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Infraestrutura é o que mais incomoda caminhoneiros no dia a dia das estradas

Infraestrutura é o que mais incomoda caminhoneiros no dia a dia das estradas

Falta de infraestrutura nas estradas é um dos problemas mais apontados pelos caminhoneiros brasileiros. A questão preocupa mais os profissionais, do que os altos custos do transporte ou a jornada excessiva de trabalho. Mas, também não é para menos. As estradas do país geram motivos de reclamação há muitos anos e não é só pelo asfalto ruim ou a falta de boas paradas, mas também pela falta de segurança, de tecnologia e de fiscalização.

Quem aponta esses dados é a CNT (Confederação Nacional de Transportes) na pesquisa sobre o perfil do caminhoneiro brasileiro, de 2019, realizada com caminhoneiros autônomos e empregados de frotas em todo território nacional e que traz informações sobre o perfil desse profissional no Brasil. A pesquisa aponta ainda que 65,1% dos caminhoneiros consideram a profissão muito perigosa/insegura. Cerca de 7% deles relataram que já tiveram o veículo roubado pelo menos uma vez nos últimos dois anos.

Mesmo com tantas dificuldades nas estradas, o transporte rodoviário de cargas (TRC) movimenta, aproximadamente, 60% dos bens, com custo estimado em 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Números impressionantes que não param por aí! No caso do Brasil, existem alguns desafios a serem enfrentados, já que apenas 0,8% do PIB é destinado a investimentos em infraestrutura de transporte. Em outros países, os investimentos giram entre 8 e 10%. 

Esses números mostram que mais da metade da receita líquida das empresas passa pelas rodovias. Na indústria alimentícia, por exemplo, a receita chega a 65,5%, enquanto na Agroindústria atinge 62%. São mais de 30 mil quilômetros utilizados para o escoamento da produção. Apesar disso, o sistema ainda é insuficiente para a logística e dimensão do território brasileiro.

Começando pelas rodovias, há um problema que é a alta dependência deste modal. O Brasil tem quase 1,720 milhão de quilômetros de rodovias, envolvendo as estradas federais, municipais e estaduais. Mas, isso não significa facilidade no deslocamento e acredite: menos de 14% delas são asfaltadas e somente 50% das rodovias federais estão em bom estado. A grande dependência do setor provoca um grande desgaste nas estradas e reduz a qualidade.

A infraestrutura das estradas envolve a má conservação da pista (buracos, falta de sinalização, má qualidade do asfalto, ou não há asfalto, pouca ou nenhuma iluminação), falta de pontos de apoio e paradas para os caminhoneiros (menos ainda quando é necessário tomar um banho ou pernoitar). É aí que entra outro ponto na falta de infraestrutura, porque muitas vezes é preciso dormir no caminhão, mas, quem se sente totalmente seguro para fazer isso? Assalto e roubo de cargas são frequentes em determinadas regiões.

Atualmente, quase 60% das estradas brasileiras apresentam problemas que resultam do excesso de peso de veículos, falhas na implementação de melhorias e má qualidade no asfalto. Dessa forma, o transporte de caminhões-cegonha e outros pesados apresentam um custo elevado e altas taxas de depreciação dos veículos de carga, além do aumento de tempo para as entregas devido às más condições das estradas.

Em 2018, 26 equipes de pesquisadores da CNT percorreram por 30 dias mais de 107 mil quilômetros em diversas estradas abrangendo toda a extensão da malha pavimentada federal e as principais rodovias estaduais pavimentadas, com o objetivo de avaliar as condições das rodovias do país. Além de identificar e publicar um ranking com as melhores e piores rodovias do Brasil, o órgão também realizou uma pesquisa que pode responder questões antigas.

Em 2019, a CNT realizou um estudo técnico aprofundado sobre a infraestrutura rodoviária brasileira. Um dos principais objetivos da pesquisa era entender o porquê, apesar da vida útil estimada do pavimento asfáltico utilizado no país ter previsão de utilidade de oito a 12 anos, na prática, os problemas estruturais (buracos, ondulações, fissuras e trincas) já começam a aparecer e, em alguns casos, em apenas sete meses após a conclusão da rodovia.

Exatamente por causa desses problemas, a pesquisa aponta o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas em 24,9% em média. Apenas o uso excedente de combustível devido à má condição do pavimento foi estimado em 775 milhões de litros de diesel ao ano. Isso acarreta para o transportador um prejuízo de quase R$ 2,34 bilhões.

As conclusões do estudo sobre a infraestrutura rodoviária são notórias e apontam problemas relacionados à utilização de metodologias ultrapassadas nos projetos de engenharia das estradas, deficiências técnicas de execução, falhas no gerenciamento das obras, falta de fiscalização de tráfego e de manutenção das rodovias.

Veja os principais problemas de infraestrutura enfrentados pelos caminhoneiros:

  • Roubos e furtos.
  • Má qualidade de pavimentação.
  • Erros de projeto ou na geometria que dificultam o tráfego do caminhão.
  • Falta de tecnologia e engenharia avançada.
  • Falta de locais de apoio e pontos de parada.
  • Falta de manutenção e gerenciamento de vias.
  • Fiscalização inadequada.
  • Iluminação precária ou ausente.

Não é preciso reforçar a importância que o setor de transportes de cargas tem para o Brasil, muito menos como a falta de infraestrutura prejudica não só o próprio caminhoneiro, como a economia ao todo, já que as más condições impactam diretamente na produtividade e nos lucros. Mas, existe em andamento um projeto de investimento para as estradas, o que pode resolver parte desse problema.



E você, estradeiro que roda esse Brasilzão véio de guerra, já deve ter se deparado com muitas estradas em péssimas condições, não é mesmo? Seja com sol ou chuva, a rodagem tem que continuar e vai com buraco, com pista apagada, do jeito que der. Mas a gente quer saber, qual você acha que é a melhor solução para os problemas de infraestrutura? Participe com a gente e não deixe de compartilhar com seus colegas!

Marina Pádua

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