Entre tantas tecnologias que estão sendo desenvolvidas pelas montadoras, para apresentar pesados cada vez mais eficientes, modernos, potentes, robustos e resistentes, estão também a utilização de combustível alternativo, como forma de reduzir a emissão de poluentes, sem perder eficiência e produtividade. Há anos, o diesel é utilizado como o principal tipo de combustível dos gigantes e os caminhões, claro, passaram a ser desenvolvidos baseados nesse tipo de combustível. Mas, diversos fatores estão sendo colocados à prova com a utilização de outros tipos de combustível.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Física (IF) da USP em 2019, calculou que veículos movidos a diesel, como caminhões e ônibus, são responsáveis por cerca da metade da concentração de compostos tóxicos na atmosfera, tais como benzeno, tolueno e material particulado. É um valor muito alto, segundo os pesquisadores, levando em consideração que ônibus e caminhões representam somente 5% de toda frota veicular. A região metropolitana de São Paulo, por exemplo, tem mais de 8 milhões de veículos e estima-se que 3,5 milhões são compostos por pesados.
O trabalho, realizado em condições reais, utilizou a medida da quantidade de etanol na atmosfera para diferenciar as emissões geradas por veículos leves (carros e motos), das produzidas por veículos pesados (caminhões e ônibus). O desenvolvimento de novas formas de geração de energia é um dos desafios do segmento, especialmente, quando se fala da sustentabilidade e proteção do meio ambiente. Outro fator é o preço: o diesel teve alta de 25,26% nos últimos três anos.
Scania movido a gás.
Nesse cenário, os combustíveis alternativos surgem como uma solução importante e que, aos poucos, está transformando vários mercados, não somente em relação à baixa emissão de poluentes, mas também, pensando na economia que eles podem trazer, comparado ao custo atual. Com tanta novidade envolvendo novos usos e novas funcionalidades de veículos, as tentativas de reduzir o uso de combustíveis nocivos ao meio ambiente estão nos planos de todas as montadoras presentes no Brasil, que desenvolvem caminhões mais ecológicos, sustentáveis e que não dependem de combustíveis fósseis (e poluentes) para funcionar.
Esses novos caminhões são movidos a combustíveis alternativos, que vão desde fontes renováveis (como etanol e o biocombustível, por exemplo), até sistemas de propulsão alternativos (como carros elétricos ou híbridos, por exemplo). Esta é, inclusive, uma preocupação mundial e vem fazendo com que alguns países firmem acordos com as montadoras na tentativa de incentivar a fabricação de automóveis mais sustentáveis.
São chamados de combustíveis alternativos todos aqueles que podem ser utilizados como variação dos combustíveis comuns, como o diesel. Portanto, são soluções não convencionais que podem ser escolhidas. Esses biocombustíveis reduzem significativamente a emissão de poluentes. Por exemplo: o etanol polui menos que a gasolina e o gás natural veicular menos que a gasolina e diesel. Um dos pontos principais é a redução de poluentes e somado a isso eles oferecem a economia operacional e a possibilidade de ampliar o acesso a outros combustíveis. A escolha de um caminhão que usa combustíveis alternativos traz mais opções para o motorista, que não precisa mais depender apenas do gás e do combustível oriundos do petróleo.
A Scania é um exemplo de montadora que está inovando com formas alternativas de combustível. A montadora aposta na força dos motores a gás e na redução de emissões que a tecnologia proporciona a caminhões e ônibus e os motores, que atualmente são importados da Suécia, podem começar a ser nacionalizados em 2022. Já foram vendidos mais de 500 caminhões movidos a gás natural ou biometano e, esse ano, a empresa anunciou a primeira venda de caminhões movidos a GNL (gás natural liquefeito) do Brasil.
Além das diversas opções de substâncias e materiais que são considerados “alternativos”, um exemplo é o uso de caminhões elétricos. Essa forma de energia alternativa substitui o uso de gasolina em veículos e está crescendo no mercado mundial. Em 2020, houve um aumento de 66,5% nas vendas de modelos eletrificados no Brasil em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e diversas empresas já utilizam caminhões elétricos para operações urbanas, como a Ambev, com o VW e-Delivery ou o Mercado Livre e DHL utilizam unidades do Kangoo Z.E., que não é comercializado para pessoas físicas no Brasil.
Iveco Daily Elétrico, movido por meio de energia limpa e renovável, desenvolvido em parceria entre a Iveco e a Itaipu Binacional.
Quando falamos exclusivamente de combustíveis alternativos, existem hoje muitas soluções disponíveis: gás natural, bioetanol e biodiesel, por exemplo. Veja abaixo os principais tipos e suas características:
Biodiesel ou óleo vegetal hidrogenado — HVO
O biodiesel é produzido a partir de compostos orgânicos que vem da gordura vegetal ou de gordura animal. Suas principais características são o fato de ser um combustível com baixo índice de poluição e que, em comparação ao diesel, tem uma redução de emissão de CO2 no percentual de 66% e 90%. Em inglês, ele é conhecido como Hydrotreated Vegetable Oil, ou pela sigla HVO. Apesar da extração ser semelhante a do Diesel, o processo químico usa hidrogênio no HVO enquanto o processo químico do diesel usa o metano para realização da catalização.
Bioetanol
É feito a partir da cana de açúcar e já disponível em muitos postos de combustíveis brasileiros. Alguns estudos são feitos em busca de outros produtos que podem ser utilizados na produção do bioetanol. Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará estuda a possibilidade de uso do caju como meio de produção de bioetanol.
Hidrogênio
Também é um combustível alternativo considerado como opção interessante para meios de transporte a longa distância. Ele apresenta características que auxiliam na descarbonização, podendo ser armazenado, transportado e utilizado para produção de energia elétrica. Não é por acaso que montadoras de veículos espalhadas por diferentes países já estão estudando a possibilidade de desenvolvimento de veículos movidos a hidrogênio.
Biometano
É possível extrair o biometano a partir do biogás, que, por sua vez, tem origem no processo de decomposição dos resíduos sólidos urbanos, ou seja, o esgoto doméstico e lixo orgânico. O gás passa por uma etapa de purificação na qual são removidos os resíduos que afetam a combustão e depois ele é transformado em combustível alternativo. Em termos de proteção ambiental, o biometano é um combustível alternativo com baixo custo de produção e que reduz em 90% a emissão de CO2 no meio ambiente.
Gás Natural — GNV
O GNV é provavelmente um dos combustíveis alternativos mais conhecidos dos brasileiros. Além de ser uma alternativa mais vantajosa economicamente, ele ainda aumenta a vida útil do motor e é considerado um dos biocombustíveis mais limpos. Diferentes tipos de veículos podem utilizar o combustível a gás, entretanto, antes de fazer qualquer alteração é fundamental que o proprietário busque uma empresa autorizada, a fim de verificar se o veículo está apto para uma adaptação quanto ao uso do combustível.
Alguns caminhões já saem de fábrica adaptados para rodar com combustíveis alternativos. No mercado, atualmente, é possível encontrar caminhões que rodam com gás natural, biometano, etanol, biodiesel e HVO. Além dessas, as soluções elétricas existentes, e os diversos estudos para desenvolvimento de novos modelos, tornam a questão dos combustíveis alternativos ainda mais importante e frequente no setor.
E você, já dirigiu algum veículo que não seja movido a combustíveis tradicionais? O que achou do rendimento do caminhão? Você acredita que essas soluções vão entrar de vez no mercado? Não deixe de participar com a gente e compartilhe com seus amigos!
Pamela Emerich
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