A digitalização do setor de logística tem favorecido as micro e pequenas empresas. É o que mostra uma análise feita pela FreteBras, maior plataforma de transporte de cargas da América do Sul que conecta transportadoras que tenham cargas e precisam de caminhões, com caminhoneiros que precisam de cargas para transportar. O estudo realizado a partir dos fretes publicados em sua plataforma, de janeiro a setembro de 2021, aponta que o volume das micro e pequenas transportadoras aumentou em média 30%, na comparação com o mesmo período de 2020.  

Dentre as categorias analisadas, as que mais obtiveram aumento foram Micro-Empresa (não MEI) e Empresa de pequeno porte (não optante pelo Simples Nacional) que cresceram 43% e 18%, respectivamente, no volume de fretes. Com quase 300 startups de logística no Brasil oferecendo soluções para uma gestão mais eficiente e segura do negócio, as micro e pequenas empresas conseguiram se adaptar melhor em função do seu tamanho e menor investimento em ativos imobilizados, como frotas próprias, além da maior facilidade e flexibilidade de incluir a digitalização em seus processos de trabalho. 

Os dados da FreteBras mostram que mais da metade (66%) dos novos cadastros de assinantes em sua plataforma, de janeiro a setembro deste ano, foram somente de micro empresas, sendo que o número de novas micro e pequenas transportadoras aumentou 45% neste período.

Robert Almeida, diretor executivo da RF Transportes, operadora logística da região de Arcos (MG), especializada nos transportes do agronegócio, sentiu na prática as facilidades de contar com uma plataforma que o ajuda a administrar seu volume de fretes. Segundo ele, o faturamento de sua empresa deu um salto de 70% durante a pandemia, com a adoção da digitalização e da terceirização dos fretes via aplicativos. "Atualmente, mais de 90% dos meus fretes são realizados por meio de terceiros e de plataformas digitais, como a FreteBras", declara. 

O Planeta Caminhão conversou com o Diretor de Operações da FreteBras, Bruno Hacad, para entender melhor esse crescimento e a digitalização do setor da logística no Brasil.

Bruno, como você enxerga hoje a importância da digitalização no setor de logística?

Naturalmente a pandemia acelerou esse movimento. Até então como as empresas e os caminhoneiros faziam? Eles se encontravam em postos rodoviários e ficavam esperando as empresas publicarem os fretes em cartazes e só depois vinha o fechamento do negócio. Um trabalho ineficiente e caro.

Quando chegou a pandemia, eles tiveram que partir para o online, mas mesmo sem a pandemia a digitalização é um movimento natural. Todo mundo busca no final das contas redução de custos, e se você não entra com uma solução competitiva com custos menores, você não vai sobreviver no mercado. Então quando você diminui esses custos e consegue entregar um caminhão rápido para seu embarcador, te coloca em um nível de competitividade mais alto para você brigar de igual para igual com qualquer grande exportadora do mercado.

O que explica esse crescimento no volume de fretes de micro e pequenas transportadoras em 2021

Só para você ter uma ideia, são 600 mil caminhões e 15 mil empresas que fazem mais o menos 900 mil fretes por mês com a gente. Com todo esse volume, fica mais fácilter acesso a esses dados. Foi então que fizemos esse levantamento e tivemos essa surpresa muito legal, de observar que teve um crescimento de 45% em novas empresas pequenas e médias.

Conversando com alguns empresários, o que identificamos é que em um cenário de incertezas em que precisavam se reinventar, eles enxergaram na FreteBras uma oportunidade de competir de igual pra igual com grandes transportadoras, sem a necessidade de grandes investimentos. Na prática é ter uma gigantesca frota virtual sem custos de investimentos de frota, de manutenção e de motorista CLT, por exemplo.

Você considera que contratar caminhoneiros terceirizados é mais vantajoso que ter a própria frota?

Depende da operação. Quando estamos falando de cargas que não tem um nível de exigência alto, funciona muito melhor. Depende do caso do produto, da operação que o cliente exige da empresa. Mas de uma forma geral, se você compara o mesmo frete operando com frota própria e operando com terceiros, ou seja, operando via FreteBras por exemplo, a sua economia chega a 23% por km rodado. E nesse caso estamos falando de custo de capital, de ter essa frota, de custo de manutenção, o diesel e a contratação do motorista. Então nessa comparação naturalmente fica mais vantajoso operar com terceiros.

Quais as facilidades de contar com os serviços da FreteBras?

Para a empresa: ela consegue ter acesso a uma frota de 600 mil caminhões virtuais; garante uma eficiência muito grande; vai conseguir negociar valores melhores, pois tem muitos caminhoneiros interessados; expande a operação sem precisar crescer em frota própria.

Para o caminhoneiro: tem acesso a uma base gigante de fretes saindo de 95% das cidades brasileiras; garantia de segurança, pois não é qualquer empresa que publica na FreteBrás; consegue negociar melhor, contando inclusive com uma calculadora de custos para auxiliar o caminhoneiro na hora da negociação.

Segurança é uma das principais preocupações no setor do transporte rodoviário de cargas, e quando esse serviço vai para o mundo digital, o receio dos clientes tende a aumentar. Como vocês trabalham nesse sentido para adquirir a confiança dos clientes?

De fato, é um ponto extremante importante e temos discutido esse ponto o ano inteiro. Como somos uma plataforma não transacional e a negociação é feita entre caminhoneiro e empresa, então obviamente o que acontece dali para a frente a gente não tem muito como atuar. Mas ainda assim, lançamos esse ano o programa frete seguro com investimento de 30 milhões de reais em segurança. Isso envolve uma série de melhorias para dar ainda mais conforto para as empresas e caminhoneiros que operam aqui com a gente.

Isso vai desde contratação de pessoas até a implementação de melhorias de processos para garantir um nível de qualidade ainda maior. Mais importante do que tudo no final e o processo da tecnologia em si. Não é qualquer empresa que publica um frete com a gente. Para você ter uma ideia, só 40% das empresas que se cadastram na FreteBras são liberadas para publicarem fretes. As outras 60% não entram.

Implantamos recentemente um sistema com inteligência artificial, que além de validar a empresa, ela válida as cargas que elas publicam. Se por algum motivo você publica uma carga que levanta suspeita, a gente tem um robô que identifica essa carga e não deixa ela ir para o ar e ainda bloqueia o acesso.

Do outro lado também é a mesma coisa. A gente faz uma validação dos caminhoneiros. Para ele visualizar as cargas e ligar na empresa ele precisa de uma validação. Além disso, disponibilizamos para as empresas, uma consulta gratuita do motorista.  Então tudo isso é para de fato melhorar a segurança dos dois lados.

Direto da Redação do Planeta Caminhão