Produção de caminhões avançou 5,3% em junho. Associação revê perspectivas e baixa de 9,4% para 4,1% a previsão ao crescimento da produção este ano.
Depois de um primeiro semestre que apresentou altos e baixos, chegando em Julho com uma queda de 5% na produção de veículos leves e pesados em relação ao mesmo período de 2021, a Anfavea refez suas projeções para o ano e apresentou seus dados em coletiva, nesta segunda (08).
A entidade, que representa as montadoras, se manteve mais otimista para o próximo semestre e revisou para baixo as previsões ao desempenho do setor no ano, após as vendas abaixo do esperado do primeiro trimestre e as persistentes dificuldades de abastecimento das linhas de montagem.
Na produção, a expectativa agora é de crescimento de 4,1%, com 2,34 milhões de veículos, entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, a serem montados no resultado final do ano. No início de 2022, a expectativa da Anfavea era terminar 2022 com crescimento de 9,4% sobre o total produzido em 2021.
Já a expectativa de crescimento das vendas de veículos no Brasil, que era de 8,5%, foi reduzida a apenas 1%. Se confirmado o prognóstico, o ano terminará com 2,14 milhões de veículos comercializados. A maior expectativa segue com os veículos pesados. Com o aquecimento de alguns setores da indústria, caminhões e ônibus tendem a mostrar crescimento.
E falando em pesados, os dados apresentados são bem positivos. O mês de junho foi de estabilidade, mantendo o número de 11 mil emplacamentos. Mas, os caminhões pesados continuam tendo uma grande relevância nesse volume, e representam cerca de 50% de toda a venda. Esse número pode variar um pouco, mas a categoria se mantém mais um semestre impulsionada pelo agronegócio, construção civil e mineração.
Antes da Anfavea, a Fenabrave, entidade que representa as concessionárias, já tinha apresentado previsões que apontavam para estagnação (crescimento zero) das vendas de veículos em 2022, atualizando o prognóstico inicial que era de crescimento de 4,6%.
Ao apresentar as projeções em coletiva à imprensa, Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, explicou o porquê da revisão de suas expectativas, relembrando que o mês de junho foi de estabilidade na produção, vendas e exportação de veículos no país. Isso porque o semestre foi marcado por instabilidade.
Na produção, Janeiro, Fevereiro e Março foi de alta constante, com que em abril e crescimento em Maio. O mesmo aconteceu com as vendas. Segundo a Anfavea, os meses de abril e maio mostraram crescimento, mas em junho se fixou. Os meses de feriado prolongado impactam diretamente na fabricação e vendas de caminhões. A Associação informou por exemplo que, no 1ª semestre houveram 20 paradas de fábrica, com média de produção de 20 dias por fábrica.
Marcio Lima disse que os novos números refletem o cenário de desarranjos na produção global, provocados pela guerra na Ucrânia e a crise logística decorrente dos “lockdowns” na China, além dos resultados fracos dos três primeiros meses do ano, que puxaram a média de vendas de veículos no País para baixo.
Também entram na conta as condições mais restritivas no acesso ao crédito, já que, além do aumento dos juros, os bancos estão exigindo maior parcela de entrada nos financiamentos.
Apesar dos números de vendas em 2022 mostrarem instabilidade, se comparados com o semestre de 2021, é possível notar um crescimento de 36% na venda de elétricos, ou seja, o primeiro semestre de 2022 já VENDEU 36% a mais do que em 2022. Outro ponto apontado pelo diretor é sobre as tecnologias de energias renováveis. A venda de leves e pesados a gás e gás renovável cresceu 86%.
Revisão da Anfavea segue mais otimista que prognóstico da Fenabrave, que projeta estabilidade no mercado
A expectativa daqui para frente, contudo, é de recuperação, disse o executivo, que conta com menos dificuldades de abastecimento no segundo semestre. Ele não descartou uma surpresa nos resultados, a depender do fluxo de fornecimento de peças, cujo maior gargalo está nas entregas de componentes eletrônicos, dada a escassez global de semicondutores.
“Como a crise é de busca por semicondutores, podemos ter notícia melhor e alívio de produção no próximo trimestre”, declarou Leite. “O segundo semestre vai ser bem melhor do que o segundo semestre do ano passado”, acrescentou.
Ele não descartou uma surpresa nos resultados, a depender do fluxo de fornecimento de peças, cujo maior gargalo está nas entregas de componentes eletrônicos, dada a escassez global de semicondutores. A direção da Anfavea informou que a indústria automotiva deixou de produzir 170 mil veículos desde o início do ano por falta de peças, principalmente componentes eletrônicos.
Ao longo do primeiro semestre, 20 fábricas pararam por, na média de cada uma, 18 dias. Neste momento, segundo Márcio de Lima Leite, cinco fábricas estão paradas por falta de peças: “Continuamos em cenário desafiador”, comentou Leite.
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