Reajuste acompanha a alta do IPCA e impacta transportadoras, caminhoneiros e fretes
Motoristas e transportadoras que rodam pelas rodovias paulistas devem preparar o bolso: a partir de 1º de julho de 2025, os valores dos pedágios administrados pela iniciativa privada em São Paulo terão reajuste. O aumento segue o previsto nos contratos de concessão, que definem que os valores acompanhem a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), acumulado entre junho de 2024 e maio de 2025.
De acordo com a ARTESP (Agência de Transporte do Estado de São Paulo), o percentual exato do aumento ainda será oficializado, mas estimativas de mercado apontam que a inflação no período deve ficar em torno de 5 %. Esse índice é o que baliza o cálculo para o reajuste anual das tarifas, garantindo o equilíbrio financeiro das concessionárias responsáveis pela operação, manutenção e expansão da malha rodoviária.
Para o transporte rodoviário de cargas, o impacto é direto no custo do frete. Isso porque, ao lado do diesel, o pedágio representa uma das maiores fatias nos custos operacionais de quem roda pesado, seja frotista ou motorista autônomo. São Paulo concentra mais de 8 mil quilômetros de rodovias concedidas, incluindo trechos estratégicos como Anhanguera, Bandeirantes, Castello Branco, Anchieta-Imigrantes, entre outros corredores que ligam o interior ao Porto de Santos e à Região Metropolitana
Na Anchieta-Imigrantes, por exemplo, onde o valor do pedágio de R$ 36,80, com o aumento de 5,1 o valor passará a ser R$ 38,70. Já no sistema Anhanguera-Bandeirantes, onde os valores atuais variam de R$ 8,70 a R$ 13,00, os moristas pagarão de R$ 0,50 a R$ 0,80 mais caro. Na rodovia SP-75, estrada que dá acesso a Campinas, o aumento será de 3,84%: a tarifa subirá de R$ 2,60 para R$ 2,70.
As concessionárias, representadas pela ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), argumentam que o reajuste anual faz parte do contrato de concessão e que o valor arrecadado se traduz em investimentos constantes. Entre os serviços prometidos estão duplicações, conservação de pista, bases de apoio ao usuário, guincho 24h e monitoramento por câmeras, além da segurança viária.
No entanto, sindicatos de caminhoneiros destacam que, na prática, cada centavo a mais faz diferença no final do mês. Para muitos autônomos e pequenas transportadoras, o aumento somado ao preço do diesel pressiona ainda mais as margens de lucro, principalmente em rotas longas, onde o valor do pedágio por eixo pode ser multiplicado várias vezes.
Diante desse cenário, especialistas recomendam atenção redobrada no planejamento de rotas, verificação de alternativas logísticas mais econômicas e renegociação de contratos de frete para mitigar o impacto. Para quem vive da estrada, cada cálculo de custo por quilômetro rodado (CPK) deve considerar o novo peso do pedágio no orçamento. Afinal, rodovia de qualidade é importante — mas sem planejamento, o frete não fecha a conta.
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