Doença é uma das mais letais em homens no mundo e prevenção ainda é tabu

A saúde do caminhoneiro é um tema que priorizamos por aqui e no mês de novembro, temos um assunto bem sério para tratar. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam uma expectativa de mais de 68 mil novos casos de câncer de próstata por ano no Brasil. Esse alto número deixa clara a importância da conscientização dos homens com relação às medidas preventivas para evitar a doença. Daí surgiu o Novembro Azul.

Assim como o Outubro Rosa, voltado ao combate e prevenção do câncer de mama, o Novembro Azul se dedica a quebrar tabus, preconceitos e estimular cuidados de saúde na população masculina. Desde 2003, quando recebeu esse nome na Austrália, o movimento vem ganhando cada vez mais reconhecimento, algo fundamental para reduzir o problema.

Infelizmente, ainda existe muito preconceito em relação ao exame preventivo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 90% de chance de cura em caso de diagnóstico precoce. Porém, 50% dos casos são diagnosticados em estágio avançado: muitos homens ainda relutam em fazer o exame do toque. Por isso, desmistificar o diagnóstico e o tratamento do câncer de próstata é essencial para que a sociedade avance não só na discussão, mas em ações para a causa.

O câncer de próstata é o tumor mais comum entre homens com mais de 50 anos - e o 2° que mais mata homens no mundo. De acordo com estatísticas americanas, um em cada seis homens desenvolverá câncer de próstata no decorrer da vida. Ele é responsável por 10% de todas as mortes provocadas por câncer em pacientes do sexo masculino, ficando atrás dos tumores de pulmão e intestino. E sabe aquela velha mania de só ir ao médico quando aparece um sintoma? Esse é outro principal agravante do câncer de próstata, que não apresenta sinais em seu estágio inicial.

Caminhoneiros estão em maior risco de câncer de próstata?

De acordo com pesquisas norte-americanas sobre perfis que desenvolvem mais a doença, os homens que trabalham como caminhoneiros podem estar em maior risco, do que os homens em outras ocupações. A pesquisa entrevistou mais de 2 mil homens que faziam parte de um programa de tratamento de câncer de próstata na Carolina do Norte.

Esses foram questionados sobre suas ocupações, históricos profissionais, sobre qualidade de vida, alimentação e rotina de trabalho e sobre a ocupação que desempenhavam naquele momento, e a conclusão do estudo apontou que os caminhoneiros podem estar em maior risco para o câncer de próstata agressivo, já que o tempo dirigindo e outros hábitos podem apresentar quatro vezes mais probabilidade de serem diagnosticados com um tumor na próstata.

A teoria dos pesquisadores é de que o risco de câncer de próstata é maior entre caminhoneiros por causa da “vibração de corpo inteiro” que esses experimentam com frequência. A teoria é de que esse tremor provocado pelo motor do caminhão pode resultar na inflamação da glândula da próstata, o que poderia resultar em câncer, ou aumentar a produção de testosterona, o que aumenta o risco de desenvolvimento de tumores.

O mais importante é se prevenir! Não espere apresentar sintomas para procurar um médico. mantenha a saúde em dia! Mas, se há algum tempo você não vai ao médico, confira abaixo alguns sintomas que você deve se atentar:

Sintomas do câncer de próstata

A doença pode ser diagnosticada tanto em fase inicial quanto em um estágio mais avançado. Em cada fase, o tratamento é diferenciado e mais invasivo.

Fase inicial

Boa parte dos cânceres de próstata não apresenta sinais no começo, mas, mesmo assim, existem casos em que problemas são perceptíveis:

• ardência, dor e urgência para urinar, precisando até correr rumo ao banheiro;
• aumento da quantidade de idas ao banheiro durante a madrugada;
• sangue na urina;
• sensação de bexiga não esvaziada por completo;
• diminuição da pressão do jato da urina;
• demora para liberar a urina;
• interrupções involuntárias em meio ao ato de urinar.

Fase avançada

Nesse estágio, os sinais perceptíveis durante a chamada fase inicial, que vimos antes, também aparecem. Porém, outros sintomas costumam surgir e devem ligar o sinal de alerta. Entre eles, estão:

• impotência sexual;
• falta de apetite;
• incômodo na região dos testículos;
• sensação de fraqueza ou até dormência da cintura para baixo;
• perda estranha de peso;
• dificuldade para segurar urina e fezes;
• dores em ossos, costas, pernas e quadris*;
• problemas nos rins*;
• infecção generalizada*.

Os três últimos sintomas citados levam o asterisco porque indicam situações de gravidade mais elevada. Daí a importância do diagnóstico precoce, pois a identificação do tumor maligno em estágio avançado pode obstruir os rins e fazer o câncer se espalhar por outras áreas do organismo.

Caso vivencie algum desses sintomas, comuns, sobretudo, no estágio inicial, não se desespere, pois eles também podem significar condições benignas, como o aumento de tamanho da próstata, sem causar problemas graves ou a simples inflamação do órgão. De qualquer maneira, procure um médico, pois o diagnóstico precoce, quando há o tumor maligno, garante um tratamento bem mais brando e com maior probabilidade de sucesso.

Fatores de risco

Quanto mais homens conhecerem o tipo de coisa que pode aumentar a probabilidade de desenvolverem a doença, mais diagnósticos precoces acontecem. Um fator de risco é, na prática, um costume ou uma característica capaz de elevar a chance do surgimento da enfermidade. Alguns elementos, como os hábitos não tão saudáveis, são controláveis; outros, no caso da idade, por exemplo, só podem ser minimizados com hábitos saudáveis

Cerca de 60% dos homens com a doença têm mais de 65 anos; alimentar-se de maneira inadequada com escassez de frutas, verduras, legumes e grãos; sedentarismo e excesso de peso.

Cuidados no dia a dia do caminhoneiro

A vida na boleia pode ser um pouco atrapalhada pelo tempo passado nas estradas ao redor do país. Mesmo assim, a comunidade dos caminhoneiros tem um poder muito grande para conscientizar as pessoas e tornar o Novembro Azul ainda mais efetivo. O primeiro passo do caminhoneiro é cuidar de si. Procure acrescentar a atividade física ao seu cotidiano, inclusive durante paradas de trajetos mais longos, por exemplo. Sobre a alimentação, dá para usar as famosas marmitas e desenvolver rotinas com horários específicos para comer.

Além disso, claro, é preciso marcar presença constante no consultório de um urologista e, quando necessário, fazer o exame de toque. Em meio ao Novembro Azul, aproveite e coloque, ao menos, um laço azul como pequeno adereço no caminhão: detalhes assim fazem a diferença e estimulam a conscientização da comunidade Brasil afora.

O Novembro Azul é uma campanha incrível e que merece ser incentivada em todos os lugares, das redes sociais às rodovias. Por fim, vale ressaltar: quando acontece o diagnóstico da enfermidade, o tratamento depende do estágio dela, variando de um monitoramento até estratégias mais agressivas, como radioterapia, quimioterapia, cirurgia de remoção etc.

Algumas concessionárias de rodovias pelos Brasil realizam campanhas para o Novembro Azul e em paradas de caminhoneiros, é possível receber orientações e até mesmo saber como agendar o exame. Acompanhamento de saúde e apontamentos de sintomas também são realizados. Se informe nas secretarias de saúde dos estados por onde passar.

Os caminhoneiros, aliás, podem ajudar bastante nessa campanha, levantando a bandeira do Novembro Azul nas estradas país afora. Para ficar por dentro do movimento, continue conosco por aqui!

Direto da Redação do Planeta Caminhão