Apesar da acentuada queda nos últimos meses, maio mostrou uma pequena recuperação em relação a abril. Expectativa da indústria é que ações de incentivo tenham impacto nos meses seguintes.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), apresentou os dados mais recentes da indústria automotiva no país. Apesar de vir de resultados considerados ruins nos últimos meses, os números de maio mostraram uma tímida, porém comemorada, recuperação. De acordo com Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o aumento é explicado pelo retorno das fábricas, que estavam paralisadas no último mês.
Em dados gerais, a produção do mês de maio foi de 228 mil veículos, um aumento de 27% em relação a abril, com 179 mil unidades. Houve um aumento também na comparação dos primeiros 5 meses de 2022, com os primeiros 5 meses de 2023, de 6,2%.O presidente destaca que, além do retorno dos turnos das fábricas, o mês de maio teve 4 dias úteis adicionais, e ações geradas pelas expectativas do anúncio da Medida Provisória 1.175/2023. A produção de autoveículos em maio teve o melhor resultado desde agosto.
As vendas gerais de maio foram de 177 mil veículos, um aumento em relação a abril, quando foram vendidos 167 mil automotores. Comparado ao mês de maio de 2022, os números são menores, já que ano passado, foram vendidos 187 mil veículos. Na comparação com os 5 primeiros meses do ano passado, em 2023 houve um aumento de 9,3% dos emplacamentos.
Produção e venda de caminhões
Considerando somente caminhões, em relação a abril de 2023, houve alta de 15,7%, com 8.392 caminhões fabricados em maio, em comparação aos 7.255 do mês passado. Comparado somente a maio de 2022, o cenário é de queda, com 13.947 caminhões produzidos, resultando em uma redução de 39,8%.
Já na produção acumulada de janeiro a maio deste ano, o resultado foi 31,3% inferior ao mesmo período em 2022, principalmente pelos altos juros do mercado e o aumento de preço dos pesados, efeito do novo Proconve P8. Foram 40.144 veículos fabricados, em comparação aos 58.402 modelos feitos no ano anterior.
Até maio de 2023, o total de caminhões produzidos foi de 20.427 modelos pesados, 11.182 semipesados, 6.478 leves, 1.358 médios e 699 semileves. De acordo com Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, “a produção de caminhões caminha de lado e o volume ainda é baixo, girando em torno de sete mil a oito mil unidades e com 40 mil no acumulado do ano, mais de 30% abaixo do que foi em 2022, com a introdução da fase P8 (Euro 6)”.
Ao contrário dos meses anteriores, as vendas mostraram crescimento. O aumento em maio foi de 5,1% em relação a abril, com 8.223 caminhões emplacados. Porém no acumulado de janeiro a maio, as vendas apresentaram uma queda de 4,2%, com 44.663 veículos vendidos, em comparação aos 46.630 veículos comercializados no mesmo período de 2022. De acordo com Bonini, a redução de 4,2% ainda é resultado do escoamento da produção de modelos Euro 5 disponíveis, um efeito “pré-compra” de modelos que atendem a fase P7 do Proconve.
O vice-presidente da Anfavea explica ainda que a participação dos caminhões Euro 6 nas vendas ainda está muito baixa: “Dos 44.663 veículos vendidos de janeiro a maio deste ano, 17,1%, o que corresponde a 7.633 unidades, são de modelos fabricados em 2023, enquanto deveriam representar 37%”.
Bonini explica que é natural que o volume de Euro 6 aumente gradualmente, já que não há mais novos modelos Euro 5. Do número total, 37.030 caminhões são modelos Euro 5, fabricados antes de 2023, o que corresponde a 82,9% das vendas em 2023.Porém, o executivo destacou que o número está “muito aquém, com a luz amarela, e há uma resiliência por parte da indústria” em relação a essas mudanças.
A discussão no setor é que a queda na produção neste ano se dá em grande parte pelas vendas baixas de modelos Euro 6, ocasionadas principalmente pela alta dos juros, que dificulta o acesso a novos veículos, naturalmente encarecidos com a inclusão das tecnologias para o P8.
A liderança do setor ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 11.438 caminhões de janeiro a maio deste ano, seguida pela Mercedes-Benz, com 10.577 veículos comercializados no país. O terceiro lugar ficou com a Volvo, que emplacou 7.449 veículos. A Scania foi a quarta colocada, com 4.181 caminhões vendidos até maio e a Iveco fecha a fila, com 4.025 caminhões emplacados de janeiro a maio. Com exceção da Scania, todas as demais fabricantes apresentaram resultados menores no mesmo período.
Medida Provisória 1.175/2023
A última coletiva de imprensa mensal da Anfavea teve a participação do Vice-Presidente da República Geraldo Alckmin, que explicou mais detalhes sobre a Medida Provisória do setor automotivo, anunciada recentemente pelo governo federal. Alckmin afirmou que o Governo está muito otimista com as respostas dos consumidores, com a preservação do emprego e com o fortalecimento da indústria automobilística, que representa 20% do setor de manufatura e emprega cerca de 1,2 milhão de pessoas.
O vice-presidente, que também é Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, classificou a MP 1175 como "inteligente, pois atende o transporte coletivo, o de carga e os compradores de veículos leves, trazendo os critérios social e ambiental, além da densidade industrial”. A Medida Provisória estabelece um mecanismo de desconto nos preços, patrocinado pelo governo, para facilitar a compra de veículos mais sustentáveis por pessoas físicas e jurídicas.
Basicamente, a medida dá um crédito (ou um desconto) para o proprietário que "oferecer" o veículo para reciclagem. Durante a coletiva, Alckmin explicou que "o caminhoneiro ou quem quer comprar um caminhão novo, leva o documento que diz que ele comprou esse caminhão com mais de 20 anos, licenciado, e o documento que mandou para a reciclagem". Os critérios para definição do desconto patrocinado levarão em conta a eficiência energética do veículo, o preço do bem e o conteúdo nacional dos componentes.
Para a Anfavea, o programa é abrangente e tem foco não só de aquecimento do mercado de veículos leves e pesados, mas também um forte estímulo para o lado ambiental e de segurança viária, que pretendem promover a renovação de frota de caminhões e ônibus de forma direta, e estimulando indiretamente essa renovação entre os automóveis, ao reduzir preços de modelos 0km, e pressionando para baixo o valor dos usados.
Márcio de Lima Leite, destaca que é uma tentativa de reação da indústria automotiva com potencial, mesmo que tenha uma previsão de duração: "Embora seja um programa de curta duração, traz ânimo para todo o ecossistema automotivo e coloca um foco sobre um setor que tem potencial para gerar incontáveis benefícios à sociedade brasileira de forma geral", afirmou.
A MP já está em vigor, mas terá de ser analisada pelos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado. O programa tem duração de 120 dias e serão destinados R$ 1,5 bilhão em créditos tributários, sendo R$ 500 milhões para veículos leves, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus, recurso que será proveniente do aumento no preço do diesel.
Pelas estimativas da Anfavea, cerca de 100 mil a 110 mil automóveis e comerciais leves poderão usufruir dos descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil, antes do esgotamento do teto de R$ 500 milhões em créditos tributários disponibilizados pelo Ministério da Fazenda. Isso deverá ocorrer em pouco mais de um mês, ou seja, antes dos 4 meses de prazo estipulado pela MP 1175.
Para caminhões, micro-ônibus e ônibus, espera-se um prazo mais largo para o teto de R$ 1 bilhão, até porque são veículos de maior valor, e com venda atrelada à retirada das ruas e reciclagem de veículos pesados com mais de 20 anos de uso para desconto. Para caminhões menores e micro-ônibus, o crédito será de até R$ 36,6 mil. Para ônibus e caminhões maiores, o crédito será de R$ 99,4 mil.
No canal do Planeta Caminhão no Youtube, batemos um papo sobre a medida, prós e contras e um pouco das nossas percepções sobre o tema. Qual sua opinião sobre a MP? Clique aqui, assista o vídeo e comente. Fique de olho em nossas redes sociais.
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