Apesar do baixo impacto durante a pandemia e de bons números, diesel causa baixas, mas expectativa para próximo ano é otimista
Principal modal de movimentação de cargas no Brasil, o transporte rodoviário de cargas (TRC) é um dos setores que se manteve em alta nos últimos anos, mesmo com a pandemia. Segundo dados da 8ª edição do relatório Fretebras, apenas no primeiro semestre de 2022 o setor cresceu cerca de 38% no volume de carga transportada, em comparação com o mesmo período de 2021.
O mesmo estudo aponta ainda o registro da movimentação de R$ 49 bilhões pelo TRC, o que contribuiu para a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2,1%, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O setor é um dos mais movimentados da economia brasileira, mas que tem custos fixos que variam, como frete e combustível, que frequentemente passam por ajustes, encarecendo o valor final da operação.
Para Marcel Zorzin, diretor operacional da Zorzin Logística, transportadora especializada no transporte de produtos químicos, mesmo com os bons números, há pontos que exigirão atenção em 2023 para que seja possível manter a saúde financeira do setor, principalmente a questão do diesel. Com uma série de altas e oscilações durante todo o ano, o combustível chegou a atingir a média de R$ 7,10 por litro em junho, com a máxima chegando a R$ 8,95. Para o executivo, o resultado poderia ter sido ainda melhor se não fossem os aumentos contínuos dos combustíveis.
Ele afirma que: "Apesar de o ano ter sido bom, o óleo diesel foi o calcanhar de Aquiles do transporte. Foi algo que bateu de imediato no segmento. Precisamos que, em 2023, o próximo governo trabalhe para padronizar o custo do combustível, porque senão você quebra o país, quebra os empresários”, diz o executivo. Zorzin acredita que se o diesel não tivesse tido essa variação por causa da guerra e da política de preços da Petrobras, o setor teria menos problemas: “Muitas empresas não conseguiram mais operar, por conta dos custos, e acabaram quebrando. Não fosse por isso, 2022 teria sido um ano ótimo para o segmento", afirmou.
Mesmo com estas questões, o segmento aguarda crescimento em 2023 e mantém as expectativas pelo que as mudanças políticas trarão: "Este ano tivemos um crescimento considerável, e a expectativa é que consigamos manter este embalo. Se não tivermos problemas sérios na economia, tudo indica que teremos um ano muito bom para nós. Além disso, esperamos que haja um bom entendimento entre os novos governos para que o transporte rodoviário de cargas se mantenha forte", analisa Zorzin.
Completando, Marcel também acredita que os últimos anos, principalmente por conta da pandemia, deram um novo patamar ao transporte rodoviário de cargas: "Entendo que nosso setor também precisou encarar dificuldades e desafios durante a pandemia, sobretudo os motoristas que precisaram se expor e continuar trabalhando para não deixar faltar nada no país. Em um momento em que não se sabia bem o que era essencial ou não, o transporte de cargas se mostrou uma atividade essencial. Nós não paramos, e muita empresa colocou caminhão para fazer entrega de vacinas de graça. Então, o TRC mostrou o que ele é e o valor que ele possui. Ainda precisamos de mais valorização, e espero que continuem dando a atenção devida que o setor merece", finalizou.
O caminhoneiro autônomo que está na ponta, também sentiu forte os impactos da alta nos preços. Até mesmo como uma forma de equilibrar esse peso, o governo federal criou o programa Auxílio Caminhoneiro, para auxiliar os transportadores com esses custos. Você acredita que para o próximo ano os preços ficarão mais estáveis? Participe com a gente.
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