Fiscalização eletrônica pretende utilizar o efeito doppler para inibir condutores que tentam burlar os limites de velocidade

Os radares fazem parte da vida dos motoristas brasileiros, sejam eles profissionais ou não. Para os profissionais, como os caminhoneiros, são ainda mais importantes - pois, além de garantir a fiscalização ou monitoramento dos condutores em relação à velocidade, também captam infrações como furar o farol vermelho e alguns até mesmo conversões proibidas.

Não é raro, porém, que muitos motoristas, já conhecendo a localização dos radares eletrônicos físicos, encontrem um jeito de burlar a fiscalização, seja alterando o caminho, ou simplesmente, desacelerando próximo aos radares e em seguida, acelerando novamente, o chamado “jeitinho brasileiro” de escapar da fiscalização de excesso de velocidade. 

Porém, essa prática - que já não passa despercebida, pode estar com os dias contados, ou pelo menos, pode estar perto de começar a ser reduzida. Isso porque, cidades como São Paulo e Curitiba estão recorrendo à tecnologia para tentar diminuir essa prática bastante usada pelos maus motoristas para fugir dos radares fixos nas rodovias do país.

Para colocar um ponto final nesta “malandragem”, a solução escolhida foi criar um equipamento com base no que é conhecido como Efeito Doppler, um fenômeno físico que permite o efeito de aparente mudança da frequência das ondas sonoras transmitidas por um objeto que está em movimento, em relação ao observador. O efeito de perceber a alteração de uma frequência sonora através de um movimento relativo (aproximação ou afastamento) de um objeto.

Efeito Doppler nos radares: como funciona?

Na teoria, embora pareça complicada, a relação entre os novos radares e o Efeito Doppler é simples. A tecnologia que está sendo testada nesses equipamentos, não é igual as que existem atualmente, capazes de medir a velocidade do veículo na via por meio de sensores instalados no asfalto.

Os novos radares em  testes nas cidades paulistas e curitibanas, pretendem - literalmente - pegar os maus motoristas, ou seja, aqueles que insistem no costume de frear ao chegar perto do equipamento para evitar a multa, mas acelera o veículo logo depois de passar por ele,às vezes até ultrapassando o permitido, utilizando a medição de ondas eletromagnéticas.

A tecnologia inovadora vai permitir que os radares possam aferir a velocidade dos veículos a uma distância de até 50 metros após eles terem passado pelo ponto de instalação. Além disso, os aparelhos foram programados para também registrar, com imagens, possíveis mudanças de faixa proibidas e desrespeito ao sinal vermelho.

Isso significa que, mesmo que o motorista reduza a velocidade para passar em um radar, o equipamento vai continuar monitorando aquele veículo por uns bons metros mais à frente depois do local instalado. A intenção não é só inibir a prática, mas tentar aplicar, de fato, os limites de velocidade determinados por lei. 

Capitais já utilizam os novos radares

A capital paulista e a capital paranaense estão testando os novos radares que identificam os maus motoristas à distância. Em Curitiba os equipamentos têm obtido bons resultados, segundo relatou o Coordenador da Unidade de Monitoramento por Dispositivos Eletrônicos da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, Herick Dal Gobbo.

O especialista afirmou que a adoção dos radares que utilizam a tecnologia Doppler para funcionar, “é uma forte tendência” e, por isso, novos equipamentos devem ser instalados pelo país  em breve, levando em conta estudos de tráfego, incidência de multas e de fiscalizações para a escolha dos municípios.

Apesar de ainda não estarem liberados para aplicar multas, os equipamentos já são homologados pelo Inmetro e frequentemente passam por aferições e coleta de dados. De acordo com o coordenador, os radares precisam de um número menor de manutenções corretivas e, por conta disso, “tornam a fiscalização mais eficaz”.

Radares em teste - São Paulo

Na cidade de São Paulo, os radares que identificam infrações à distância estão distribuídos por seis rodovias. São 13 aparelhos funcionando com a nova tecnologia Doppler, prontos para flagrar diferentes infrações de trânsito. Veja em quais rodovias eles estão localizados:

• Rodovia Washington Luís (SP-310)
• Rodovia Luiz de Queiróz (SP-304)
• Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-225)
• Rodovia César Augusto Sgavioli (SP-261)
• Rodovia Irineu Penteado (SP-191)
• Rodovia Assis Chateaubriand (SP-425)

Vale lembrar que, por enquanto, os novos radares não estão liberados para gerar multas, já que ainda estão operando em período de testes. Porém, existe uma proposta do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) em andamento, sugerindo que eles também possam, enfim, efetivamente autuar motoristas que cometerem infrações.