O que seria de todos nós, amantes dos pesados, se não fossem as estradas e rodovias, não é? Além de serem uma das principais formas de transporte no país, as rodovias carregam também muita história e traços fortes das origens das cidades e Estados que margeiam.
Uma das principais, a SP-348, mais conhecida como Rodovia dos Bandeirantes, está perto de completar 45 anos em plena forma, com um corpinho de 20. Além de ter uma das melhores infraestruturas, no que diz respeito a pistas e apoio aos motoristas, ainda oferece acessos a outras rodovias igualmente importantes para o fluxo de caminhões.
A construção da Rodovia dos Bandeirantes foi motivada, principalmente, pelo crescimento econômico e populacional do interior do estado a partir da década de 1960. Na época, foram realizados diversos estudos que apontavam que a principal rodovia, até então a Anhanguera, chegaria ao limite de sua capacidade máxima de tráfego até o final da década de 1970 e, por isso, uma rodovia paralela com capacidade muito maior precisaria ser construída com certa urgência para aliviar o tráfego e evitar problemas com peso e resistência de asfalto e pontes.
Foi realizada a construção da então Via Norte, a partir de um projeto moderno (sendo uma das primeiras rodovias do país com três faixas em cada sentido; atualmente são cinco de São Paulo até Jundiaí). A rodovia liga o município de São Paulo à Cordeirópolis.
Construída em pouco mais de um ano, exatos 26 meses, iniciou oficialmente sua construção em 11 de agosto de 1976 e foi inaugurada em 28 de outubro de 1978 pelo DERSA (Desenvolvimento Rodoviário). Antes do dia da inauguração, porém, teve seu nome alterado e passou a ser denominada Rodovia dos Bandeirantes, a partir da publicação do Decreto Lei nº 11.555, de 12 de maio de 1978, do Governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins.
Há quase 45 anos, cerca de cinco mil pessoas participaram da cerimônia de inauguração realizada em Jundiaí, na altura do km 49, no entroncamento com a Via Anhanguera (SP-348), até então, única ligação duplicada entre São Paulo e Campinas. No local, um monumento marca até hoje o evento, que contou com a participação de autoridades da época, como o presidente Ernesto Geisel, o governador paulista e diversos prefeitos.
O nome da rodovia é uma homenagem aos bandeirantes, tropeiros e desbravadores paulistas que durante o período colonial, e um período depois, percorreram o interior do país, a partir do litoral do Estado de São Paulo, justamente na mesma rota em que hoje se encontra a via.
Os bandeirantes ficaram muito conhecidos em todo o país, pois ajudaram, de certa forma, a povoar o Brasil, ampliar seus limites territoriais ao fundar vilas e abrir caminhos para o desenvolvimento dos interiores. Não à toa, muitos bandeirantes conhecidos tiveram seus nomes colocados em rodovias, como Fernão Dias, Raposo Tavares e o próprio Anhanguera.
A Rodovia foi concebida a partir do conceito de autoestrada, com geometria, ângulo de curvas e traçado, que favorecem o tráfego de longa distância com conforto, fluidez e segurança. Na época, o que se dizia era que a rodovia era pensada para os caminhoneiros, que não precisariam se preocupar com o excesso de tráfego, já que ela era mais ampla que as demais, e nem com a infraestrutura, que era a melhor até então.
Foi construída com canteiro central largo, que mais tarde permitiu a ampliação da rodovia no trecho entre São Paulo e Jundiaí, e planejada e desenvolvida com o objetivo de ligar São Paulo à Campinas, e o Aeroporto de Viracopos, em até uma hora, permitindo acessos apenas a rodovias, favorecendo o tráfego de longa distância de carros, ônibus e caminhões, aumentando o conforto de todos os usuários, sejam os que rodam a trabalho ou a passeio.
Os números da rodovia são surpreendentes desde o início. Durante a construção, aproximadamente 12 mil pessoas, entre engenheiros e operários, se envolveram com a obra e foram movimentados 1,1 milhão de metros cúbicos de solo brejoso e de 47,2 milhões de metros de terraplenagem. Nasceu com cerca de 90 quilômetros de extensão, ligando São Paulo à Campinas. Tinha, na época, quatro postos de serviço, duas bases da Polícia Militar Rodoviária, 34 placas de sinalização aérea, 679 placas de sinalização vertical, 40 pórticos e semipórticos e seis call boxes, até então novidade, e nenhuma câmera de monitoramento de tráfego.
Até hoje, a rodovia é considerada uma das mais bem conservadas do país. Seus 159,7 quilômetros de extensão já foram classificados várias vezes na primeira posição do ranking elaborado através de pesquisa rodoviária, realizada pela Confederação Nacional do Transporte. Desde que a pesquisa foi criada, a Bandeirantes está na lista das melhores do país.
Além de sua importância histórica, possui também grande importância comercial. Em conjunto com o Rodoanel Mário Covas e a Rodovia Anchieta, é um elo entre dois dos maiores polos de importação e exportação do país: o Aeroporto Internacional de Viracopos e o Porto de Santos. Recebe, em média, 500.000 viagens por dia, sendo 81% do tráfego de veículos de passeio e 19% de veículos comerciais.
É também, junto com a Rodovia Anhanguera, o maior corredor financeiro do país, pois ficam conectas as duas regiões metropolitanas mais ricas do Estado e do Brasil. Além disso, sua importância turística ganhou força por volta de 2000, pois foram construídas às suas margens, dois dos maiores parques temáticos do Brasil: Hopi-Hari e Wet'n Wild.
A Rodovia dos Bandeirantes faz a ligação entre importantes municípios paulistas, como São Paulo, Caieiras, Cajamar, Franco da Rocha, Jundiaí, Itupeva, Valinhos, Campinas, Hortolândia, Sumaré, Santa Bárbara d'Oeste, Limeira e Cordeirópolis. Apresenta, ainda, vários postos de serviços onde é possível se alimentar, usar banheiros e até tomar banho.
Em maio de 1998, o então governador do estado de São Paulo, Mário Covas, em uma série de privatizações, transferiu a administração da Rodovia para a empresa AutoBAn, da CCR. Na administração dessa empresa, a rodovia foi modernizada e estendida até o município de Cordeirópolis, num trecho adicional de 78 km, com acesso no km 168 à Rodovia Washington Luís para São Carlos e São José do Rio Preto e com acesso no km 173 à Via Anhanguera para Araras e Ribeirão Preto. Nestes 24 anos, já foram investidos cerca de R$ 3 bilhões em obras e melhorias.
Hoje, a Rodovia dos Bandeirantes conta com cerca de 2800 placas de sinalização vertical, 302 placas de sinalização aérea, entre outras estruturas, por exemplo, além de 190 mil metros quadrados de sinalização horizontal e quase 113 mil tachas refletivas (olho de gato). A Rodovia já nasceu moderna e os investimentos que recebeu ao longo dos anos a credencia, sem dúvida, a estar entre as melhores do país por padrões tecnológicos e de engenharia.
Para garantir conforto aos usuários, cerca de 500 pessoas trabalham, diariamente, na Rodovia, que mantém uma estrutura completa com guinchos leves e pesados, serviço de atendimento pré-hospitalar popularmente conhecido como resgate, serviço de atendimento telefônico, monitoramento 24 horas, entre outros.
De acordo com dados da CCR Autoban, com os investimentos em infraestrutura, equipamentos, tecnologia de atendimento e campanhas de segurança, educativas e de saúde, foi possível reduzir, desde o início da concessão, em 21% o índice de acidentes (em relação a 1999) e 55% o índice de mortes (em relação a 1999) na Rodovia dos Bandeirantes.
Não há dúvida de que as nossas estradas ligam, além de tudo, histórias. Já vimos aqui no Planeta Caminhão a história da Rodovia Anhanguera, que está ligada com a da Rodovia dos Bandeirantes e que elas até se ligam fisicamente. Essas duas se conectam com outras rodovias que também estão cheias de histórias e assim vamos conhecendo mais como a história do país foi construída. Gostou de conhecer essa história? Sobre qual rodovia você gostaria de saber mais? Participe com a gente e não deixe de compartilhar com seus amigos do trecho.
Pamela Emerich
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