Número de motoristas cresce desde 2020 e reforça a presença feminina no transporte pesado, reduzindo os impactos da falta de profissionais no setor; Empresas apostam na contratação de força feminina para o segmento

As estradas brasileiras têm assistido a uma mudança importante nos últimos anos: cada vez mais mulheres estão no comando de caminhões e carretas, ocupando um espaço que por muito tempo foi considerado exclusivamente masculino. Desde 2020, a participação feminina no setor só cresce, seja como motoristas profissionais ou como parceiras que acompanham e auxiliam os maridos nas viagens.

De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2022 as mulheres representavam 3,4% dos habilitados para dirigir veículos pesados no Brasil. Dois anos depois, esse percentual praticamente dobrou: segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), já são cerca de 182 mil mulheres habilitadas, o que equivale a 6,5% do total. A tendência mostra um movimento consistente de transformação no setor.

A presença feminina também tem ajudado a reduzir os efeitos da falta de profissionais no transporte rodoviário, um problema que há anos desafia transportadoras de todo o país. Empresas como o Grupo Potencial, uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Sul do Brasil, já contam com mulheres em sua frota. A companhia começou a contratar motoristas há três anos e hoje mantém quatro mulheres na equipe, com planos de ampliar esse número.

“Elas são mais cuidadosas e estão ganhando cada vez mais espaço em profissões que já foram predominantemente masculinas”, avalia a ex-atendente de farmácia Josiane de Freitas Cabral, 30 anos, uma das atuais motoristas do Grupo Potencial, que há três anos, contratou as primeiras mulheres para dirigir caminhões da empresa, uma das maiores distribuidoras de combustíveis e logística integrada do Sul do Brasil. 

Deize Weiler - Motorista de carreta da Potencial Combustíveis - Créditos: Grupo Potencial / Divulgação

Hoje, quatro mulheres fazem parte da operação, e a intenção é ampliar a participação feminina na equipe, o que reflete a tendência das oportunidades em crescimento. Entre elas, Josiane, que encontrou na profissão novas oportunidades: “A estrada para mim representa liberdade, mesmo com as barreiras. Independentemente da dificuldade, o caminhão proporciona muita liberdade. Se a profissão for seguida com amor, tudo vai dar certo”, afirma.

Amor pela estrada, apesar dos obstáculos

Apesar dos avanços, os desafios permanecem. Estruturas de apoio nas estradas ainda não estão preparadas para atender as necessidades femininas, principalmente em pontos de parada e descanso. Isso limita a entrada de novas motoristas no mercado, embora muitas sonhem em seguir a profissão. Ainda assim, exemplos de mulheres que venceram as dificuldades se multiplicam e inspiram outras a não desistirem.

Outro exemplo é o de Lucélia da Silva Teixeira, 40 anos, que deixou para trás uma década no transporte urbano de Curitiba para se dedicar às longas distâncias. “Eu amo tanto o que faço, que até mesmo as dificuldades se tornam boas. Cada rota nova e cada parada inesperada se transformam em aprendizado”, conta.

A profissão também tem sido oportunidade de recomeço para muitas. Deize Cristina Weiler, 50 anos, já trabalhou como costureira, cozinheira e babá antes de assumir o volante de um caminhão. Há cinco anos na profissão, ela aconselha outras mulheres a não terem medo da mudança. “Sempre que for necessário, recomece. Nunca é tarde para seguir um novo caminho”, diz.

Histórias como a de Verônica Frighetto, 43 anos, reforçam esse espírito. Ela passou por diferentes trabalhos e priorizou a família antes de realizar o sonho de dirigir caminhão. “Nada do que fiz antes me realizava de fato. Quando voltei para o Paraná, decidi seguir meu coração. Hoje, depois de oito anos de estrada, tenho certeza que nunca é tarde para buscar aquilo que nos faz felizes”, afirma.

Lucélia da Silva Teixeira - Motorista de carreta da Potencial Combustíveis - Créditos: Grupo Potencial / Divulgação

Além de ampliar a representatividade no setor, essas histórias mostram que as mulheres trazem novos olhares para a profissão, valorizando a segurança, a atenção aos detalhes e o cuidado com o veículo. A cada ano, cresce o número daquelas que transformam paixão em profissão, ajudando a redefinir a cultura das estradas brasileiras.

O número poderia ser ainda maior se houvesse mais segurança e estrutura para elas nas estradas. Essa falta de condições faz com que poucas mulheres atuem como caminhoneiras, embora muitas sonhem com isso. A baixa presença de mulheres com experiência no mercado também é um desafio para ampliar as contratações no Grupo Potencial.

E você, motorista, já rodou ao lado de mulheres que fazem a diferença no transporte? Compartilhe sua experiência nos comentários e continue ligado no Planeta Caminhão, onde as histórias da estrada ganham voz e inspiração.

Verônica Frighetto - Motorista de carreta da BWT Transporte - Créditos: Grupo Potencial / Divulgação
 

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