Relatório destaca ‘superbaterias’ capazes de mover caminhões acima de 200 toneladas como novo marco na descarbonização da mineração
Ao menos dois fabricantes de equipamentos pesados testam baterias para caminhões de mineração acima de 200 toneladas de carga, que podem vir a equipar os primeiros modelos desse porte com motorização totalmente elétrica. De acordo com o Electric Mine Report, que analisa informações sobre as iniciativas de eletrificação na mineração, a americana Caterpillar está testando uma bateria projetada para um caminhão da marca de 265 toneladas.
Outra gigante da mineração, a alemã Liebherr, também avalia uma reserva densa de energia para um modelo seu, de 240 toneladas. As novas ‘superbaterias’ já são em si avanços relevantes, dado que os modelos criados até aqui só foram capazes de mover caminhões abaixo de 200 toneladas.
Elas são, portanto, o primeiro passo para viabilizar uma nova geração de caminhões verdes, para além dos híbridos diesel-eletricidade, de menos emissões, mas viáveis em um número limitado minas, e os caminhões a hidrogênio, que são limpos, mas com combustível de alto custo, ainda sem sentido na engenharia financeira da maioria das mineradoras.
ABB estuda usar linhas de trolley para carregar baterias em movimento. Projeto para eletrificar o transporte e eliminar o uso de diesel coloca a tecnologia da ABB no centro da sustentabilidade no setor de mineração.
De acordo com o relatório, as ‘superbaterias’ dão às mineradoras a perspectiva de zerar as emissões diretas nos veículos que hoje fazem o grosso do transporte de minério no mundo e respondem por metade da pegada de carbono do setor. Representam, dessa forma, um avanço consistente no objetivo de neutralizar emissões até 2050, nos escopos 1 e 2, como querem as mineradoras do conselho ICMM, de mineração e metais, que respondem por cerca de 30% da produção global de minérios.
O relatório editado pela Mining Magazine e Australia’s Mining Monthly avalia, no entanto, que, embora as ‘superbaterias’ sejam um passo adiante, a descarbonização do setor ainda depende de pesquisas em outras frentes. O documento sugere que o desenvolvimento de sistemas embarcados para carregar baterias, essenciais na ampliação da autonomia dos veículos, ainda não resultou em soluções adequadas às necessidades das mineradoras.
Também não existem carregadores universais, compatíveis com qualquer tipo de bateria. Os carregadores estacionários hoje disponíveis precisam, ainda, ser aprimorados para diminuir o tempo de recarga, já que os melhores protótipos para modelos de até 200 toneladas levam de dez a 40 minutos para carregar de zero a 100% as baterias de 100 a 400 kWh compatíveis com esses veículos.
Projeto para eletrificar o transporte e eliminar o uso de diesel coloca a tecnologia da ABB no centro da sustentabilidade no setor de mineração
Pelo menos nesse fronte a fabricante de sistemas elétricos ABB, citada no relatório, acredita ter uma alternativa. Paralelamente à busca por carregadores mais rápidos, a empresa estuda o uso de linhas elétricas aéreas (trolleys) que hoje movem bondes nas cidades e caminhões híbridos em minas para carregar baterias de modelos pesados.
Nessa abordagem, a bateria seria carregada continuamente, enquanto o caminhão se move conectado à rede elétrica. “Cada vez mais clientes nos pedem esse tipo de solução, eles estão ansiosos para entender como os trolleys funcionam com caminhões a bateria”, disse no documento Mehrzad Ashnagaran, diretor global para eletrificação da ABB.
A empresa tem já dois sistemas de trolley em minas de cobre na Suécia e no Canadá. Eles vêm se mostrando capazes de mover pesados híbridos diesel-eletricidade com até 90% menos emissões de CO2 e o dobro da velocidade média dos equivalentes a diesel. No relatório, no entanto, a ABB não informa ter planos de testar caminhões a bateria nessas redes, ao menos por enquanto.
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