modelo de suporte essencial para os primeiros usuários e planeja ampliar a rede à medida que novos clientes aderirem.

Uma segunda fase de testes será iniciada no fim de 2025, com a inclusão de mais empresas. Já em 2026, a Daimler Truck pretende produzir uma pequena série de 100 unidades do GenH2 em sua fábrica de Wörth. A expansão em larga escala, porém, só deve ocorrer a partir do início da década de 2030.

Dentro da sua estratégia de descarbonização, a Daimler reafirma que continuará investindo em soluções elétricas a bateria e a hidrogênio. Os resultados com o GenH2 mostram que a tecnologia está pronta do ponto de vista técnico. O desafio, agora, é econômico: tornar o hidrogênio competitivo em custos para que os caminhões possam ganhar espaço definitivo nas estradas.



 

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