A produção de caminhões em 2022 superou 160 mil unidades e fechou no positivo. Para 2023, a projeção é de alta de 3% nas vendas e de 2,2% na produção
O mercado de caminhões mostrou bons resultados durante o ano de 2022 e superou as expectativas dos órgãos e entidades que atuam nos setores do TRC, apesar da crise dos semicondutores e de um saldo negativo dos efeitos da pandemia, seja na estrutura ou na economia do setor. A análise da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) é de que o resultado final é estável.
No balanço do setor automotivo em 2022 divulgado pela ANFAVEA, os números se mostram positivos em relação à produção e exportação, e estabilidade nas vendas. De acordo com o presidente Márcio de Lima Leite: "Depois de um primeiro quadrimestre muito difícil em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender parte da demanda reprimida nos mercados interno e externos", afirmou.
Porém, apesar do clima de dever cumprido, as mudanças previstas para o próximo ano trazem algumas incertezas, mas também, certezas concretas. Para 2023, as montadoras estimam queda de cerca de 20% como consequência da entrada do Euro 6, já que o preço dos caminhões - em especial os pesados - tendem a subir muito e dificultar o acesso a veículos saindo da linha de produção.
Produção
Com as 191,5 mil unidades que deixaram as linhas de montagem em dezembro, o ano fechou com 2,37 milhões de autoveículos (como tem sido chamado o grupo de veículos composto por carros de passeio e veículos comerciais, off roads e tratores), alta de 5,4% sobre 2021 -- acima dos 4% que a ANFAVEA previa.
Contribuiu para isso a sensível redução nas paralisações de fábricas no segundo semestre, com uma melhora parcial no fluxo de componentes eletrônicos. Para este ano, a expectativa é de um aumento de 2,2% na produção de, com 2,42 milhões de unidades. O número inclui carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.
Produção de caminhões jan a dez/22 - 161,8 caminhões foram produzidos no Brasil, com alta de 1,9% em relação a 2021. No recorte do mês de dezembro de 2022, foram produzidos 14,4 mil caminhões, enquanto que em novembro foram produzidos 15,1 mil. Os números apontam queda de 4,5% de um mês para o outro.
Enquanto a produção de caminhões caiu, a de ônibus disparou e fez com que, no total, o Brasil fabricasse 8,9% mais veículos pesados que em 2021. Porém, a Anfavea espera alta somente para automóveis e comerciais leves em 2023 (expectativa de 4,2%), e estima queda de até 20,4% para caminhões e ônibus.
Isso porque a entidade prevê que o segmento de pesados será impactado pela mudança da regra de emissões para o Proconve P8, que deve provocar um inevitável reajuste de preços, de Euro 5 para Euro 6.
Vendas
Mantendo a tradição, dezembro foi o mês de maior volume de vendas no ano, com 216,9 mil unidades licenciadas, superando em 4,8% o mesmo mês do ano passado. O acumulado chegou a 2,104 milhões de unidades, apenas 0,7% abaixo do acumulado de 2021, confirmando o quadro de estabilidade que já era previsto pela ANFAVEA desde a metade do ano.
Automóveis e ônibus tiveram melhor desempenho que no ano anterior, mas a queda de caminhões e comerciais leves puxou para baixo o resultado geral. Para 2023, a entidade projeta vendas de 2,17 milhões de autoveículos, uma alta de 3% sobre 2021. Mais uma vez, os leves deverão puxar o número, com elevação estimada em 4,1%, ante queda de 11,1% dos veículos pesados.
Vendas de caminhões jan a dez/22 - 126,6 mil caminhões foram vendidos no ano, representando uma queda de 1,6% em relação a 2021, quando o mercado brasileiro vendeu 128,7 caminhões. No mês de dezembro de 2022 a venda de caminhões foi de 12,5 mil unidades, chegando a uma alta de 22,2% nas vendas.
Exportações
Este foi o indicador mais positivo da indústria automotiva em 2022. A ANFAVEA já projetava uma alta de 22%, mas os 480,9 mil autoveículos exportados no ano representaram um crescimento de 27,8% sobre 2021. O que não deixa de ser surpreendente, dadas as restrições de comércio exterior impostas pela Argentina em crise, nosso maior parceiro comercial.
Em contrapartida, o sensível crescimento dos embarques para todos os outros mercados latino-americanos, em especial México, Colômbia e Chile, permitiram esse bom resultado no ano. Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de 37,6%, por conta do envio mais significativo de veículos com maior valor agregado, como SUVs, caminhões e ônibus. Para 2022, a expectativa é de ligeira queda de 2,9% ainda puxada pela Argentina. A ANFAVEA estima exportação total de 467 mil unidades.
Expectativas
Os cálculos da associação apontam que 2,421 milhões de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões deverão sair das linhas de montagem em 2023, o que representa um aumento de 2,2% na comparação com 2022. Mas, apesar da expectativa de alta produção, o cenário muda um pouco quando a projeção é em vendas.
Para este ano, a Anfavea projeta uma retração nos emplacamentos e prevê encerrar 2023 com 154 mil unidades. Com isso, o cenário seria de queda de 20,4% nas vendas de veículos pesados, somando caminhões e ônibus, já que comparado com o ano de 2022, a indústria produziu 194 mil veículos. Porém, na soma entre leves e pesados, a entidade prevê um crescimento geral de 3%.
Na primeira coletiva de imprensa de 2023, o Presidente da ANFAVEA destacou que o Brasil tem uma série de lições de casa a serem feitas para que o mercado deixe de andar de lado como nos últimos anos. Para o executivo, a questão do crédito é o tema mais urgente a ser “atacado” durante o ano: “Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada. Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades”, destacou.
O presidente da Anfavea também destacou que tradicionalmente, o primeiro trimestre tende a ser mais fraco, tanto em produção, quanto em vendas, além de ainda haver uma certa instabilidade na crise de semicondutores. A expectativa é de que no decorrer dos meses os números voltem a subir, mas ainda há uma incerteza que preocupa a indústria: “As taxas de juros têm trazido preocupação para o nosso setor. Estamos falando de uma taxa de 30% de financiamento via CDC. E estamos trabalhando nisso. Ao romper essa barreira, o ano seria surpreendente", explicou Leite.
Márcio de Lima Leite reforçou que a Anfavea vai continuar mantendo o diálogo com os novos governantes em nível federal e estadual, além dos parlamentares para que o segmento se mantenha valorizado e forte na economia do país: “É uma forma a contribuir para o fortalecimento da nossa indústria ante uma conjuntura global cada vez mais competitiva", destacou.
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