A Terezona, a Brejeira e o caminhão do Gyba:
A Mercedes 1524 do Gyba foi carinhosamente apelidada por ele de Terezona. Mas aí amigo você vai perguntar: Terezona? Não seria uma Brejeira?
Pois é. A 1519, que recebeu o apelido de brejeira, era a antecessora da 1524. A 1933, a Terezona, era um cavalo-mecânico de porte maior. E a 1524, que não recebeu nenhum apelido que tenha ficado famoso (nenhum que a galera do Planeta Caminhão se lembre por aqui – se você lembrar do apelido específico dela, divida com a gente nos comentários), acabou sendo apelidada pelo Gyba de Terezona também.
A 1524 foi apresentada ao público em 1984, na 4ª Brasil Transpo. Um cavalo pra 35 toneladas, que sucedeu a 1519. Tinha motor turbo de 238 cavalos e transmissão de 8 marchas. Nesse mesmo evento, a Mercedes apresentou a LS-1932, para 45 toneladas.
A Brejeira:
Dizem os entendidos que brejeira era o apelido da 1519 porque zunia demais e pouco andava. Fazia barulho, mas não desenvolvia velocidade final. Na época, a brejeira vendeu bem, mas seu motor 5 cilindros era um pouco gastão. E, pelo PBT, ela puxava uma carreta de dois eixos.
Seu motor era o OM-355/5, com 9,65 litros de capacidade cúbica do motor. Potência (DIN) na época era de 192 cavalos a 2200 rpm, enquanto o torque máximo era de 657 Nm a 1400 rpm. A caixa de marchas era uma ZF AK-6/80 (poderia ser opcionalmente equipada com uma versão sincronizada), e seu peso bruto total era de 15 toneladas, com capacidade máxima de tração de 32 toneladas.
Daí o caminhoneiro brasileiro, sempre criativo, dizia que faltava um cilindro pra ser caminhão (referindo-se aos motores 6 cilindros) e faltava um eixo pra ser carreta (pois não puxava 3 eixos).
A brejeira ficou conhecida também pelo seu interior... aconchegante. Na época comentava-se que ela chegava a depilar os pelos das canelas do motorista. O ar fresco que vinha pela frente na grade para arrefecer o motor passava pelo radiador, passava pelo motor, esquentava, e uma parte dele ia parar no capuz interno do motor (o acesso à parte traseira do motor era feito por dentro da cabine).
Em outras palavras, a tampa era sempre um forno aquecido. Bom no frio. Nem tanto no calor.
Outra característica que a galera não esquece: seu câmbio temperamental. Era um câmbio assíncrono, que tinha que ser operado no tempo. Em outras palavras, caminhão que te obriga a trabalhar a aprender a dirigir. Só engata no tempo. Errou na subida, carregado, perigava de ter que parar e começar tudo de novo. E aguenta os comentários dos amigos...
Crédito: Site Caminhão Antigo Brasil. Veja mais sobre a 1519 no link abaixo:
A 1524:
Daí lançaram a 1524, e com ela vieram diversas melhorias. O motor, ainda 5 cilindros, recebeu um turbocompressor, e bomba injetora com LDA, que auxiliava na redução da fumaça.
Seu motor, agora chamado de OM-355/5 A, dispunha da mesma capacidade cúbica, de 9,65 litros. Porém, graças a seu sistema de turbocompressor, a potência agora alcançava 238 cavalos a 2100 rpm, enquanto seu torque foi a 965 Nm a 1200 rpm.
A transmissão passou a ser a ZF 4 S 120-GP, com anéis sincronizadores, de 8 velocidades. E apesar do PBT do cavalo ter se mantido 15 toneladas, o PBTC dela passou a ser de 35 toneladas.
Ficou conhecida por ter sua transmissão manhosa. Arranhões em troca de marchas, principalmente em transmissões com quilometragem mais alta, ocorriam com frequência.
Daí o mercado buscou solução, e muitas 1524 passaram a receber transplantadas caixas de Volvo, caixas da Mercedes 1935 e caixas até o VW Titan, que é o caso do caminhão do Gyba.
Crédito: Site Caminhão Antigo Brasil. Veja mais sobre a 1524 no link abaixo:
A Terezona:
Já a 1933, que doou seu apelido para a 1524 do Gyba, bem... a principal história da origem desse apelido não vamos relatar aqui pois temos menores de idade lendo Planeta Caminhão também...
Apelidos:
Fato é que estas séries tiveram muitos apelidos.... Mula, muriçoca, brejeira, terezona, chaleira, Assadeira de mocotó, micro-ondas, churrasqueira móvel, alguns chegavam a dizer que estes caminhões tinham 3 caixas – duas na transmissão e uma terceira cheia d’água para refrescar as canelas. Apelidos carinhosos para uma série de caminhões que coleciona admiradores até hoje – ainda que alguns estejam com a batata da perna mais lisinha...
Lembra de outro apelido? Divida com a gente nos comentários – apaixonados por caminhão adoram saber mais e relembrar.
Agradecimento especial ao Gyba e aos importantes sites que mantém a história dos caminhões brasileiros: Caminhão Antigo Brasil e Lexicar Brasil.
Histórias de caminhão do Gyba:
Caçambeiro vem de berço – olha os caminhões que o pai tinha:
O Fordão, o primeiro caminhão de trabalho do pai.
A 1113, trucada.
A 1113 toco, depois de tirar o terceiro eixo (para judiar menos do caminhão).
1519 - Último caminhão do pai. Mais de 10 anos com ela.
Os caminhões da vida do Gyba:
Mercedes 1519 (a brejeira, com câmbio sem anéis sincronizadores). O primeiro caminhão que o Gyba dirigiu na vida.Mercedes 1516 azul Leco (na época os caminhões do Leite Leco usavam essa cor), primeiro caminhão de trabalho do Gyba.
Segundo caminhão de trabalho do Gyba: Um Mercedes 1313.
A Terezona do Gyba, antes de ser preta. Várias alterações foram feitas com o passar do tempo até ela chegar do jeito que é hoje.
Mais imagens do caminhão:
Bônus:
(Fotos de quando o Gyba ainda era flogueiro, viajando com o pai e tirando fotos de caminhões – em máquina de rolo que tinha que revelar, gastar dinheiro.)
Curtiu? Agora confira mais fotos que fizemos da Terezona 1524 durante o nosso Making Of:
Comentarios