A Volkswagen é uma das maiores montadoras do mercado brasileiro de caminhões e desde que lançou seus primeiros caminhões no país, os modelos sempre estão nas listas de mais vendidos. E para chegar até onde a empresa se encontra hoje foi necessário enfrentar uma forte concorrência de outras montadoras, que também enxergavam as oportunidades do mercado brasileiro. A Volks iniciou sua participação no mercado de caminhões no início de 1981, quando adquiriu a Chrysler do Brasil e implantou a Volkswagen Caminhões.
Depois do enorme sucesso da perua Transporter, na década de 1970, a Volkswagen decidiu investir de vez no mundo dos veículos industriais e lançou a série LT. Mas, o passo definitivo para entrar no mercado foi dado em 1981, quando, na fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, comercializou seu primeiro caminhão: o 13-130, modelo que teve grande sucesso tanto na América do Sul, como na África.
Inspirado na cabina avançada basculante, derivada da carroceria da perua alemã Volkswagen Transporter, o 1313 não era só o primeiro caminhão da Volkswagen feito no Brasil, como era também o primeiro produzido pela marca no mundo. Era um semipesado de cabina “cara chata”, que teve seu projeto feito na Alemanha pela MAN, mas com protótipos desenvolvidos e testados no Brasil.
Enquanto praticamente todos os caminhões vendidos na época no país eram “bicudos”, com o motor à frente, a Volkswagen decidiu contrariar e estreou com o então pouco usual “cara-chata”, que já nasceu com potência e peso bruto total idêntico ao de alguns dos modelos considerados semelhantes e mais vendidos do mercado na época.
O modelo 1313 da Volkswagen era equipado com motores diesel MWM 229-6, de seis cilindros em linha, 5,9 litros de cilindrada, 130 cavalos de potência e 36,6 mkgf de torque. O câmbio era Clark, de cinco marchas, todas reduzidas. O Peso Bruto Total do caminhão era de 13 toneladas e a velocidade máxima, de acordo com informativos da época, era de 96 km/h, com o diferencial mais longo. Além do chassi e embreagem reforçados e de novas relações na transmissão, o 13-130 trazia rodas raiadas, freios a ar e direção hidráulica. O modelo foi apresentado com três opções de distância entre eixos.
O modelo foi lançado, principalmente, para competir com os líderes de venda da categoria, o Mercedes-Benz 1313, outro modelo que se tornou um grande clássico. A Volkswagen conseguiu competir de igual para igual e o seu 1313 passou a ser utilizado para transportar cargas dos mais diversos tipos, se fazendo presente no mercado de transporte de cargas rodoviário, atendendo empresas do ramo alimentício, no transporte de carros em cegonha, de líquidos, gás e combustíveis, construção civil etc.
Na ocasião de seu lançamento, não foi muito bem aceito, mas não demorou muito para cair nas graças dos motoristas e se popularizou pela versatilidade, custo e tecnologia, que na época era bastante avançada. Somando todas as versões, chegou a mais de 200 mil unidades pelas estradas brasileiras, ajudando a Volks a se tornar a grande potência no setor que é hoje.
O veículo se tornou um dos mais populares da marca e do Brasil. Em toda a década de 80, o interior do país estava sendo industrializado e apesar do aumento do desenvolvimento, o país passava por mudanças e todos os governos incentivaram a indústria automobilística. O modelo se adaptou muito bem às necessidades dos caminhoneiros brasileiros e foi muito usado pelos governos. Por exemplo, o VW13-130 e o médio 11-13 seriam adquiridos a partir de meados do ano de 1985 pelo Exército Brasileiro e pela Força Aérea Brasileira.
O modelo clássico do 13-130 tinha 13 toneladas de Peso Bruto Total, com motor MWM diesel d-229 com seis cilindros, 130cv de fábrica e um torque de 359 N/m, ou, como opcional, também poderia escolher o motor Perkins 6354-4, de 130cv. O seu chassi era reforçado, além de vir de fábrica com rodas raiadas e freios a ar, era disponibilizado na versão 4x2 e permitia adaptação do 3º eixo por fora.
O caminhão ainda contava com tanque de 100 litros, chassi com longarinas em U, permitindo mais robustez. A cabine semiavançada do 13-130 foi um projeto concebido pela MAN na Alemanha e trazido pela Volkswagen para o Brasil. Conforme a publicação técnica do manual de instruções de operação, ou guia de utilização para os motoristas, a necessidade de manutenção deste caminhão ocorria a cada 5.000 km, mas na verdade passava bastante disso.
Os modelos foram bem aceitos por uma boa parte de frotistas, que alegavam que o modelo tinha um bom trem de força e ótimo custo-benefício, resultado no aumento das vendas da Volkswagen caminhões. Por outro lado, era bastante comentado que os modelos necessitavam de um desempenho melhor quando estivessem carregados. Mas, entre todos os apontamentos, fato é que desde então, a Volkswagen tem se firmado no mercado com séries de grande sucesso no mercado, como a série Worker e, atualmente, a série Constellation.
A família de modelos próprios da Volks foi expandida em agosto de 1982, com o lançamento da linha de seis toneladas de PBT. Eram dois modelos, 6.80 e 6.90, respectivamente com motor diesel Perkins de 3.860 cm3 e 85 cv e MWM de 3.920 cm3 e 91 cv, ambos com câmbio de cinco marchas, freios hidráulicos assistidos a vácuo, direção mecânica e cabine avançada basculante, inédita no segmento.
Com tamanha presença no mercado, a Volkswagen colecionou clássicos pelos anos e, claro, evoluiu as gerações de seus veículos. Os caminhões VW 11-130 e VW 13-130 foram os precursores das famílias Worker e Delivery, que marcaram época nas aplicações de serviços urbanos e agora retornam em edição limitada, baseada nessa linhagem de sucesso.
A importância do modelo é tanta para a marca, que ele recebeu uma homenagem pelos seus 40 anos de existência, o lançamento de uma linha exclusiva com edição limitada. A série traz os atuais VW Delivery 8.160, caminhão mais vendido do país, e VW Worker 13.190 com a "cara" dos Volkswagen que rodavam na década de 1980: pintura em Amarelo Primavera, bancos em vinil preto, rodas pretas sem calota e com protetor de porcas, para-choque, para-barros preto e outros detalhes visuais.
Quarenta anos depois e com quase 300 opções no portfólio, a VWCO fechou 2021 com 2.345 mil caminhões vendidos e fatia de 27,53%, liderando o ranking do mercado de caminhões, com 37,4 mil emplacamentos, número de veículos de carga vendidos se forem considerados os 3,3 mil Delivery Express emplacados no ano, classificados como comerciais leves.
Ainda é bastante comum cruzar com o Volkswagen 1313 e com outros clássicos pelas estradas do Brasil. Eles carregam muito mais do que as cargas, levam também a história de todo um segmento e até de um país. Você já dirigiu um Volkswagen 1313? Qual seu clássico preferido? Não deixe de participar com a gente. Compartilhe com seus amigos do trecho.
por Jornaliosta Pamela Emerich.
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