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Primeiro trimestre tem produção de caminhões limitada e alta de 6% na venda de novos

Primeiro trimestre tem produção de caminhões limitada e alta de 6% na venda de novos

Anfavea analisa que o período foi marcado por fechamento de fábricas e cancelamento de dois turnos, o que impacta fortemente na produção anual

Historicamente, o primeiro trimestre é muito relevante e importante para os números do ano na indústria automotiva. Os números desse período são quase uma estimativa do que esperar no ano, em relação à produção, vendas e exportações de veículos no Brasil. Porém, os três primeiros meses do ano de 2023 não foram muito positivos para a indústria, não só pela mudança da tecnologia Euro 5 para Euro 6, mas também por questões econômicas, como a mudança no governo e a alta de juros.

Mas, além do encarecimento dos veículos, algo previsto desde meados de 2022, os primeiros meses do ano ainda tiveram questões como o feriado de carnaval e a paralisação de fábricas, caso das montadoras Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai, que anunciaram em Março a pausa na produção e férias coletivas para os funcionários. Além do recente cancelamento de dois turnos de trabalho, anunciado em Abril pela Mercedes-Benz.

Apesar da melhora nos números em março, conforme divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção acumulada no primeiro trimestre ainda está cerca de 50 mil unidades abaixo dos níveis pré-pandemia. De janeiro a março foram produzidos 538 mil autoveículos, apenas 8% a mais que no início do ano passado, quando a crise dos semicondutores estava no auge. Para veículos pesados, houve redução de cerca de 30% no volume de produção.



As vendas acumuladas de autoveículos no trimestre foram de 472 mil unidades. O crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado poderia indicar sinais de recuperação, mas na verdade a base de 2022 é muito baixa, já que faltavam carros nas concessionárias. Em relação aos volumes de antes da pandemia, a defasagem é superior a 20%.

Para os especialistas, o encarecimento do crédito (devido à alta taxa de juros) e a redução do poder de compra da população, foi o que reduziu o potencial de financiamento e, consequentemente, diminuiu a demanda por veículos novos. Além disso, o custo de produção está maior, devido a dificuldades logísticas e escassez de matéria-prima, somados a uma maior competitividade e a necessidade de investir em novas tecnologias para diversificar as matrizes energéticas dos veículos.

Segundo a Anfavea, o mês de março foi marcado por um crescimento de novas tecnologias e eletrificação, o que encareceu em quase 30% os veículos, um aumento significativo de custo. “Hoje as fábricas estão com uma produção muito abaixo do normal. Mais de 90% das vendas foram de produções de 2022 vendidas agora”, explicou o presidente Márcio de Lima Leite. 


A associação informou em coletiva que o ano de 2022 foi o pior trimestre desde 2004, e os números de 2023 se mostram praticamente iguais aos do ano passado. Sendo assim, o primeiro trimestre de 2023 está praticamente com os mesmos números, indicando que pode ser ainda mais baixo do que no ano passado. 

Marcio Leite destaca que, embora os números de venda de novos sejam superiores a anos anteriores, não havia uma estimativa tão pessimista em relação à produção e também, houve uma grande participação de locadoras de veículos: "A fotografia do momento seria pior se não fossem as boas vendas para locadoras em março, 28% do total. Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado", analisou.

Produção de caminhões no primeiro trimestre

De janeiro a março de 2023, a produção brasileira de caminhões somou 24.497 unidades, um volume 28,8% menor do que o alcançado no mesmo período de 2022, quando produziu 34,4 mil caminhões. De acordo com a Anfavea, a queda está diretamente ligada ao encarecimento dos pesados por causa do Proconve P8.


Além da queda de produção no período, a Anfavea registrou também redução no volume mensal, com 12.325 caminhões saindo das linhas de produção em março, um número 8,9% menor do que no mesmo mês do ano passado, quando o volume mensal foi de 13.531 caminhões. Se comparado com as 8.123 unidades produzidas em fevereiro, a redução foi de 51,7%.

Essa produção é menor que os anos anteriores, inclusive 2020. Uma resposta para a baixa demanda é o encarecimento dos veículos após a chegada do Euro 6, já que para reduzir a emissão de poluentes, os veículos receberam novas e caras tecnologias. O investimento encarece até 30% os novos caminhões, fazendo com que os que buscam comprar um veículo, optem pelo estoque de caminhões Euro 5 que ainda estão à venda. 

Porém, paralelo a isso, também tem a alta dos juros, que de acordo com o presidente da Anfavea, tem sido a principal razão para a queda desse mercado. A média diária de produção de caminhões em março foi 3% inferior à de fevereiro e 4,4% menor que a de março de 2022. 

Sobre os números do trimestre, Márcio de Lima Leite afirma que "nesses três primeiros meses, tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022. A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda", explicou , lembrando que há novas paralisações anunciadas para abril.
 

Venda de caminhões no primeiro trimestre

O esfriamento da demanda de caminhões, devido aos altos custos e a falta de uma linha de crédito específica para essa demanda no país tem diminuído as vendas de caminhões novos. No mês de março, foram emplacados 10,1 caminhões, um número 24% maior do que no mês de fevereiro. Porém, se comparado ao mesmo mês no ano passado, os números são iguais, tornando a produção estável na comparação de um ano a outro.

Se comparados os números de janeiro a março de 2022 e 2023, houve um aumento de 6,6% de um ano para outro. Ou seja, entre janeiro e março de 2023 foram vendidos 28,6 mil veículos, enquanto que no mesmo período do ano anterior, foram emplacadas 26,9 unidades. Esse número é, inclusive, o maior desde 2020. 

Em relação aos veículos elétricos e a gás, houve uma queda de 51,1% entre fevereiro e março de 2023, com a venda de 44 unidades, ante 90 no mês passado. Comparado com o mesmo mês em 2022 a queda é ainda maior. Nesse mesmo período, no ano passado, foram vendidos 113 caminhões elétricos ou a gás, uma queda de 61,1%.


Renovação da frota leves e pesados

A renovação da frota de veículos acima de 30 anos tem sido um dos assuntos de discussão com órgãos sindicais e governamentais. De acordo com o presidente da Anfavea, o assunto está sendo estudado e está em boa evolução, Conforme foi lembrado, toda a indústria se organizou para se adequar às regras de emissão de poluentes, mas a maioria esmagadora dos caminhões que circulam no Brasil não possuem esse controle. 

Segundo Márcio Leite, um veículo antigo polui até 20x mais que um veículo novo e trabalhar pensando em caminhões não poluentes, para um mercado que ainda gira em cima do envelhecimento da frota, acaba por ser uma lógica de enxugar gelo. Conforme informado pelo executivo na coletiva com os jornalistas, a conversa com o governo tem andando bem e em breve terão novidades sobre o tema.

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