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Como é a vida dos caminhoneiros na Turquia: salário maior que a média e pouca rotatividade

Como é a vida dos caminhoneiros na Turquia: salário maior que a média e pouca rotatividade

País tem forte influência Europeia, mas mercado nacional de caminhões é o mais atrativo

Como será a vida dos caminhoneiros em países com culturas totalmente diferentes das nossas? Aqui no Brasil, ser caminhoneiro não é só uma profissão, mas também um estilo de vida. Além de ser fundamental para a economia dos países, a vida na estrada tem muitas curiosidades em várias partes do mundo.

Hoje, vamos saber como é ser caminhoneiro na Turquia, onde 93% do tráfego doméstico de carga é feito por estrada. Por isso, assim como aqui no Brasil, os caminhões são muito utilizados para o transporte rodoviário, que apesar de sofrer com nevascas em alguns locais e com fortes temperaturas em outros, é muito bem desenvolvido e moderno. Em 2018, por exemplo, a rede rodoviária turca contava com 190.870 km de estradas asfaltadas e 3.010 km de autoestradas.

De fato, como resultado da localização geográfica da Turquia, a Rede de Transporte de Estrada turca tem um grande número de ligações com rotas oriundas da Europa e da Ásia e constitui uma parte importante das artérias internacionais. O comprimento do corredor internacional na Turquia é de aproximadamente 9.000 km.

Para ser caminhoneiro por lá é preciso não só da carteira de habilitação, mas de um tipo de permissão para conduzir veículos pesados, independentemente da finalidade comercial. Não há muitos postos de pesagens de carga, principalmente em rodovias mais afastadas de áreas urbanas. O setor de transporte, juntamente com o setor das comunicações, representa quase 12% do PIB. Transporte, armazenagem e atividades de comunicação constituem quase 15% de todas as atividades econômicas, comerciais e sociais. A contribuição anual do setor para o rendimento nacional da Turquia é de quase 53 bilhões de dólares.

Em caso de estrangeiros, para trafegar pela Turquia é preciso do passaporte, carta de Condução Internacional, documentos de registro e internacional green card /cartão de seguro, claramente marcados com o TR sinal. Por ter um mercado muito restrito a locais, são poucos estrangeiros que conseguem trabalhar no país.

As estradas são muito boas, com boa circulação, não são cheias, são bem cuidadas e bastante seguras. Isso porque as estradas na Turquia sofrem com a grande quantidade de neve em algumas épocas do ano. Um detalhe interessante é que as estradas têm pouco pedágio e as autoridades rodoviárias não são tão rígidas em relação ao limite de velocidade.

Algumas rodovias têm apenas duas faixas, o que pode ser assustador para alguns motoristas, e como nem tudo são flores, muitas estradas têm buracos. As maiores rodovias do país são também as mais utilizadas pelos caminhões. Elas fazem um eixo comercial, incluindo a conexão de Ancara e Istambul. Estas estradas são mais amplas e oferecem melhores condições.

Mas, por outro lado, as rodovias são muito bem iluminadas e também extremamente sinalizadas, com as regras literalmente escritas por toda parte e quase não tem grandes congestionamentos. Os limites de velocidade também são diferentes dos nossos. Nas áreas urbanas, o limite é de 40 km/h. Nas áreas rurais, o limite é de 90 km/h e nas vias expressas 130 km/h. Muitos postos de combustível ao longo das principais rodovias estão abertos 24 horas; outros estão abertos das 6 da manhã às 10 da noite.

As empresas de transporte rodoviário internacional têm sido uma importante fonte de receitas em moeda estrangeira para a Turquia, num total entre 1,5 e 2 bilhões de dólares por ano. O mercado de caminhões turco é muito forte, principalmente entre as marcas nacionais. A Turquia é uma das maiores fabricantes de veículos comerciais e militares e a BMC é uma das principais fabricantes de pesados do mundo.

Para circular nestas estradas, os caminhões precisam ser muito robustos e com grandes potências. Para se ter uma ideia, a BMC apresentou na última feira alemã de Hannover, que aconteceu em 2018, um caminhão com excelente trem de força e conjunto com motor FPT Cursor 11 de 460 cv de potência, o mesmo das linhas S-Way e Stralis, da Iveco. Além disso, a opção fornecida pela Cummins tem transmissão ZF Traxon, a mesma do DAF XF e também opções de tração de 4x2 a 8x4.

Dia a dia do caminhoneiro

O custo de vida na Turquia não é considerado muito alto, comparado a outras cidades da Europa ou da Ásia (o país está presente nos dois continentes). Mas os caminhoneiros, ou caminhonistas, como são chamados, conseguem boas chances de lucros em algumas rotas e períodos do ano. O ponto forte é que o mercado na área de transportes rodoviários é um dos que são bem fechados a estrangeiros, já que para enfrentar as estradas turcas em alguns meses do ano é preciso conhecer bem a região.

As melhores cidades para encontrar um emprego como caminhoneiro são Ancara ou Âncara (capital), Istambul, Esmirna, Bursa e Antália. As principais empresas do mercado rodoviário estão instaladas nessas cidades. O salário médio de um motorista de caminhão na Turquia é de US$ 644, o equivalente a R$ 3.284,53, o que para a realidade do país é um piso considerado satisfatório, já que o salário médio dos turcos é de US$ 507. A moeda oficial do país é a TRY (Nova Lira turca), mas é usada somente para transações inteiramente nacionais.

Assim como em outros países da Europa, o conhecimento e a capacitação elevam os salários dos motoristas. Para um caminhoneiro experiente, o salário pode aumentar em 13%, pois os turcos priorizam profissionais com mais tempo de carreira para tarefas mais complexas, como transporte de combustível e alguns tipos de rodotrens. A carga horária na Turquia geralmente é de 45 horas semanais, porém, também pode ser dividida de várias formas e o profissional encontra empresas que optam por trabalho a tempo integral, trabalho a tempo parcial, trabalho temporário, trabalho sazonal, empregos de contrato de trabalho e o autoemprego, ou os autônomos, que são bem numerosos no transporte terrestre.

Na Turquia, benefícios previdenciários são comuns geralmente para caminhoneiros, mas não são todos os tipos de benefícios. Planos de saúde e de pensão (que seria nosso INSS) são pagos na grande maioria das empresas, mas não há uma lei trabalhista que regulamente isso. Por outro lado, dificilmente as empresas ofertam cursos de formação, seja interno ou externo, e na maioria das áreas onde os caminhoneiros atuam não há plano de carreira para empregados. 

Para atuar como caminhoneiro na Turquia, o profissional necessita de nível de educação básica, o correspondente do nosso Ensino médio, e algumas certificações podem ser necessárias, como já dissemos. Mas, na prática, isso não é um problema, pois na Turquia até mesmo quem não é alfabetizado pode ter carteira de motorista.

Outra curiosidade interessante sobre os caminhões e caminhoneiros na Turquia é que assim como no Brasil, eles são apaixonados pelas máquinas. Além de ter um mercado muito forte e ter espaço para movimentadoras estrangeiras, os turcos se orgulham da história que escrevem. Um exemplo disso foi quando a cidade de Istambul entrou para o Guinness, livro dos recordes, como a cidade que reuniu o maior número de caminhões em um desfile no mundo.

Foram 1.453 caminhões em formação para comemorar os 564 anos de conquista da cidade de Istambul, a antiga Constantinopla. A homenagem reuniu os caminhões no canteiro de obras do futuro aeroporto da cidade e teve a participação de mais de 3 mil pessoas. A ação aconteceu em 2017 e ficou marcada como a procissão de caminhões mais longa do mundo.

E aí, você já conhecia um pouco de como era o dia a dia dos caminhoneiros na Turquia? O que você achou? Trabalharia como caminhoneiro por lá? Participe aqui com a gente e compartilhe com seus amigos do trecho.

por Jornalista Pamela Emerich

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