A profissão de caminhoneiro é essencial para o andamento do país. Afinal, é pelas estradas que nosso país caminha e por onde escorrem os suprimentos, itens de necessidade etc. Os caminhões estão por toda a parte, abastecendo praticamente todos os setores da economia, inclusive as que mais crescem, como construção civil, indústria automotiva e transporte de cargas. Não à toa a profissão acompanhou o crescimento do país e se mostra cada vez mais essencial.
Mas, como é o dia a dia na cabine? Ou melhor, na boleia? Quem está dirigindo o brutão todos os dias sabe que precisa muito mais do que só guiar, porque o cotidiano do caminhoneiro não é fácil. A vida na estrada, na maioria das vezes, é longe da família, lidando com a saudade de casa, com a falta de conforto, com o estresse do trânsito ou com as restrições que a estrada impõe. Mas também é gratificante saber que faz parte da história de um país.
Os caminhões chegaram aqui por volta de 1950, mas a profissão se popularizou na década de 1960, quando a industrialização começou no Brasil. Os investimentos em estradas, chegada de montadoras e o crescimento de áreas da construção civil e indústria automotiva aumentaram o número de caminhões e, por consequência, de caminhoneiros. No final dos anos 1960 era comum ter ao menos um membro da família que fosse caminhoneiro, em especial nas cidades do interior ou nos subúrbios das grandes cidades.
O amor pelo caminhão e o interesse pela profissão surgem de várias formas. Tem o caminhoneiro que herda a paixão do avô ou do pai e também vai alimentando para as próximas gerações. Tem o caminhoneiro por vocação, que enxerga a oportunidade empreendedora e parte para a estrada. Para muitos é um sonho se concretizando, sonho de menino se realizando. Para outros é a chance de poder conhecer lugares novos e outras culturas. Mas o que é comum em todos eles é o amor pela cabine, pelo ronco do motor, pelo cheiro do diesel e pelo prazer que é fazer parte do ciclo de crescimento do país.
No início do transporte rodoviário no Brasil, a profissão ganhou força e até hoje continua crescendo, com um índice de 60% das mercadorias transportadas através das estradas. Uma boa parcela de nosso Produto Interno Bruto (PIB) circula através dos caminhoneiros, por isso, podemos dizer que se não há transporte, não há geração e distribuição de riqueza. Segundo a Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), o modal rodoviário é o segundo mais utilizado para transportes de carga do país. Para indústrias e varejos, os caminhoneiros são os grandes responsáveis pelo abastecimento de produtos.
Sr. Mizael é caminhoneiro há mais de 30 anos e herdou do pai o amor por caminhões. Seu pai era um apaixonado por brutões e tinha um apreço enorme pelos vários que tinha. “Meu pai tinha muito cuidado com os caminhões dele. Eram todos muito bem conservados, viviam brilhando”. Ainda jovem, Mizael começou a vender verduras e legumes com o irmão em um AD10, ano 81. Esse foi seu primeiro caminhão e foi o que abriu as portas para sua vida na estrada e suas relações com brutos.
Começou a trabalhar comprando verduras no CEASA de Curitiba e vendia para os restaurantes. Essa é a sua profissão até hoje. Depois do AD10, já teve outros caminhões e, atualmente, trabalha com um Mercedes 1118, ano 88 e em parceria com seu filho, que tem seu próprio caminhão, alimentam a paixão antiga da família pelos brutões.
A paixão se estendeu para todos da família. Além de Mizael, o filho Milan, a filha Maria Luiza, com só 12 anos, e o sobrinho André Luiz também já amam o brutão. Apaixonado, ele enfrenta a estrada diariamente pelo Paraná e outros estados do Sul do país e reforça que mesmo amando sua profissão, não deixa de falar que nem tudo é só mar de rosas. “A vida sob quatro rodas sempre contou com diversas dificuldades, privações e desafios”, conta.
Atualmente, existem mais de 2 milhões de caminhoneiros atuantes no Brasil, transportando o equivalente a 200 milhões de toneladas por ano. Apesar de toda a dificuldade que eles encontram em sua rotina pesada de trabalho, os caminhoneiros são, via de regra, apaixonados pelo que fazem e pela liberdade de cruzar o país.
Ser caminhoneiro requer muita dedicação e atenção. É preciso conhecer bem seu caminhão, seja dirigindo por uma empresa, seja dirigindo seu próprio brutão. Faz parte da rotina dar aquela verificada básica nos itens de segurança, luzes e pneus para garantir que está tudo certo. Entre idas e vindas em uma estrada, a preocupação de quem cruza o país na cabine de um caminhão é a mesma: garantir seu retorno seguro.
Mas apesar de tanta importância, muitos profissionais ainda acreditam que faltam olhos e investimentos para a profissão. E, mesmo com o passar dos anos, isso sempre foi de conhecimento do governo federal e de seus órgãos reguladores. Nos últimos anos, foram criados programas e leis que favorecessem a profissão, proporcionando benefícios que antes os caminhoneiros autônomos não tinham, como direito à aposentadoria, por exemplo.
A profissão de caminhoneiro tem sim suas vantagens. É dividir de um estilo de vida, viajar por diversos lugares, conhecer novas culturas, apreciar belas paisagens, conhecer muitas pessoas e aprender coisas novas. Os ganhos foram bons nos últimos anos, já que a demanda por profissionais aumenta e os que se adiantam conseguem tirar um bom dinheiro.
O trabalho pode ser bem cansativo, até porque, além de passar horas dirigindo, o motorista ainda encontra dificuldades para regular seus horários de alimentação e descanso. Além do mais, ficar muito tempo fora de casa não é uma grande vantagem. Mas, muitos caminhoneiros sabem lidar bem com essa distância e aproveitam o máximo quando chegam em casa.
Qual é o perfil do caminhoneiro no Brasil?
Uma recente pesquisa do jornal El País, divulgou a idade média de quem está à frente dos caminhões nas estradas brasileiras: por volta de 44 anos e estão em média há 18,8 anos na profissão. Além disso, 99,4% são homens e, no geral, é comum que esses profissionais trabalhem entre 11 e 13 horas por dia, com remuneração mensal média de 5 mil reais. O piso salarial de um caminhoneiro CLT é cerca de 2.500 (média do piso salarial de acordos, convenções e dissídios).
A profissão também evoluiu junto com os caminhões e as estradas. Quem se lembra como era acertar o destino sem o bom e velho GPS? Com mapa na mão, que sempre rasgava, ou molhava. Era uma dificuldade. Hoje, a utilização de GPS facilita o dia a dia e aplicativos também auxiliam a rotina puxada, facilitando a criação de rotas, avisando sobre tempo na estrada, período de descanso etc.
A falta do serviço desses profissionais traz sérios problemas de escassez, especialmente para os pequenos e médios negócios, pois prejudica a prestação de serviços emergenciais, como a entrega de materiais de saúde e o abastecimento de água e combustível.
Entre as principais reclamações da categoria está uma má conservação de algumas estradas, sobretudo as do norte do país, pois podem ser bem traiçoeiras até mesmo para os caminhoneiros mais experientes.
Além das condições precárias de infraestrutura nas pistas, o preço baixo do frete, valor alto do diesel, falta de segurança nas estradas e falta de benefícios previdenciários ainda são motivos que desanimam quem está ou pretende seguir como caminhoneiro.
Entre pontos negativos e positivos, o fato é que a profissão dos caminhoneiros é extremamente importante para o Brasil e como qualquer outra, precisa ser reconhecida e bem remunerada. A categoria tem recebido atenção nos últimos anos e propostas de melhorias estão sendo aprovadas. Mas ainda há muito que se fazer e estaremos aqui, contando cada novo passo para vocês.
O que é mais importante no seu dia a dia, caminhoneiro? Conta aqui para a gente! Quem sabe sua participação não vira um tema aqui no site, hein? Compartilhe com seus amigos e até a próxima.
por Jornalista Pamela Emerich
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