Mesmo sendo um número pequeno entre os trabalhadores da categoria, mulheres trabalham por grandes mudanças.
Há bastante tempo as mulheres ocupam espaço em quase todos os campos de trabalho, inclusive, naqueles que antes eram considerados exclusivamente masculinos e não seria diferente nas estradas: cada vez mais caminhoneiras estão surgindo e os impactos no setor já podem ser vistos. Porém, dirigir um veículo pesado Brasil afora tem sido o menor desafio que elas encontram na profissão.
Infelizmente a nossa sociedade se acostumou a associar a profissão de caminhoneiro aos homens. Isso vem desde quando os caminhões começaram a se popularizar, já que na época pouquíssimas mulheres tinham habilitação. Somente em 1932 as primeiras mulheres conseguiram habilitação e apenas em 1950 elas eram de fato vistas dirigindo veículos. E com os caminhões não foi diferente. A primeira mulher que se tem notícia de dirigir um caminhão foi Neiva Chaves Zelaya, que em 1957 começou uma empreitada solitária pelas estradas e em 1961 chegou a ser a única mulher a trabalhar no canteiro de obras na construção de Brasília: ela dirigia caminhões de concreto.
É verdade que eles são maioria absoluta ainda nessa carreira, mas aos poucos as mulheres começam a ganhar o seu espaço. Afinal, para se sentar ao volante e dirigir muito bem pelas estradas do Brasil, não é o fato de ser homem ou mulher que vai fazer a diferença, não é mesmo? Além do mais, assim como os homens têm características específicas que os ajudam no dia a dia da profissão, as mulheres também têm suas características e isso fica cada vez mais evidente, inclusive para grandes empresas que se dedicam a estimular as mulheres a se multiplicarem pelas boleias país afora.
Porém, muitas pessoas ainda encaram de forma curiosa, e até mesmo preconceituosa, a ideia de um número cada vez maior de mulheres assumindo os caminhões. As características da profissão sempre fizeram dela uma espécie de “Clube do Bolinha”: viagens longas e cansativas, veículos pesados e necessidade de descarregar itens pesados em muitas localidades. Elas dão conta sim, viu? E mais: na profissão não tem só cargas extremamente pesadas, não é?
Engana-se também quem imagina que as mulheres que decidem pegar a estrada são sempre solteiras. Assim como no caso dos homens, há muitas mulheres casadas e com filhos que fazem da vida na estrada a sua profissão. Inclusive, os filhos apoiam e adoram andar nas máquinas que as mães pilotam. A verdade é que há mais curiosidade do que necessariamente preconceito com relação ao fato delas assumirem a profissão. Mas, infelizmente, algumas vezes ainda se escuta uma ou outra expressão machista e preconceituosa sobre a capacidade e a força para ser caminhoneira. Mas, estamos vendo que isso não abala as mulheres e, sim, as motiva a ir cada vez mais longe.
Porcentagem de mulheres ainda é pequena
Se há algumas décadas ver mulheres dirigindo caminhões era algo impensado, hoje esse número não para de crescer, apesar de ainda ser tímido. Estima-se que menos de 10% dos profissionais que trabalham na estrada com caminhão atualmente sejam mulheres. Em algumas empresas, onde há programas de incentivo às mulheres nessa profissão, o número de motoristas do sexo feminino pode chegar a 20%, mas ainda há muito espaço a ser conquistado. Atualmente, as mulheres representam 17% dos trabalhadores no transporte, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que contabilizou quase 2,3 milhões de trabalhadores no setor em âmbito nacional.
Como os caminhoneiros na ativa somam algo em torno de dois milhões, não fica difícil estimar que pelo menos 10 mil condutoras fazem transporte de cargas. Segundo dados do Detran, hoje são 190 mil mulheres habilitadas para a direção de caminhões no Brasil, sendo que apenas 14 mil delas estão aptas a dirigir carretas. Os números são do ano de 2019 e, provavelmente, já devemos ter índices maiores a essa altura de 2022, mas ainda assim elas são minoria na profissão.
A Voz Delas: as estradas são para as mulheres
Atenta às necessidades das caminhoneiras e esposas dos caminhoneiros de todo o Brasil, a Mercedes-Benz criou o movimento A Voz Delas, com o objetivo de conscientizar a sociedade da importância destas mulheres no transporte e buscar parcerias para tornar este projeto ainda maior.
O Movimento A Voz Delas foi criado em 2019 pela Mercedes-Benz para as mulheres das estradas e, juntamente com as parcerias feitas durante esse período, já conseguiu algumas mudanças que parecem pequenas para quem as conhece, mas que são muito essenciais para as mulheres que estão ali no dia a dia. O Movimento A Voz Delas busca por mais empresas e instituições que queiram facilitar a vida das mulheres caminhoneiras e estimular que outras mulheres também se tornem motoristas profissionais de caminhão.
Para o Movimento A Voz Delas, a mulher caminhoneira precisa ter espaços adequados para realizar seu trabalho e também para conviver com outros profissionais. Além delas, as vozes das esposas de caminhoneiros também são ouvidas pelo Movimento, que sabe o quanto essas mulheres são companheiras e também merecem melhores estadias, melhores banheiros, locais para tomar banho, para se alimentar etc.
Mas, embora a perspectiva seja de melhora, ainda há muito a se fazer. O caminho para a inclusão das mulheres nos transportes é sem dúvida promover a participação ativa de empresas na criação de projetos de incentivo e criar oportunidades de vagas para a inclusão de mulheres em todas as áreas do setor. Isso significa incentivar e reconhecer a atuação das mulheres e é exatamente isso que o Movimento A Voz Delas segue fazendo.
O que mais encanta nessas mulheres é que mesmo sabendo de todas essas dificuldades que passam, elas têm muito amor e paixão pelo que fazem. Trata-se de mulheres que encontram nos desafios diários a força para vencer. E aí, que tal participar do Movimento A Voz Delas compartilhando o vídeo da música-tema do movimento que está disponível em nosso site? Não deixe de compartilhar com seus amigos do trecho. Até a próxima.
Pamela Emerich
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