Parece estranho, e talvez você nunca tenha ouvido falar disso, mas, sim, é a mais pura verdade. Hoje, é até comum fazer alguns cursos para dirigir tipos específicos de caminhões, como aqueles que transportam carga perigosa ou os gigantões das minas, mas, para rodar no bom e velho pesado só é preciso mesmo a habilitação C ou E. Porém, ainda na chegada dos veículos aqui no país, quem quisesse dirigir teria que passar por um curso e garantir seu diploma de “chauffeur”.

Tudo começou por volta dos anos 1920, quando os primeiros veículos a vapor começaram a chegar ao Brasil. Com eles chegavam também as mudanças da sociedade, novas culturas e expressões. Originalmente, o chauffeur era o trabalhador responsável por operar as máquinas a vapor, atuando como uma espécie de maquinista, pois tratava especificamente das caldeiras (chauffage, em francês) das locomotivas antigas. 

Mas, com a chegada dos automóveis, o termo se estendeu e passou a ser usado para todos os motoristas. As primeiras leis de trânsito surgiram por volta de 1910. De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a primeira licença específica para dirigir foi emitida no país em 1904, para o dono de uma fábrica de chocolates. Com o crescimento da frota, aumentou também a obtenção de licença. Herdando o nome dos antigos maquinistas, os choferes passaram a representar os profissionais que trabalhavam conduzindo os veículos, até então, quase que totalmente comerciais.

Só por volta de 1930 que as primeiras licenças para dirigir passaram a ser obtidas para pessoas comuns, ainda sem o nome de CNH. E, para obtê-la, o candidato deveria passar por um teste e saber ler e escrever era uma obrigatoriedade para tirar essa licença. A princípio, ela não era nacional, então, ficava a cargo de cada prefeitura analisar os exames e conceder as licenças, que em alguns lugares chamavam de diplomas. Não havia um curso, como conhecemos hoje, mas apenas um teste de aptidão com o veículo.

Os choferes de caminhão, também conhecidos por nós como caminhoneiros, começaram a surgir por volta de 1920 e 1930, quando os pesados importados começaram a chegar. Em alguns estados, foram criadas Associações de Choferes, que treinavam futuros profissionais. Um exemplo é o diploma que Natanael da Silva Neto ganhou junto à carteira de habilitação. O documento mostra o nome do "Centro dos Chauffeurs de Bello Horizonte", emitido em 1946. Além do descritivo com as habilidades do condutor, também é possível notar a data da criação da instituição: 1922.

Atualmente, os choferes são considerados motoristas particulares, transportando os seus chefes ou clientes para todos os destinos que precisarem.

Mas por que “chofer de caminhão”?

Chofer é o mesmo que motorista e, desde que surgiu, tornou-se uma das profissões mais indispensáveis que existem. Eles são os responsáveis pelo transporte de bens valiosos para a economia do país, de 1920 até os dias atuais. Seja um profissional que tem a função de dirigir um veículo para uma empresa ou para si próprio, são os choferes dos caminhões que movimentam as rodovias do país.

E não à toa, os saudosos Tonico e Tinoco, tradicional dupla sertaneja, têm uma letra bastante conhecida que diz assim: “Um chofer de caminhão / É corajoso e é forte / Viaja por este mundo / No Brasil de sul ao norte”. O termo ainda foi usado por algum tempo, inclusive, com os caminhoneiros, os verdadeiros chofers das estradas.

A expressão ficou famosa também nos para-choques de caminhões Brasil afora, com a frase: “Sou chofer de caminhão e meu diploma é o amor pela profissão”. Mas, uma outra frase engraçada brinca com o fato de que ser caminhoneiro não precisa de diploma: “Sou chofer de caminhão. Meu diploma é a habilitação”, que faz bastante sentido hoje em dia, não é?

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Crédito da matéria Revista Caminhoneiro.

Pamela Emerich