Ao todo serão 9 novos pedágios em rodovias estaduais utilizando sistema Free Flow, contando os existentes; Fernão Dias e Régis Bittencourt também receberão novos pórticos

O governo do estado de São Paulo autorizou oficialmente a criação de cinco novos pedágios na Rodovia Raposo Tavares (SP-270), no trecho entre a capital paulista e Cotia. A medida, anunciada como parte do projeto de concessão “Nova Raposo Tavares”, prevê a instalação dos pedágios no modelo “free flow”, sem barreiras físicas e com cobrança por passagem registrada por sensores e câmeras.

A autorização para a instalação foi formalizada após o aval da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), vinculada à Secretaria de Parcerias em Investimentos. O projeto de concessão, vencido pela empresa ViaNova, prevê R$ 6 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos em 460 km de rodovias, incluindo a própria Raposo Tavares e seus trechos urbanos e intermunicipais.

Os novos pedágios ficarão localizados nos seguintes pontos: km 16,2 (Zona Oeste da capital), km 20,7, km 26,5, km 30,6 e km 36,1 da Raposo. A cobrança será proporcional à distância percorrida, com os valores variando de R$ 1,10 a R$ 2,10 por trecho para veículos leves. Já os caminhões pagarão mais, conforme o número de eixos.

Para um caminhoneiro que percorre o trecho completo entre a cidade de São Paulo e Cotia — cerca de 40 km — o custo pode ultrapassar R$ 10, considerando um veículo de dois eixos. O impacto financeiro se agrava no transporte de cargas que utiliza esse corredor com frequência, especialmente para empresas frotistas e motoristas autônomos que realizam rotas diárias.

A previsão é de que os pedágios comecem a operar já em 2026. Segundo a Artesp, o objetivo é distribuir melhor o tráfego, reduzir congestionamentos e melhorar a segurança viária. Contudo, a proposta gerou forte reação contrária da população local, usuários frequentes da via e representantes do setor de transporte de cargas.

Entidades como a Associação Brasileira de Transportadores Autônomos de Carga (ABTAC) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo (Setcesp) alertam que o aumento do custo logístico pode ser repassado ao consumidor final. Isso afetaria o preço de produtos transportados por esse eixo, especialmente alimentos, combustíveis e mercadorias destinadas à Região Metropolitana de São Paulo.

Outro ponto de crítica está na ausência de alternativas viárias gratuitas. Moradores da região de Cotia, Osasco e Butantã — bairros diretamente afetados — acusam o governo de criar uma “cortina tarifária”, tornando inviável o deslocamento cotidiano sem custo.

O governo do estado, por meio da Secretaria de Parcerias em Investimentos, afirmou que o contrato prevê isenção para moradores de áreas próximas aos pedágios e subsídios para veículos de transporte público. Mesmo assim, a medida é alvo de ações na Justiça e protestos estão sendo organizados por movimentos sociais e lideranças regionais.

No caso de um caminhoneiro que precisa percorrer o trecho entre São Paulo e Registro, no sul do estado, pela Raposo Tavares e BR-116 (Régis Bittencourt), o custo estimado com pedágios pode chegar a R$ 180 para ida e volta, considerando todas as praças e os novos pedágios adicionados à conta.

A expectativa da ViaNova é de que o retorno do investimento ocorra nos primeiros 12 anos de contrato, com base no aumento da fluidez e no monitoramento da via. Além dos pedágios, a concessão prevê obras de duplicação, novas marginais, passarelas e melhorias no acesso a bairros.

Com essa nova estrutura tarifária, a discussão sobre o equilíbrio entre infraestrutura e impacto social volta à tona. Para o setor de transporte rodoviário, o desafio é adequar as rotas e negociar reajustes de frete que garantam a continuidade das operações sem comprometer a competitividade. Você utiliza esse trecho nas suas viagens? O que achou dessa notícia? Participe com a gente e compartilhe com seus amigos de trecho. 

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