Com a escassez global, o Brasil pode deixar de produzir até 280 mil veículos no ano.
Você sabe o que são semicondutores? Talvez tenha ouvido falar - e até saiba de fato o que é. Mas, tem uma ideia de como esse componente é essencial para a cadeia produtiva da indústria mundial? A crise global dos chips semicondutores afetou bastante diferentes setores da indústria e vem sendo um problema para basicamente todo mundo. Desde eletrodomésticos, smartphones e veículos, diversas empresas precisaram alterar os esquemas ou até paralisar suas linhas de produção por conta da escassez do componente.
Os semicondutores são uma espécie de “chip”, capazes de conduzir correntes elétricas. A produção de automóveis embarca mais ou menos 1.000 semicondutores. É praticamente impossível encontrar um automóvel moderno atual que não dependa de microchips. Eles são empregados nos dispositivos de segurança, em conectividade, em itens de conforto e conveniência, no trem de força e diversos outros locais. Por isso, a falta desses componentes impossibilita a finalização dos produtos.
Esse problema é somado ao momento de crise mundial que estamos. No ano passado, a indústria automobilística sofreu uma paralisação por conta da Covid-19. E nesse ano, uma das grandes responsáveis pela desaceleração do setor é a falta dos semicondutores. A crise fez com que diversas montadoras ficassem temporariamente paralisadas. De acordo com a Anfavea, a falta de semicondutores pode fazer o Brasil deixar de produzir até 280 mil veículos no acumulado deste ano.
A origem do problema está principalmente ligada à queda de produção de veículos no período inicial da pandemia, mas sua dimensão tem a ver com como (e onde) essas peças são produzidas e com a sua variedade de aplicações. Outros fatores como conflitos geopolíticos, alta demanda e falta de matéria prima têm implicado na escassez.
Mas, como isso impacta o dia a dia?
O primeiro impacto significativo é no preço dos produtos que levam os componentes. Eles são matéria-prima para a produção de chips usados nos mais diversos aparelhos eletrônicos, como smartphones, videogames e computadores, além de estar presentes nos eletrodomésticos, automóveis - que antes da pandemia era a segunda área industrial que mais recebia componentes, perdendo apenas para eletrônicos.
No caso dos veículos, o problema não afeta só automóveis - de passeio, mas sim, toda a cadeia de produção automobilística, já que praticamente todos os veículos que possuem sistema eletrônico são impactados.
O desabastecimento global desse importante insumo poderá acarretar numa perda de receita de aproximadamente US$ 110 bilhões (cerca de R$ 560 bilhões) para as montadoras só em 2021, segundo a consultoria AlixPartners.
Baixo estoque e queda nos licenciamentos
Em consequência disso, a crise reduziu também a quantidade de veículos nas concessionárias. Os estoques de unidades não são suficientes para as vendas do ano inteiro, o que explica a longa fila de espera nos pátios.
A baixa oferta ainda prejudicou os licenciamentos. No pior agosto desde 2005, o mercado emplacou 172,8 mil unidades. Esse volume é 1,5% menor do que o registrado em julho e 5,8% abaixo dos 183,4 mil veículos comercializados no oitavo mês de 2020.
A escassez de chips mais complexos deve continuar até 2022. Os semicondutores simples, usados em máquinas de lavar roupa e cafeteiras, podem sofrer por ainda mais tempo.
A associação da indústria de semicondutores da China chinês classificou nesta quarta-feira (17) a falta de chips como "sem precedentes". A venda dos chips subiu 18% no ano passado no país.
Direto da Redação do Planeta Caminhão
Comentarios