Ações que já estão em andamento visam demonstrar a eficiência e a tecnologia dos veículos, além de desenvolver rotas para que ônibus e caminhões possam rodar com o gás natural ou biometano no Paraná
A Scania e a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) firmaram uma parceria para o desenvolvimento do Gás Natural Veicular (GNV) e biometano como combustíveis sustentáveis para caminhões e ônibus, uma das alternativas mais defendidas pelos especialistas do transporte. As empresas estão unidas com o objetivo de impulsionar o uso desses combustíveis em veículos pesados, a princípio no Estado do Paraná, mas com grande propensão de se espalhar por outros Estados do Brasil.
A parceria foi consolidada durante a participação das empresas no 5° Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, que aconteceu no mês de abril em Foz do Iguaçu, na região Oeste paranaense. Durante o anúncio oficial, as empresas ressaltaram a importância do trabalho conjunto para a implantação de projetos que permitam o desenvolvimento do uso do gás para o transporte pesado, incluindo ônibus e caminhões, e a estruturação de Corredores Azuis para que esses veículos possam rodar com um combustível mais eficiente e sustentável.
Rafael Lamastra Jr, CEO da Compagas destacou que a iniciativa é um pequeno passo para alavancar o uso desses combustíveis no país: "Os projetos ligados à mobilidade sustentável colocam o Paraná em um movimento de destaque nacional. O gás natural é uma energia verde e colabora para a transição energética com menor emissão de poluentes e melhor competitividade. Além disso, há de se destacar a disponibilidade da tecnologia da Scania para adoção imediata pelas frotas e empresas, o que representa ganhos ambientais e operacionais também imediatos”. O executivo ressalta ainda que o gás natural e o biometano são os combustíveis para a sustentabilidade do presente.
Scania a gás - R 410 - Foto: Divulgação Scania
Para o diretor de Relações Institucionais da Scania, Gustavo Bonini, a parceria da Scania com a Compagas celebra mais um passo importante para a descarbonização do transporte de cargas e passageiros. Ele analisa que é necessário engajar a essa urgência, o máximo de agentes possíveis, estimulando o mercado para atender a essa demanda de não dependência ao diese: “Nós estamos atuando em várias frentes para que o biometano se torne cada vez mais uma opção não apenas viável, mas real, assim como aconteceu com o etanol para os automóveis", destaca.
Entre os projetos conduzidos pelas duas empresas está a demonstração do ônibus 100% a gás natural que integra o transporte coletivo urbano de Curitiba e Região Metropolitana. Durante todo o mês de março, o veículo percorreu um trajeto de mais de 280 quilômetros por dia entre a capital paranaense e o município vizinho, São José dos Pinhais. A ação faz parte do projeto de mobilidade urbana sustentável a partir do uso do gás natural, realizado pela Compagas e pela Scania, em conjunto com a Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (AMEP) e com o Governo do Estado. Você viu essa notícia aqui no Planeta Caminhão.
No mês de Abril, uma ação similar foi iniciada pela Compagas e pela Scania com a Prefeitura de Curitiba. O objetivo da iniciativa é executar a demonstração do veículo movido a GNV e certificar os indicadores de eficiência, em especial, a redução nas emissões de poluentes para integrar esse tipo de carro nas frotas do transporte público do Paraná. Rafael Lamastra, da Compagas, reforça que a empresa deseja mostrar que a substituição de veículos movidos a diesel por gás natural ou biometano contribui não apenas com o meio ambiente e com a saúde da população.
Rafael Lamastra Jr e Gustavo Bonini representam Compagas e Scania na parceria para impulsionar GNV e Biometano. Foto: Divulgação Scania
Segundo o executivo, essa mudança vai trazer benefícios também para a economia, visto a menor dependência do diesel importado, proporcionando um melhor custo operacional para frotas e empresas. Além de trazer melhorias para o transporte público, com maior disponibilidade de veículos, que terão mais tecnologia embarcada que os atuais e mais poluentes. As empresas irão realizar a demonstração do veículo a gás também nos municípios de Londrina e Ponta Grossa.
Outro projeto que está no centro desta parceria são os Corredores Azuis, iniciativa que é realidade no Paraná e em diversos Estados do país. O propósito comum é o desenvolvimento de pontos de abastecimento de GNV adequados e adaptados para veículos pesados (caminhões e ônibus) nas principais rodovias e rotas de escoamento de cargas, permitindo trajetos com maior autonomia com energia limpa e a consequente ampliação do número de veículos que utilizam a tecnologia para suas viagens.
No Paraná, a Compagas atende a cinco postos localizados na Região Metropolitana de Curitiba que já atuam no abastecimento desses veículos e, ainda em 2023, a previsão é que comece a operar, na cidade de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, o primeiro posto projetado com infraestrutura exclusiva para o abastecimento a gás de veículos pesados. "Nosso foco é o escoamento da produção agrícola do interior do Paraná ao Porto de Paranaguá", destaca Lamastra.
Para a Scania, a evolução da infraestrutura permite o crescimento do uso da tecnologia nas estradas do país. "Para que a transição energética ocorra é fundamental o desenvolvimento de infraestrutura de distribuição e ampliação da rede de abastecimento", explica Bonini. "São ações de parcerias como esta que precisamos para avançar, inovar e oferecer soluções para que outras empresas também superem suas metas. Nossa expectativa é que os corredores sustentáveis se desenvolvam e o biometano se consolide como alternativa viável", completa.
Diesel ou Gás: Sobre os veículos a GNV
Abastecidos com gás natural e/ou biometano, os veículos pesados se destacam no aspecto sustentabilidade, pois contam com uma redução significativa na emissão de carbono. Em relação ao diesel, estima-se que o gás natural reduza a emissão de CO2 em até 20%, enquanto o biometano alcança uma redução de até 90%. O abastecimento com gás natural ou biometano também tem vantagens para a saúde da população, pois são combustíveis que atuam para a diminuição da poluição local.
Quando comparado ao diesel, a redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e de material particulados chega a 85%. Os efeitos são de curto prazo, com um menor índice de doenças cardiovasculares e da perda de produtividade causada por esses poluentes. Os modelos têm motor do Ciclo Otto (o mesmo conceito dos automóveis) e movidos 100% a gás e/ou biometano, ou mistura de ambos. Não são convertidos do diesel para o gás, têm garantia de fábrica, tecnologia confiável e segura, desempenho consistente e força semelhante aos similares a diesel, além de serem mais silenciosos.
Ônibus 100% movido a gás natural veicular rodando na linha Cabral/Portão. Foto: Divulgação Scania
A segurança é total em caso de acidentes ou explosão. Os cilindros e válvulas são certificados pelo Inmetro (em conformidade com a lei). São três válvulas (vazão, pressão e temperatura) que liberam o gás em caso de anomalia em um destes três quesitos. Os cilindros são extremamente robustos (o material é de ogivas de mísseis). Em caso de incêndio ou batida o gás é liberado para a atmosfera e se dissolve sem perigo de explosão ao contrário de um veículo similar abastecido a diesel que é mais perigoso, pois o líquido fica no chão ou pode se espalhar ao longo do implemento (caminhão) ou da carroceria (ônibus).
A discussão sobre os tipos mais acessíveis de combustíveis sustentáveis ainda está no início e diversas soluções têm sido apresentadas. Fato é que neste momento, testes que mostrem efetividade e certa economia são ideais para o 'Aqui e Agora' no país, pois se enquadram nos três pilares sustentáveis: econômico, social e ambiental.
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