Os implementos rodoviários surgiram praticamente junto com o caminhão e, assim como os pesados, foram evoluindo com o passar do tempo. Como já vimos aqui no Planeta, utilizar carretas logo se tornou uma prática comum e diversas soluções foram sendo criadas para transporte de diferentes tipos de produtos. Primeiro foram madeiras, depois materiais da construção civil, até que um modelo muito específico de implemento surgiu: o tanque.
Chamado de caminhão-tanque, carro-tanque, caminhão-pipa, autotanque ou caminhão-cisterna é um tipo de caminhão equipado com um reservatório para transporte de líquidos, derivados de petróleo e líquidos similares a granel ou materiais pulverulentos (em pó: argila, finos de britagem, areia, produtos solúveis). Geralmente, são do tipo truck (pesado) ou carretas extrapesadas.
A movimentação e o transporte de carga líquida é um segmento em ascensão no país. Seu crescimento é motivado por diversos fatores, por exemplo, a força do agronegócio. Todos os dias, milhares de litros de produtos são transportados por caminhões pelas estradas do Brasil. Mas você sabe como esse tipo de transporte acontecia anteriormente e quais as necessidades atuais para a execução desse serviço?
Assim como outros tantos produtos, os líquidos (no começo com vinho, depois com outros tipos de bebidas) eram transportados em barris ou galões através de tração animal. Os romanos, por exemplo, já usavam grandes barris para mover líquidos como o vinho. Aqui no Brasil, os escravos também faziam o transporte de líquidos (em menor quantidade, mas carregando cabaças, vasos ou puxando alguma carroça com barris.
Com a substituição da carroça puxada por animais para a carreta do caminhão, o líquido passou a ser transportado pelos pesados, mais ainda dentro de grandes barris. Com a popularidade e evolução dos semirreboques nos Estados Unidos, no final dos anos 1930, a Fruehauf Trailer Company, maior empresa do segmento até então, passou a desenvolver soluções que atendessem às necessidades do mercado da época e os semirreboques passaram a sofrer alterações. Com a ideia de facilitar o transporte de combustíveis foi desenvolvido o tanque.
A princípio, a empresa tentou reproduzir a ideia dos barris utilizados no transporte de bebidas e desenvolveu um projeto com um grande barril acoplado ao caminhão. Mas logo notou-se que a madeira não conseguiria suportar os impactos do produto. Então, eles precisaram ir além. Com a chegada da guerra, precisaram desenvolver uma forma de levar mais que somente combustível aos locais das tropas e passaram a utilizar aço inox na construção dos barris acoplados. No pós-guerra, em torno de 1950, a empresa já exportava semirreboques frigoríficos, de alumínio, aço inox e tanques para líquidos e gás.
O modelo de caminhão se espalhou pelo mundo e passou a ser usado para diversas funções, não somente transporte. A partir de 1955, a silhueta do caminhão-tanque tornou-se bastante conhecida nas estradas rurais, principalmente Europeias. Esses caminhões passaram a ser utilizados para entrega de combustível: era necessário entregar com mais regularidade para fazendas equipadas com tanques de combustível (a agricultura foi mecanizada em alta velocidade), casas individuais cada vez mais aquecidas (aumento do nível de conforto, temperatura e aquecimento de mais de um ou dois quartos) e foram equipados com queimadores por conta da perda de caldeiras de carvão, lenha etc.
Eram utilizados também para a recolha diária do leite nas primeiras horas da manhã (inicialmente porque a recolha se tornou mais espaçada devido à instalação de cisterna de leite em cada produtor), tendo o caminhão-cisterna substituído o tradicional caminhão (pelas suas laterais metálicas encerrando os jarros de alumínio ou aço inoxidável com capacidade para 20 ou 30 litros, que os solavancos da estrada sacudiam freneticamente e ruidosamente).
No Brasil, além do transporte de combustíveis, o caminhão-tanque ficou bastante conhecido na forma de caminhão-pipa. Nos anos 1980, quando o sertão do Brasil já havia sido bastante explorado e foi identificada a existência de grandes secas, foram construídas cisternas em alguns povoados e os caminhões-pipas iam até os locais abastecer com água para que a população da região pudesse usar para suas necessidades.
Antigamente, a água era transportada em tonéis de madeira, que eram chamados de "tonéis-pipas". Por volta de 1560, na região de Açores, em Portugal, eram transportados água e mantimentos no Porto de Pipas, que deu nome aos tonéis que saiam de lá. Aqui no Brasil, por ser uma colônia de Portugal, a moda dos tonéis foi muito usada, mas a princípio, como já dissemos, carregados por animais.
Quando alguns caminhões passaram a ser direcionados exclusivamente para essa finalidade, já que com o passar do tempo se descobriu que tipos diferentes de líquidos dependiam de tipos diferentes de armazenamento, os pesados pelo transporte de água ganharam o nome de seus precursores. Nos anos 1980 e 1990, eram muito associados ao nordeste do Brasil e mesmo com mais tecnologias locais para entregar água na região, ainda são bastante utilizados.
O caminhão-pipa ou caminhão-cisterna é utilizado exclusivamente para transporte de água, potável ou não. Ele também pode ser utilizado para controle de emissão de poeira, umectação de vias e pátios, terraplenagem, irrigação, paisagismo, lavagem de ruas e praças, abastecimento de água potável em residências, piscinas, condomínios, indústrias, navios e produção de filmagens com chuva artificial.
Existem vários tipos de caminhões-tanque, dependendo do material que precisa ser transportado. Os pesados podem ser grandes ou pequenos, pressurizados ou não pressurizados, isolados ou não isolados e assim por diante. No entanto, os caminhões-tanque são geralmente descritos por seu tamanho ou capacidade de volume e podem variar de 3 mil a 50 mil litros. Eles são construídos a partir de vários materiais, dependendo de quais produtos podem transportar. Esses materiais incluem alumínio, aço carbono, aço inoxidável, entre outros.
Os pesados mais utilizados atualmente são os com capacidade entre 15 e 35 m³ por tanque, mas existem, por exemplo, pequenos caminhões de 10 m³ ou menos, usados para o esvaziamento de fossas sépticas, e outros materiais menos pesados. Há também os caminhões de 4 m³ para o transporte de GLP sob pressão. O número de eixos é obviamente uma função do peso total no solo, ou seja, o peso do veículo mais a carga varia de um país para outro.
Além de todas essas funcionalidades, esse tipo de caminhão é muito importante para materiais inflamáveis ou perigosos. Tanto que para levar combustíveis ácidos e outros produtos químicos, existe uma legislação específica para eles. Hoje em dia, esses pesados exigem reforços extras, como tecnologia para impedir o vazamento e o transporte da carga em total segurança para o motorista. Esse caminhão também pode ser utilizado para produtos em estado de pó.
Na grande maioria das vezes, o que diferencia um tipo de caminhão-tanque para outro, além da capacidade, é a sua finalidade. Mesmo que quase todos que transportem líquidos, seja água ou combustíveis, possuam as mesmas especificações, os tanques para outros tipos de materiais são um pouco mais diferenciados. A forma dos tanques que transportam o pó, por exemplo, é influenciada pelas restrições associadas ao esvaziamento. Existem dois conceitos principais:
- a cisterna “plana” ou de úbere, quando o esvaziamento é feito por baixo, através de orifícios cônicos;
- o tanque “basculante”, quando todo o tanque é levantado para trás, da mesma forma que fazem os caminhões basculantes
- O tanque "padrão",
A inclinação geralmente tem um volume muito maior do que o plano. Os tanques para os pós são geralmente feitos de alumínio para reduzir o peso total, permitindo mais carregamento. O veículo é equipado com um grande reservatório, que pode ser dividido em até três compartimentos para impedir que o movimento da carga desestabilize o veículo.
Por oferecer mais riscos ao condutor e ao transporte como um todo, é sempre bom saber quais substâncias perigosas são aquelas que apresentam riscos à saúde humana, à segurança pública e ao meio ambiente. Nesses casos, o caminhão precisa ter o compartimento feito em aço-carbono, revestido com fibra de vidro. Dessa maneira, consegue suportar o transporte de ácidos e produtos com alto índice de pH.
Em geral, para oferecer mais segurança, o tanque de transporte desses materiais também possui isolamento térmico, com a plataforma completa e a calotas em fibra. Outros tanques também precisam de atenção especial. Existem cuidados específicos com os veículos que transportam líquidos perecíveis, como leite. Afinal, esses precisam ser de aço, além de devidamente refrigerados e higienizados.
Na prática, os caminhões-tanque dão preferência a contêineres cilíndricos, porque estes não possuem “pontos fracos” que poderiam exigir algum tipo de reforço extra, o que traria a necessidade de usar mais materiais para construir o tanque. Como um retângulo ou um quadrado possui cantos e lados planos, isso acaba criando pontos fracos de pressão.
Em outras palavras, um contêiner em forma de retângulo poderia apresentar muito mais falhas do que um cilíndrico ao sofrer muita pressão. Essa é a mesma razão pela qual as janelas dos aviões têm cantos arredondados, em vez de serem perfeitamente retangulares ou quadrados, por exemplo. Quantas coisas a se pensar, não é?
Vale destacar que alguns caminhões-tanque são capazes de transportar vários produtos de uma só vez devido à compartimentação do tanque em dois, três, quatro ou mais compartimentos do tanque. Na prática, isso permite um número maior de opções de entrega. Por exemplo, no caso do transporte de combustíveis, um tanque pode ser destinado para transportar gasolina, outro para diesel e o terceiro para etanol ao mesmo tempo. Além disso, geralmente, a descarga no posto de combustível dura em média 15 minutos.
Principalmente, em casos de transporte de combustíveis e gases, a carga e a descarga dos materiais são procedimentos que oferecem riscos. Por isso, deve-se seguir uma legislação específica, cujo objetivo é garantir a segurança, não só do motorista do caminhão, mas também de outros motoristas e veículos na estrada, dos locais de carga e descarga e de todas as pessoas que, de alguma forma, participam dos processos.
Muitas vezes, nem pensamos que coisas tão cotidianas do nosso dia a dia possuem uma história e uma participação no momento em que vivemos agora. O caminhão-tanque, por exemplo, é extremamente importantes para o setor do transporte de cargas, tem imensa participação na industrialização e expansão do país, além de fazer parte do dia a dia de centenas de pessoas, mas é difícil encontrar imagens e registros dos primeiros modelos em madeira e dos primeiros cilíndricos que chegaram ao Brasil.
Sem os implementos rodoviários, o setor de transporte de cargas não teria a força que possui hoje. Por isso, é sempre bom saber a origem desses equipamentos e como foram as suas evoluções até aqui. Você conhecia a história do caminhão-tanque? É o tipo de implemento que você utiliza? Participe com a gente e não deixe de compartilhar com seus amigos do trecho.
Pamela Emerich
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