Entenda o que é mito e o que é real por trás do aquecimento do motor a diesel e descubra o que realmente recomendam os fabricantes

Durante muito tempo, uma prática comum entre motoristas de caminhão foi a de ligar o motor, aguardar 30 segundos ou mais em marcha lenta e só depois iniciar a viagem. Mas, será que essa recomendação ainda faz sentido com os motores modernos? Essa dúvida tem gerado discussões entre profissionais do volante e especialistas do setor.

No passado, a espera fazia bastante sentido. Os motores a diesel utilizavam sistemas de lubrificação mais simples, que demoravam mais para fazer o óleo atingir todas as partes internas do motor. Assim, esse tempo extra permitia que o lubrificante circulasse adequadamente, garantindo proteção e reduzindo o risco de danos nas primeiras rotações.

Contudo, com os avanços tecnológicos dos últimos anos, os sistemas de lubrificação evoluíram bastante. Hoje, os caminhões modernos contam com lubrificantes de alta performance e turbocompressores mais eficientes, que garantem uma circulação muito mais rápida do óleo, mesmo em partidas a frio. Por isso, o cenário mudou.

De acordo com a maioria dos fabricantes de motores a diesel, como Scania, Volvo, Mercedes-Benz e Cummins, em condições normais de temperatura, o motorista não precisa esperar os famosos 30 segundos. Basta o tempo necessário para ajustar o cinto, checar os instrumentos do painel e engatar a marcha. Essa prática já é suficiente para garantir que o óleo comece a circular e proteja os componentes antes que o motor receba carga.

Mas há uma exceção importante: temperaturas muito baixas. Se o caminhão passou a noite ao relento, especialmente em regiões frias, ou foi ligado após longos períodos parado, o ideal é aguardar entre 20 a 30 segundos em marcha lenta. Isso ajuda a garantir que o óleo alcance todas as partes do motor e da turbina antes de colocar o veículo em movimento.

A turbina, inclusive, merece atenção especial. Em motores com turboalimentação, o eixo da turbina precisa estar bem lubrificado antes de operar sob carga. A falta de óleo no início da operação pode causar desgastes prematuros, principalmente nas bronzinas e no próprio eixo do turbo. Nesse cenário, alguns segundos de paciência podem fazer toda a diferença na durabilidade do motor.

Portanto, podemos considerar que o famoso “esperar 30 segundos” é, em parte, um mito. Nos motores modernos e em temperaturas normais, esse tempo não é necessário. Porém, em dias frios ou após longos períodos de inatividade, a prática ainda é válida — e até recomendada. Afinal, como diz o ditado: "o seguro morreu de velho".

Mas atenção: o que realmente compromete a vida útil do motor é sair acelerando forte logo após dar a partida. Essa prática é extremamente prejudicial, pois exige muito do motor e da turbina antes que o sistema de lubrificação esteja completamente operante. Em vez disso, o correto é sair suavemente, sem exigir força do motor nos primeiros metros rodados.

Essa abordagem cuidadosa ajuda a prolongar a vida útil do conjunto mecânico e evita problemas futuros com reparos caros e perda de eficiência. Ainda que o tempo de espera em marcha lenta tenha sido reduzido com a modernização dos motores, o bom senso e os cuidados no momento da partida continuam sendo fundamentais.

A dúvida sobre o tempo certo de espera ainda gera polêmica entre motoristas experientes e novatos. Muitos ainda seguem conselhos antigos que, embora bem-intencionados, nem sempre refletem as práticas mais modernas e seguras. A chave está em entender o tipo de motor, a condição climática e a manutenção do veículo.

Por isso, é essencial seguir as recomendações do manual do fabricante e manter o motor sempre bem revisado. Um motor em dia, com óleo de qualidade e filtros em bom estado, vai responder melhor em qualquer condição. E você, chefe? Costuma esperar quanto tempo antes de partir com o caminhão?

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