Nada como a alegria e a gratidão de realizar um sonho. Seja um sonho de infância ou já depois de adulto, o prazer de uma conquista é uma das coisas que mais enchem o coração, seja homem ou mulher. O sonho de ser caminhoneiro é antigo e ainda segue forte entre a rapaziada. Quantos caminhoneiros ouvimos dizer que sua paixão foi herdada do avô ou do pai, e que passou para seu filho e neto? Mas quando isso acontece com uma mulher, muitos ainda podem achar estranho. Só que isso tem mudado.
Quando João Moita, nomeado pela Mercedes-Benz como o Embaixador da Voz da Estradas, partiu em viagem para conferir de perto o cotidiano, os desafios, as necessidades e os desejos da mulher caminhoneira e das esposas companheiras de boleia, ele ouviu muitas histórias sobre a profissão, sobre a paixão pelo caminhão, as dificuldades, a saudade de casa e da família. Impactado por tudo o que viu e ouviu e querendo escutar de verdade o que diziam aquelas vozes, nasceu o movimento A Voz Delas.
O Movimento criou um portal: www.avozdelas.com.br, que leva informações relacionadas à saúde, bem estar, leis e assuntos gerais do transporte, mantendo as mulheres sempre bem informadas, além de ser um espaço para ouvi-las e para apresentar a empresas que queiram se tornar Parceiras do Movimento. Outra ação muito importante do movimento foi a criação do programa “Na direção de seus sonhos”, que ajudou mulheres de todo o Brasil na conquista da habilitação categoria “C”.
Para participar, as mulheres precisavam contar sua história e porque queriam dirigir um caminhão. E histórias incríveis e apaixonantes, de mulheres que contavam o sonho de se tornar caminhoneira e a paixão pelo caminhão foram sendo selecionadas, até que as 30 melhores fossem escolhidas. Essas mulheres tiveram a oportunidade de obter gratuitamente - mas com muito esforço - a carteira de habilitação que sonhavam.
Andriara Marret, de 24 anos, contou que seu contato com caminhões começou com o amor que o pai sempre teve pelos gigantes. Quando era pequena, seu pai, que era caminhoneiro, dizia que ia trabalhar,mas que fazia com muito amor. Quando estavam juntos, ele ficava falando para ela as marcas dos caminhões que passavam. Ela foi crescendo e passou a perguntar não só marca, mas também diferenças entre outros.
Isso despertou nela a sonho de ser caminhoneira, que sempre foi incentivado pelo pai. Já grande, até criou um grupo nas redes sociais com mulheres que também amavam as naves. Mesmo sendo jovem, muitas pessoas não entendiam esse sonho. Mas quando teve a oportunidade, não desperdiçou: “Sempre me diziam que mulher não pode dirigir caminhão. Mas eu pergunto? Porque não pode? Mulher pode fazer o que quiser! Contei a minha história e a Mercedes me deu a chance de realizar um sonho tão importante", contou.
Essa história mostra que o amor por caminhões não tem gênero e que para termos cada vez mais mulheres nas boleias, é preciso acima de tudo de incentivo e oportunidades. O movimento tem buscado alcançar o objetivo de dar atenção às necessidades das caminhoneiras e esposas de caminhoneiros (cristais), além de conscientizar a sociedade da importância destas mulheres no transporte e buscar parceiros para juntos, tornar este movimento ainda maior, facilitando o dia a dia destas guerreiras do transporte.
O movimento, porém, vai além dos depoimentos que apenas recortam a realidade. O principal objetivo do Movimento A Voz Delas é engajar pessoas, empresas e entidades de classe para que ideias, sugestões e reivindicações das mulheres que vivem do caminhão, sejam colocadas em prática. Algumas ações como melhorias em banheiros de postos de abastecimento e salas de espera em transportadoras ou centrais de distribuição já foram realizadas e mostram que pequenas mudanças podem fazer toda a diferença.
As dificuldades são inúmeras como preconceito, assédio, falta de infraestrutura, mas sabemos que a paixão também é enorme. Afinal, são mulheres que amam o que fazem e que encontram nos desafios diários a força para vencer. Gostou de conhecer essa história? Fique ligado que vamos contar mais histórias de mulheres realizando seus sonhos na boleia. Até a próxima.
Pamela Emerich
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