Saiba o que realmente acontece dentro do motor com o aumento do biodiesel no combustível e descubra como evitar problemas no motor

Com o aumento do percentual de biodiesel no diesel comercializado no Brasil, muitos transportadores, caminhoneiros e até donos de picapes a diesel estão levantando a mesma pergunta: “O biodiesel estraga mesmo o motor?” “Porque começaram os problemas depois do aumento do percentual?”A polêmica cresce à medida que relatos de borra, filtros entupidos e problemas na queima do combustível se multiplicam. Mas, afinal, o biodiesel é vilão ou vítima da má gestão do combustível?

O tema ganhou ainda mais força porque, atualmente, o diesel vendido no Brasil já carrega um percentual significativo de biodiesel na sua composição. Desde março de 2024, o percentual de biodiesel subiu para 14% (B14), e a previsão é que alcance 15% (B15) até 2026, seguindo a política do governo de estímulo às fontes renováveis. Esse avanço tem como objetivo reduzir as emissões de gases poluentes, fomentar a indústria nacional de biocombustíveis e gerar empregos no campo, especialmente na produção de soja, gordura animal e outras fontes renováveis usadas na fabricação do biodiesel.

Por outro lado, o aumento do percentual de biodiesel no diesel tem trazido desafios para a operação de veículos pesados e utilitários. Isso porque o biodiesel, por sua origem orgânica, tem maior tendência à retenção de umidade, formação de borras, fungos e bactérias, especialmente em ambientes com alta umidade ou em sistemas de abastecimento e armazenamento mal cuidados.

Para responder a essa pergunta, o Planeta Caminhão reuniu dois especialistas no assunto: Sérgio Kaskanlian, especialista em pesados, e José Matielo, da Ecofiltro, referência nacional quando o assunto é filtragem e qualidade do diesel no Brasil, para entendermos mais sobre combustível e desvendar os principais mitos e verdades sobre o biodiesel. Em papo direto e sem rodeios, Matielo explicou como todo o processo de armazenagem também influencia na “sujeira” do combustível e problemas com filtro. 

Matielo explica que quanto maior o percentual de biodiesel, maior a necessidade de cuidar do combustível: “Não é só abastecer e sair rodando. Tem que ter gestão, filtragem e atenção ao que tá entrando no seu tanque”, alerta. De acordo com ele,o estágio atual do Biodiesel presente nos combustíveis não vai retroceder, por isso, o correto é se preparar e se atualizar na medida do possível. “Biodiesel é uma evolução. O mundo vai caminhar pra isso, não dá pra retroceder. O nosso combustível é muito bom. O problema não é o biodiesel. É a contaminação.”, destaca Matielo. 

Segundo ele, o maior vilão não está no biodiesel em si, mas no caminho que ele percorre da refinaria até o tanque do caminhão. São, em média, oito diferentes pontos de armazenamento, onde ocorrem processos como entrada de umidade, formação de água e proliferação de bactérias — fatores que resultam na famigerada borra que entope filtros, suja bombas e compromete o motor.

A preocupação não é apenas dos caminhoneiros. Segundo Sérgio, até donos de picapes estão pensando duas vezes antes de investir em veículos a diesel. “Tem muita gente com medo. Alguns até cogitam trocar a caminhonete a diesel por um veículo flex, só pra não correr risco com o biodiesel.”, comentou. Mas será que esse medo faz sentido? José responde na lata: “Se o combustível chegar na câmara de combustão sem contaminação, nós temos um dos melhores combustíveis do mundo. É simples assim.”

Filtro primário instalado em uma caminhonete Ranger, retirando 100% de água e particulas que iriam para o sistema injetor.

O segredo, segundo Matielo, está na gestão do combustível. Isso começa no posto, passa pela transportadora e vai até o próprio tanque do veículo. Ele explica que filtragem constante, separação da água e uso de filtros de alta qualidade são fundamentais. E faz um alerta: “A gente gasta 400 mil numa caminhonete, mas às vezes não quer investir 35 reais num bom filtro. É incoerente.”. Além disso, ele defende que os postos deveriam ter sistemas permanentes de filtragem nos tanques e nas bombas, prática que já é realidade em empresas mais profissionais.

Outro ponto que gera debate é a influência do enxofre. Matielo explica que, quando o diesel tinha alto teor de enxofre, esse elemento funciona como bactericida natural. “A partir do momento que se retirou o enxofre, para saúde e meio ambiente, abriu espaço para proliferação de bactérias. Se junta água, matéria orgânica do biodiesel e falta de enxofre... o ambiente tá perfeito pra borra, ácido e problema.”, afirma.

A conclusão do especialista é clara e direta: “O biodiesel não é vilão. Quem cuida do combustível, roda tranquilo. Quem não cuida, paga a conta lá na frente.”. E não é só sobre evitar problema — é sobre melhorar a performance. “Se você tem uma queima melhor, com combustível limpo e bem filtrado, você ganha rendimento. São mais quilômetros rodados com a mesma quantidade de litros. Isso não é gasto, é investimento.”, reforça.

O que você acha do aumento do biodiesel? Já teve problemas por causa do combustível? Assista ao vídeo da entrevista porque tem MUITO conhecimento pra te salvar de dor de cabeça! Deixa sua opinião nos comentários: você acha que o biodiesel é problema ou solução?


 

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