Calor intenso pode prejudicar o funcionamento das baterias, diminuindo a autonomia dos veículos.
A eletromobilidade já é uma realidade em todo o mundo. Isso porque, a cada ano, aumentam os investimentos em soluções elétricas ou híbridas no setor automotivo, e não só em veículos de passeio, mas também, nos comerciais, inclusive pesados. No segmento de transportes de passageiros, por exemplo, os veículos 100% elétricos em atividade no país aumentaram consideravelmente. Só na cidade de São Paulo, a frota de veículos desse tipo foi de 69, para 84 até janeiro de 2024.
Quando o assunto é caminhão, o emplacamento de veículos elétricos apresentou alta, em especial os modelos leves. Grandes empresas de logística e transporte de carga em áreas urbanas, como o segmento de bebidas, já enxergam os caminhões elétricos como opção para suas frotas. Até mesmo a prefeitura de São Paulo possui caminhões 100% elétricos em sua frota de caminhões para a limpeza urbana, mostrando que a adesão desses veículos vem se tornando realidade.
Porém, por ser uma tecnologia recente, muitas informações sobre esse tipo de veículo vão surgindo e deixando dúvidas em quem se interessa pelo tema. Uma das questões é a autonomia, ou seja, a distância que ele é capaz de percorrer com uma carga completa da bateria. Isso porque, apesar de terem uma autonomia definida por testes, em uma operação diária, muitas variáveis precisam ser levadas em consideração, como circuito, peso, subidas muito íngremes e uma das mais importantes: o calor.
Isso porque, as altas temperaturas impactam diversos aspectos dos veículos, principalmente os sistemas de arrefecimento do motor elétrico e das baterias, que são diretamente impactados pelo calor, podem ter sua performance reduzida, fazendo com que a queda na autonomia dos veículos 100% elétricos seja mais rápida. Para os especialistas, devido a proximidade das baterias com o solo, elas recebem mais radiação de calor do asfalto, o que influencia no funcionamento.
Em um país como o Brasil, em que no verão as temperaturas podem ultrapassar os 35º, isso pode representar um desafio extra para o gestor da frota. Já que, para manter a temperatura de todo o conjunto - e das beterias - há um gasto mair de energia, reduzindo a autonomia dos pesados. De acordo com pesquisadors, quanto mais simples a tecnologia da bateria, maior é o gasto com refrigeração.
Esses dados são resultado de um estudo realizado pela Geotab, uma da empresas líderes globais em soluções de transporte conectado, que analisou dados de milhares de veículos elétricos e concluiu que, apesar das temperaturas mais baixas também impactarem a performance dos veículos - já que o frio afeta a capacidade das baterias de armazenar e liberar energia - o calor é um fator que pode ser ainda mais prejudicial.
Segundo as análises apresentadas na pesquisa, temperaturas na faixa de 21°C são ideais para a autonomia desses veículos, apresentam melhor desempenho do que sua autonomia nominal, atingindo picos de 115%. Assim, em um dia de condições amenas, um veículo que deveria ter a autonomia de 200 km, pode ir além e entregar até 215 km. Um exemplo são os novos ônibus elétricos adquiridos pela prefeitura de São Paulo, com a maior autonomia entre os ônibus elétricos no país: de 250 a 300 km.
De acordo com a Mercedes-Benz caminhões e ônibus, o eO500U tem essa variação devido justamente ao clima do local onde vai operar. Além do impacto direto na bateria do veículo, em dias mais quentes a utilização do ar-condicionado se torna indispensável, o que acaba por consumir mais energia da bateria (assim como funciona com combustível). Ou seja, em dias de muito calor, é como se a bateria ficasse “sobrecarregada”, diminuindo a autonomia do veículo.
Ferramentas de monitoramento que mostram o impacto da temperatura e velocidade na autonomia do veículo elétrico já estão disponíveis no mercado, justamente para ajudar o condutor - e gestores - no planejamento das rotas desse veículo. Com elas é possível analisar os dados de performance dos veículos e oferecer insights sobre como obter a melhor performance em temperaturas extremas.
Eduardo Canicoba, VP da Geotab no Brasil, acredita que essas questões podem ser solucionadas com novas tecnologias e analisa os veículos elétricos como um grande avanço em relação ao combate às mudanças climáticas, por isso muitos países já estão adotando planos para a migração de suas frotas: “Cada veículo a combustão que deixa de circular é um passo rumo a cidades mais sustentáveis e menos poluídas. Nos orgulhamos muito de apoiar nossos clientes em seus processos de eletrificação de frotas”, diz.
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