Produção de caminhões cresce 7,5% em janeiro e vai na contramão do segmento

Semipesados e pesados representaram mais de 70% do volume produzido no período

As montadoras de caminhões começaram o ano com resultado positivo em sua produção: crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse ritmo é o oposto ao de todos os outros segmentos do setor automotivo. As montadoras produziram 9,5 mil caminhões em janeiro de 2022 e segundo a Associação dos Fabricantes (ANFAVEA), que divulgou os números, o volume só não foi maior por causa das férias coletivas e do impacto da variante Ômicron entre os profissionais do setor. Os resultados foram apresentados durante coletiva de imprensa, na segunda-feira (7).

O resultado é positivo para a categoria dos caminhões, mas ainda não gera euforia, pois na comparação entre janeiro de 2022 e dezembro de 2021 houve queda de 26,1%. No último mês de 2021, o setor fabricou 12.395 unidades. Mas vale recordar que a produção de caminhões de dezembro foi a melhor para o mês desde 2011 e isso ocorreu principalmente devido à grande demanda de encomendas a serem entregues durante o primeiro semestre de 2022.

As linhas de montagem finalizaram janeiro de 2022 produzindo mais de 9 mil unidades, superando em 7,5% o volume registrado em 2021, quando 8.805 saíram das linhas de montagem. O maior destaque ficou entre os brutões: juntos, caminhões pesados e semipesados ocuparam mais de 70% do volume produzido. Os leves responderam por 22,6%, com 2,1 mil caminhões, seguidos pelos médios (3,5%) e semileves (1,5%).

Os caminhões pesados (Capacidade Máxima de Tração, CMT, acima de 45 toneladas) foram os que apresentaram melhor resultado, com 3,8 mil unidades montadas em janeiro, indicando uma leve alta de 1,5% na comparação com o ano passado. Logo na sequência vieram os semipesados (CMT igual ou inferior a 45 toneladas), com 3 mil unidades fabricadas e crescimento de 2,7% em relação ao ano passado.

Na esteira do crescimento seguem outras categorias de caminhões, como a produção de modelos leves (Peso Bruto Total, PBT, de 6 a 10 toneladas) que também foi expressiva em janeiro, produzindo 2,1 mil caminhões e indicando alta de 32,4% sobre janeiro do ano de 2021. Tanto as vendas locais, como as exportações, puxaram a fabricação de modelos leves. Em relação aos caminhões e ônibus elétricos, houve um crescimento de 0,8%, com 63 unidades produzidas esse ano e 16 produzidas no mesmo período ano passado.

O segmento se preocupa com outras categorias. Os automóveis e utilitários leves apresentaram o pior janeiro dos últimos 14 anos, segundo levantamento histórico da Autoinforme. A indústria contabilizou apenas 116,8 mil emplacamentos de automóveis e utilitários leves, o que representa queda pronunciada de 28,2% na comparação com o resultado do mesmo mês de 2021, quando a produção foi de 134,6 mil unidades.

Isso é um reflexo da soma de diversos fatores que ocorrem no país ao mesmo tempo. Além do período de pandemia, que impacta no número de trabalhadores nas fábricas, a alta dos juros segue travando um pouco o setor. Neste início de ano, a Selic foi fixada em 10,75% pelo Comitê de Política Monetária, o Copom. Mas, o aumento no número de caminhoneiros autônomos no país puxa a produção dos caminhões e cria esperança nos especialistas.

Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, as atividades em janeiro poderiam ser melhores, já que foram atingidas com mais dias de férias coletivas em diversos fabricantes, além de muitos afastamentos provocados por contaminação da Covid-19: “Os problemas causados pela Ômicron deverão ser amenizados nos próximos dois meses, permitindo um quadro mais próximo da normalidade. Mas, um sinal de alerta é para a alta dos juros acima do que era esperado. Isso pode desaquecer o mercado caso não haja contrapartidas que tragam algum alívio para o orçamento dos consumidores”, afirma.

Confira no infográfico a representação dos resultados de janeiro e dezembro de 2021 comparados a janeiro de 2022: