Motoristas apontam dificuldades de abastecimento desde segunda-feira. ANP informa restrição temporária
Os postos de combustíveis de todo o Brasil estão sentindo a falta de diesel S10. Pelas estradas do país, diversos caminhoneiros ficaram por horas - e muitos ainda estão - aguardando a chegada do combustível para seguir a viagem de trabalho. Houveram relatos de motoristas sem diesel no interior de São Paulo, Minas Gerais, pelo menos outros 10 Estados e no Distrito Federal.
A redação do Planeta Caminhão esteve em um Posto de Combustível em Embu das Artes, na Rodovia Régis Bittencourt, uma das mais movimentadas do Estado, em contato com o gerente, fomos informados que apesar do aumento do preço, a distribuidora ainda não entregou o combustível comprado e informou que o novo preço já vai ser repassado hoje (16). O que parece ser uma falta de diesel, é na verdade, uma séria restrição na oferta de diesel gerada pelos preços dos combustíveis praticados no Brasil, que estão mais baixos que os do mercado internacional, o que desincentiva a importação.
Após a mudança na política de preços da Petrobrás, o valor do diesel se manteve em queda desde o começo do ano. Porém, a companhia anunciou nesta semana, um novo reajuste, que no caso do diesel S10 teve um aumento de R$ 0,78- litro; para S500 foi de R$ 0,70 e para a gasolina R$ 0,37. Nesse cenário de maior custos, os motoristas também estão encontrando também o prejuízo de ficar parado, já que alguns relatam que ficaram até 3 dias parados até conseguirem abastecer.
Um gerente de um posto de gasolinaa cerca de 370 quilômetros de Belo Horizonte, em Minas Gerais, desabafou sem revelar sua identidade, que o estabelecimento de bandeira Petrobras, ficou sem diesel pela primeira vez na noite da última quinta-feira (10). Desde então a distribuidora entrega quantidades insuficientes. Em contato com o posto na manhã desta quarta-feira, foos informados que a falta de diesel S10 persistia.
Para o gerente, a situação é nova e nem nos postos da redondeza é possível encontrar o combustível: “Em 23 anos de existência desse posto, nunca vivi uma coisa dessas. Temos outros três postos na região, que já estão sem diesel. A nossa rede presta outros serviços. Temos 200 caminhões e estamos procurando diesel em outras redes para poder abastecer alguns, mas não encontramos ainda”, contou.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Sindipostos e outros órgãos, questionaram a Petrobrás sobre o risco da falta de diesel e sobre sobre defasagem nos preços dos combustíveis em relação ao mercado internacional. A diferença entre o diesel vendido no Brasil e no exterior já chega a R$ 1,29 por litro.
A ANP, por exemplo, entrou em contato com distribuidoras e redes de postos para questionar sobre o risco de desabastecimento de óleo diesel. Segundo a Associação, o aumento anunciado pela Petrobrás gera uma diferença expressiva no valor final para o consumidor e o impacto do aumento do diesel causa uma reação em cadeia na economia. Mesmo com o reajuste, a entidade alerta que pode haver uma restrição temporária, mas não há previsão de falta do produto.
Segundo nota, a ANP informa que “as dificuldades para aquisição de diesel refletem as elevadas defasagens no preço interno do combustível em relação às cotações internacionais do petróleo, que reduzem o apetite por importações e levam distribuidoras a priorizar o fornecimento às suas próprias redes de postos”. De acordo com a ANP, no mês de maio, 27,5% do diesel vendido nos postos brasileiros tinha origem importada.
Ainda que a Petrobras não seja a única fornecedora de diesel no país, ela é a maior responsável pelo fornecimento dele por aqui, com uma fatia de mercado superior a 70%. Por isso, sua política de preços afeta os preços e abastecimento nacional de combustíveis no país. Em meados de maio, a estatal anunciou que estava deixando a paridade de preços de importação (PPI) – o que barateou os combustíveis na ponta, mas os encareceu no caso dos importadores.
O presidente da Abicon, Sérgio Araújo, atribuiu a falta de diesel à nova política de preços da Petrobras. Em um comunicado, a associação mostrou que há uma distorção nos preços praticados hoje pela Petrobras, uma vez que o Brasil precisa deste produto vindo de importação, pois não é autossuficiente em diesel e gasolina.
Veja como ficou o preço dos combustíveis após a variação nos preços:
S10: +0,78
S500: +0,70
Gasolina: +0,37
É possível observar um “sobe e desce” próximo à linha da paridade. A partir de maio de 2023, o gráfico passa a ficar sistematicamente abaixo da linha de paridade. O último dado mostra que o diesel vendido pela Petrobras está R$ 1,29 abaixo desta paridade, ou 30% menor. / Reprodução CNN
Ainda não há previsão de restabelecimento total do diesel S10 nos 42 mil revendedores ou postos de combustíveis espalhados pelo país, porém, tanto a ANP,como a Abicom acreditam que a situação se normalize após as mudanças realizadas pela Petrobrás entrem em vigor. Até o momento, caminhoneiros de todo brasil se encontram com dificuldade para abastecer, inclusive em postos de grande circulação, como no Posto BR que paramos em Embu das Artes, São Paulo.
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