Em corrida pegada, Muffato e Fleck vencem as duas e bagunçam a classificação

Em circuito travado, pilotos seguraram a vantagem da pole e somaram o máximo de pontos

Não faltou emoção na disputa da quinta etapa da Fórmula Truck, no Velopark do Rio Grande do Sul. Em um domingo de sol, o clima esquentou também nas pistas, e agora a competição tem um líder disparado na categoria GT Truck e uma classificação bem apertada na categoria Fórmula Truck. Correndo em casa, Pedro Muffato brigou muito para garantir duas vitórias e Rafa Fleck, seguindo o exemplo, fez valer a pole e também venceu as duas baterias.

Em situações diferentes na classificação, mas com intenções semelhantes na corrida, Pedro Muffato e Rafael Fleck fizeram a pole nos classificatórios do sábado (19) e entraram na primeira fila. Muffato entrou na pista para defender a liderança da categoria GT Truck - Eletrônica, até então, a um ponto de diferença do segundo colocado, Taio Agostini. Já Rafael Fleck largou como o terceiro melhor de sua categoria, a 8 pontos dos dois primeiros. Ambos corriam para conquistar a liderança e quem sabe, ganhar uma "gordurinha" dos demais.

Pedro Muffato correndo com o Scania #20 largou na primeira posição, seguido por Joãozinho Santa Helena, com seu Mercedes-Benz Actros #33, Rafael Fleck, com seu amarelo #76 e Taio Agostini, com seu Mercedes #97. Fechando grid estava Ramiris Fontanella, largando em quinto com seu #04 e Márcio Rampon, com seu 113H #22. Embora alguns caminhões tenham apresentado problemas com fumaça, mais de 30 caminhões foram para a disputa, aos olhos de um Velopark lotado.

Ainda na largada deu para perceber que todo mundo queria ganhar. Seu Pedro conseguiu escapar na primeira colocação, mas não teve sossego com a sombra, Joãozinho Santa Helena, que parecia determinado a ultrapassar o piloto de 83 anos. Rafael Fleck ainda tentou ganhar a segunda posição na largada, mas Santa Helena foi mais esperto e colou em Pedro Muffato. Nos pelotões seguintes, a disputa também era forte, tanto que Túlio Bendo, com o truck #06, acabou rodando no meio da pista.

No pelotão de frente, Pedro Muffato tentava abrir distância para o segundo colocado, mas Santa Helena não saía do enquadramento do retrovisor. Tentava ultrapassar por qualquer brecha que seu Pedro pudesse dar, até que, entrando em uma curva no final da reta oposta, aproveitou um pequeno espaço de seu Pedro e tomou a frente. Seu Pedro, com toda experiência, colocou por dentro, fez o "x" e retomou a posição. Começou então a disputa mais acirrada da temporada.

Enquanto Pedro Muffato sofria pressão de Santa Helena, Rafael Fleck viu Taio Agostini, com o truck #97, ficando a apenas dois caminhões de diferença para o próximo colocado de sua categoria - Bomba Injetora - Márcio Rampon. Precisando recuperar a posição, por vezes, fazia ultrapassagens ousadas, que surpreendia até a transmissão. Ainda nas primeiras voltas, Fleck recuperou a posição após Taio Agostini perder intensidade do caminhão e ser ultrapassado pelos demais.

O circuito do Velopark, região metropolitana de Porto Alegre, é um circuito novo para a maioria dos pilotos. Apenas o jurássico Pedro Muffato, e os gaúchos Rafael Fleck, Leo Barramacher e Cris Rosito já haviam corrido no autódromo, que é considerado por eles como muito "travado", de ultrapassagens complicadas e alto risco de colisão. A pista também exige muito dos caminhões, o que se mostrou verdade quando alguns começaram a aquecer e deixar a disputa.

Após uma panca "bonita" entre Niltinho Jacobsen e Dario Amaral, que pegou a dianteira do truck #15 do "Pirata", e o deixou atravessado na pista, a posição do caminhão levava perigo a eles e outros pilotos, por isso foi dada bandeira amarela e entrou o Pace Truck guiado pela Bruna Asman. Faltando pouco mais de 7 minutos para encerrar a primeira bateria, os caminhões puderam fazer a largada. Na bandeira verde, os quatro primeiros: Muffato, Santa Helena, Fleck e Fontanella formavam o pelotão de elite, e o único "intruso" era o atrevido truck #76, o bomba injetora no meio dos eletrônicos.

Na primeira bateria, Joãozinho Santa Helena tentava repetir o feito de Londrina, e ultrapassar Pedro Muffato na última volta. Mas, não conseguiu deixar o truck #20 para trás. Mesmo com muita pressão e até após um leve toque na sua traseira, seu Pedro Muffato manteve a posição e mesmo passando a linha de chegada quase lado a lado, terminou em primeiro. Rafael Fleck, o terceiro colocado no geral, garantiu a vitória na categoria Bomba Injetora.

Na largada da segunda bateria, o duelo entre Muffato e Santa Helena ganhou novas cenas. Na primeira curva no fim da reta, Santa Helena forçou uma ultrapassagem, e ficou lado a lado com seu Pedro durante alguns metros, até que na zebra, seu Pedro escapou um pouco e perdeu a posição. Santa Helena até tentou se distanciar, mas logo no final da reta oposta, aproveitou a entrada da curva para colocar por dentro e na preferência, recuperou novamente a primeira colocação.

Joãozinho Santa Helena não desistia e literalmente colou na traseira de seu Pedro, fazendo a melhor volta seguidas vezes. Nas posições intermediárias, a disputa também seguia bem acirrada. Mas, o circuito difícil voltou a fazer suas vítimas. Um problema mecânico no caminhão de Cris Rosito a tirou da prova e derramou óleo na pista. Logo em seguida, Taio Agostini rodou feio, foi para a grama e tentando voltar o caminhão para a corrida, tomou uma panca dianteira. Mais uma vez bandeira amarela e Pace Truck na pista.

Faltando 15 minutos, foi dada bandeira vermelha para que se finalizasse os últimos atendimentos na pista. Na relargada, dos 33 que iniciaram, 21 caminhões voltaram para os minutos finais. Na curva seguinte à reta dos boxes, no mesmo estilo em que teve sucesso da última vez, Santa Helena força e consegue passar Pedro Muffato. Mas no final da ret oposta - novamente ao entrar na curva - Muffato retoma a posição.

Enquanto isso, as grandes disputas acontecem também no "miolão", com Paulinho Rampon #21 e Duda Conci brigando por posição na categoria Bomba Injetora. Duda arriscando ultrapassagens mesmo com o caminhão trepidando, enquanto Rampon encontra dificuldade para recuperar a posição. Depois que Daniel Lovato #55 teve problemas e precisou deixar o caminhão na pista, mais uma vez foi dada a bandeira amarela e o Pace Truck entrou na pista novamente.

Na relargada, seu Pedro Muffato #20 garantiu a primeira posição mesmo sofrendo forte pressão de Joãozinho Santa Helena #33, colado nele na segunda colocação. Rafael Fleck #76 passou em terceiro colocado, seguido pelo companheiro de equipe Ramiris Fontanella #04, quarto. Na quinta colocação, ficou Jorginho Feio, com o truck #023. O estreante Chaveirinho com o truck #80 ficou em sexto. Álvaro Bendo #03, Léo Barramacher #08, Túlio Bendo #06 e os irmãos Rampon fecham os dez primeiros do grid.

O fato de ser um circuito pouco conhecido diminuiu a intensidade das disputas e a emoção da corrida, que teve pegas emocionantes e pressão do começo ao fim. Não foi uma corrida fácil de ganhar, com toda certeza. Não só pela entrega dos pilotos, mas também pelas condições impostas pelo circuito, que exigiu muito dos freios dos pesados.

A quinta etapa contou também com o retorno do lendário Med Macarrão e seus shows que levaram o público ao delírio e causaram filas quilométricas com gente de todas as idades interessadas em participar de suas manobras. A próxima etapa da Fórmula Truck será no Autódromo de Goiânia, em setembro.