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Preços de Usados: valores vão subir mais ou vão cair?

Preços de Usados: valores vão subir mais ou vão cair?

As vendas dos usados tiveram alta de 42,5% no primeiro semestre deste ano, segundo a OLX

Já não é novidade que os preços dos veículos usados estão nas alturas, às vezes com pouquíssima diferença em relação a um zero. A longa espera por veículos novos tem levado consumidores a buscar seminovos disponíveis a pronta entrega - o que tem feito com que carros já rodados estejam mais caros do que exemplares zerados, dependendo do ano e do modelo. Isso tem despertado preocupação dos especialistas do setor, que ainda não enxergam uma baixa significativa. Em 2022 a situação pode até melhorar, mas ainda não voltará ao normal.

As negociações de veículos usados tiveram um boom neste ano, ocupando espaço dos modelos novos que sumiram das lojas em razão da falta de chip para a produção. Com demanda em alta, há uma escalada de preços que não se via desde o Plano Cruzado (nos anos 1980). Há modelos com valorização de mais de 20% em um ano. Num mercado normal, o automóvel perde entre 15% a 20% do seu valor após um ano de uso - os caminhões e outros veículos de carga perdem 20%. Embora o segmento também já registre falta de produtos, as vendas até agosto são recordes, com 7,59 milhões de automóveis e comerciais leves.

O número é 48,8% superior ao de 2020, um dos anos mais fracos para o setor por causa da pandemia, mas também 6,6% acima dos 7,12 milhões de usados vendidos em igual período de 2019, até então o melhor resultado da história, segundo a Fenabrave (Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores), que representa as concessionárias. Para o vice-presidente da organização, José Maurício Andreta Júnior, os preços dos usados e seminovos continuarão altos enquanto persistir esse cenário de restrição à oferta de produtos novos.

Em outubro, as vendas de veículos usados tiveram queda de 8,5% em relação a setembro. Porém, no acumulado do ano, houve aumento de 28,9% em relação aos primeiros dez meses de 2020. Isso avaliando todos os tipos de veículos. O recorte dos pesados é ainda mais evidente: foram licenciados 35.862 caminhões, alta de 48% em relação ao mesmo período de 2020.

O diretor acredita que o mercado de usados deve encerrar o ano com mais de 11 milhões de veículos vendidos, confirmando assim o melhor resultado da história do segmento. Para os novos, diz ele, é difícil fazer previsões porque vai depender da capacidade das montadoras de entregar veículos para as revendas. A previsão do mercado é de que a falta de semicondutores deve se manter pelo menos até meados de 2022.

Caminhões seminovos

A venda de caminhões seminovos também disparou no primeiro trimestre deste ano, mas a alta na demanda faz com que os seminovos tenham alta de preços – e fiquem mais caros do que os veículos zero quilômetro. A urgência por um caminhão, diante da escassez de componentes - que, quando novo, pode levar meses da compra até a entrega — fez com que as vendas dos usados tivessem alta de 42,5% no primeiro trimestre deste ano, segundo a OLX, plataforma de vendas de usados.

Quem atua dentro desse mercado afirma que a valorização foi tão alta que supera os preços praticados por veículos novos no mercado. Os preços subiram 40% em relação ao mesmo período do ano passado. É um mercado bem ‘esquisito’ se pensarmos no preço, mas para quem precisa do caminhão, a agilidade é fundamental. Pagar mais caro pode valer mais do que esperar, para começar a atender os contratos que cada um possui”, diz Alcides Cavalcanti, diretor comercial da Volvo Caminhões e Ônibus.

Mas, quando o preço vai cair?

O valor dos veículos vem subindo gradativamente desde o início da pandemia. Atualmente encontramos carros compactos populares na faixa de R$ 100 mil. Para diversos especialistas, ainda é muito difícil garantir que os preços vão voltar ao que eram anteriormente. De acordo com Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ainda não há uma previsão de quando haverá alívio no preço dos carros ao consumidor.

Ele explica que não é somente a falta de condutores que está causando essa mudança no mercado, mas a soma de uma série de fatores como combinação de safra recorde e alta do dólar, a desvalorização do real, assim como o aumento de materiais como borracha, resinas e aço, contribuem para a alta. Logo, existe uma cadeia de fatores que contribuem para a alta no preço dos automóveis, o que dificulta uma previsão mercadológica para a redução ou normalidade no preço dos veículos. “Em termos de custos, não vejo em pouco tempo uma alteração estrutural que permita redução nos valores finais. Talvez, baixe apenas na metade do ano que vem”, declarou Luiz Carlos Moraes.

O presidente da Anfavea em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, declarou que provavelmente os valores cobrados podem começar a ter uma baixa apenas a partir do segundo semestre de 2022. Além disso, Luiz Carlos de Moraes conta que uma possível solução para o problema deve ser encontrada pelas montadoras, como ações de marketing.

Esses entraves geopolíticos e também de escassez acaba por dificultar previsões mais assertivas e até mesmo, tornar o mercado mais competitivo, o que é muito importante para o setor automotivo. Mas, apesar de incerta a previsão de normalidade no preço dos automóveis no país, a ideia que se mantém forte é de que o cenário onde era possível encontrar veículos mais básicos zero km custando R$ 40 mil não deve voltar.

Apesar das dificuldades, as perspectivas do setor ainda se mantêm positivas: estimativas da Anfavea mostram que a produção de caminhões pesados deve crescer 23% em 2021, mesmo com os desafios enfrentados no país, em relação às consequências da covid-19. Os problemas enfrentados pelo setor podem atrasar esse crescimento, mas, ao que tudo indica, enquanto as commodities estiverem enfrentando um bom momento, montadoras terão “um bom problema”: atender a uma demanda que cresceu e deve continuar crescendo.

E você caminhoneiro, acredita em uma baixa no preço dos seminovos? Comenta aqui.

 


Presidente da Anfavea declarou que valores cobrados podem começar a ter uma baixa apenas a partir do segundo semestre de 2022.

Direto da Redação do Planeta Caminhão

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