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Profissão caminhoneiro: quais os principais desafios no dia a dia da profissão?

Profissão caminhoneiro: quais os principais desafios no dia a dia da profissão?

Além dos muitos desafios diários, os profissionais também precisam encarar as dificuldades trazidas pela pandemia.

Até mesmo quem não é caminhoneiro sabe o quanto é difícil e desafiador trabalhar com esta profissão. Apesar da maioria das mercadorias brasileiras serem movimentadas pelas estradas, as condições de rodagem e os baixos valores pagos pelos fretes são apenas alguns dos muitos desafios enfrentados pelos caminhoneiros no país.

Outros obstáculos são somados, como altos custos com combustíveis e pedágios, além das viagens, que na maioria das vezes são longas, o que faz com que os caminhoneiros, principalmente autônomos, passem tempo demais trabalhando e fiquem pouco em casa para aproveitar a família e o dinheiro que conseguem com o trabalho.

Diariamente, o motorista de caminhão enfrenta desafios na infraestrutura, na estrutura social e nos próprios limites físicos. O caminhoneiro brasileiro precisa enfrentar muitas estradas ruins, alto risco de roubos de carga, risco de acidentes e até a solidão, já que passa muito tempo sozinho. E, além de todas as coisas que encara em seu dia a dia, nos últimos dois anos esses profissionais também estão expostos aos impactos da pandemia e precisam superar as dificuldades trazidas por ela.

De acordo com a Pesquisa de Impacto no Transporte - Covid-19, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em todo o Brasil, a crise tomou proporções mais agudas a partir do final do mês de março de 2021. Indicadores econômicos de alta frequência registraram seu pior desempenho no mês de abril e, desde então, passaram a apresentar alguma melhora, como reflexo direto do relaxamento de medidas de isolamento.

Mas essa melhora ainda não foi suficiente para recompor a capacidade total e a confiança das empresas de transporte no cenário atual. Ainda, conforme a pesquisa, 36,5% das transportadoras estima que o período para recuperar os níveis de demanda e de faturamento anteriores à pandemia será de mais de um ano.

O Painel de Testagem no Transporte Rodoviário, realizado pelo SEST SENAT, mostra um retrato do impacto da pandemia da Covid-19 sobre a saúde de trabalhadores do setor de transporte. De acordo com o documento, em junho de 2021, cerca de 7,4% dos profissionais testaram positivo para a Covid-19.  Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostram que o modal rodoviário corresponde a 60% da matriz do transporte de cargas no Brasil, onde a categoria é formada por profissionais que têm, em média, 18 anos de profissão e mais de 44 anos de idade.

O profissional das estradas

No decorrer dos anos, diversas leis foram criadas não só para profissionalizar de vez o caminhoneiro, mas também para oferecer melhores condições de trabalho. Para solucionar um dos mais difíceis desafios do caminhoneiro, foi promulgada em 2012 a Lei 12.619, mais conhecida como Lei do Descanso, que impõe regras sobre a jornada extensa de trabalho. Muitos profissionais passaram até 26 horas ao volante, uma imprudência que pode causar acidentes e resultar em mortes. A norma determina que o caminhoneiro faça paradas de 30 minutos a cada quatro horas ao volante. Além disso, o motorista profissional deve parar por uma hora durante essa jornada para a refeição. Outra regra vigente é o intervalo diário de 11 horas entre uma viagem e outra.

Acidentes de trânsito também estão entre os principais desafios enfrentados pelos caminhoneiros. Seja por circunstâncias próprias, como o sono, cansaço, estresse ou por condições externas, como tempo, estradas e outros motoristas, acidentes envolvendo caminhões infelizmente são comuns nas estradas brasileiras. Segundo as estatísticas da Seguradora Líder, responsável pelo DPVAT, somente em 2020 foram pagas 13.633 indenizações em relação a acidentes envolvendo caminhões. Destas, 4.591 referem-se a mortes e 6.347 a invalidez permanente.

Outros tantos desafios são constantes no dia a dia do caminhoneiro. A distância da família, por exemplo, já que muitos passam a maior parte do tempo na estrada, está entre as principais dificuldades. Durante um período da sua jornada, o profissional acaba perdendo momentos importantes das pessoas que amam e muitos se sentem culpados por não estarem presentes em dias essenciais, como apresentação dos filhos no colégio, aniversários, entre outros.

A falta de estrutura viária adequada e situação crítica de algumas rodovias são outros desafios enfrentados diariamente. Não tem por onde fugir: se a estrada for ruim, tem que passar por ela mesmo assim. São muitos os riscos de acidentes e quebra do caminhão, o que torna a atividade mais insegura e muitas vezes, coloca em risco a segurança do condutor no dia a dia: a falha na fiscalização, inclusive de caminhões mais pesados ou com outros critérios fora da legislação, coloca outros motoristas em perigo.

A insegurança não é só com o asfalto ou iluminação, mas principalmente, pelo alto índice de problemas, como furtos e roubos ocorridos nas estradas: só em 2020 foram registrados 14.150 roubos de carga em rodovias e áreas urbanas de todo o país. O risco de sofrer prejuízo se torna um desafio para o caminhoneiro, que muitas vezes precisa optar por rotas maiores para evitar passar por trechos conhecidos pelos assaltos.

Os altos custos dos transportes são constantes desafios para os caminhões. Afinal, o aumento de combustível impacta diretamente no preço do diesel, com um valor gasto em combustível pesando no bolso. Em 2021, o diesel acumulou alta de 65%. Por isso, sem dúvidas esse é outro fator de insatisfação vivido pela categoria.

E todo esse estresse, jornada exaustiva, longas viagens, pressão para a entrega da carga etc. cobram do corpo. Aumenta cada vez mais as ocorrências de problemas de saúde física dos caminhoneiros, como hipertensão arterial, obesidade e diabetes, além do abalo à saúde mental, como crises de ansiedade, síndrome do pânico e depressão.

Porém, a queixa mais comum sem dúvida é a falta de valorização da profissão. A maioria dos caminhoneiros cita que não se sentem devidamente valorizados na profissão, diante de tanta importância que eles têm para o Brasil. Mas por que é tão importante valorizá-los? A resposta é simples: sem os caminhões, o Brasil teria dificuldade de manter abastecidos os hospitais, mercados, farmácias, aeroportos, postos de combustíveis, assim como o escoamento de tudo o que é produzido. E a vida dos brasileiros seria um caos.

Por isso, mesmo gostando muito do que faz, o motorista de caminhão enfrenta uma série de desafios e dificuldades todos os dias e sua rotina não é nada fácil. Com isso, além do desejo por continuar pelas estradas, ele precisa também se preparar para os obstáculos do cotidiano. Mas, o lado bom é que é totalmente possível amenizar as dificuldades e ter uma qualidade de vida melhor. Até porque, nem tudo é só desafio, né? Tudo tem seu lado bom. E é exatamente isso que você vai saber no próximo texto da série. Não perca! Até mais.

Pamela Emerich

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