Em 2018, o Brasil sofreu fortemente com a greve geral dos caminhoneiros. À época, a categoria se manifestava contra a alta dos preços dos combustíveis e, ao pararem de circular por todos os estados dos país, acarretou no desabastecimento geral dos comércios, paralisação de transportes públicos por falta de gasolina e várias outras consequências. E, parece que vamos viver essa fase novamente, agora em 2022.
A partir dessa sexta-feira (11), a categoria anunciou uma nova paralisação novamente em decorrência aos altos preços do diesel. A decisão ocorre depois da Petrobras anunciar, na última quinta-feira (10), um reajuste de 25% no valor do diesel e 19% no valor da gasolina que é vendida às distribuidoras. A empresa vinha tentando segurar a alta desses preços, mas com a guerra entre Ucrânia e Rússia, essa última uma das maiores produtoras de petróleo do mundo, a estatal optou por repassar o aumento.
Lideranças da categoria se pronunciam
Com esse reajuste, o preço médio do litro de combustível deve bater os R$ 7,00 e o assessor da presidência da Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (CNTA) afirmou que “o aumento fez com que o sistema entrasse em colapso”, necessitando assim de uma “greve técnica”, ou seja, sem bloqueios nas estradas. Já o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, também conhecido como Chorão, que foi uma das lideranças da greve de caminhoneiros de 2018, afirma que esse aumento no repasse do frete aos caminhoneiros vai atingir toda a sociedade, elevando os preços de todos os produtos utilizados no dia a dia pela população. Ela afirma que a greve é para que “ninguém trabalhe no prejuízo” e que esse momento deveria ser uma luta de todos, não apenas da classe dos caminhoneiros.
Outra personalidade da categoria, o Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, diz que se isso não for resolvido, muitas empresas vão quebrar e caminhoneiros ficarão sem trabalho. "Os caminhoneiros autônomos e os empresários de transporte precisam se unir e parar o país. Ninguém vai aguentar. As transportadoras que têm 500, mil caminhões, com milhares de funcionários para pagar, vão quebrar", afirma Dedeco.
A última vez que a categoria tentou fazer uma greve foi em novembro de 2021. Na ocasião, o movimento não teve a adesão que era esperada e a greve acabou não acontecendo.
O que diz a Petrobras?
A Petrobras emitiu uma nota na última quinta-feira (10) falando sobre os reajustes, que evitou repassar esses valores às distribuidoras por mais de 57 dias. Segundo a empresa, esse movimento "vai no sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda" e complementou ainda dizendo: "apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo".
Marina Pádua
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