De acordo com a Senatran, 182.376 mulheres têm habilitação para dirigir caminhões, o que corresponde a apenas 6,5% do total de condutores da categoria
O número de mulheres habilitadas para dirigir pesados aumentou nos últimos dez anos, segundo dados divulgados pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e, atualmente, elas representam pouco mais de 6% do total de habilitados nas categorias C, D e E no Brasil. Isso quer dizer que, dos 9,2 milhões de condutores dessas categorias no país, pouco mais de 360 mil são mulheres.
Mesmo com esse aumento, o trânsito no Brasil ainda é pouco diverso. Dados do Painel CNT do Transporte Rodoviário, atualizados até junho de 2023, mostram que, a cada ano, o número de mulheres condutoras de pesados aumenta em torno de 5,16%. Mas apesar disso, a quantidade de mulheres que obtiveram registro de habilitação nas categorias C e E em 2023, somam apenas 16 mil em todo o país, frente aos mais de 600 mil homens na mesma condição, pouco mais de 2% dos habilitados.
Ao todo, considerando todas as categorias, o país registra um total de 78 mil condutores habilitados, sendo que 36% são do sexo feminino. Ou seja: a cada 3 habilitados, uma é mulher, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Somente em São Paulo, segundo dados do Detran-SP, o número de mulheres com carteira profissional de motorista, ou seja, com EAR ativa, subiu de 1,39 milhões para 1,54 milhões.
Porém, se considerarmos somente as categorias “C”, “D” e “AC” houve redução de mulheres habilitadas nos últimos anos. Em 2020, foram 91.305 mulheres habilitadas na categoria “C”, para operar no transporte de cargas. Já em 2022, 66.106 novas condutoras se habilitaram nessa categoria. Na condução de veículos de categoria E, o ingresso de mulheres é ainda menor, o equivalente a 1% do total.
Dados do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária), de 2023 apontam que 182.376 mulheres têm habilitação para dirigir caminhões (C, E, CE), o que corresponde a apenas 6,5% do total de motoristas da categoria. Porém, apesar dos avanços e conquistas no segmento, as mulheres ainda enfrentam preconceito e machismo no trânsito. Segundo especialistas, a discriminação impacta em como as elas encaram a mobilidade urbana e no pouco incentivo que recebem para dirigir.
Projeto de Lei pode elevar participação feminina no transporte
Apresentado na Câmara pelo Deputado Zé Trovão, o Projeto de Lei 563/2024, propõe a criação do programa “Elas Nas Estradas”, que tem o objetivo inserir mais mulheres no transporte, tornando gratuita a obtenção da CNH nas categorias C, D e E para o público feminino, além de determinar um limite de 0,02% da população do estado para ter o benefício da gratuidade.
O texto do projeto inclui a isenção das taxas administrativas, cursos teóricos, provas de direção ou exames toxicológicos feitos para habilitar as mulheres a dirigir caminhões, vans ônibus e micro-ônibus. Segundo o projeto, as exigências para a participação seriam as mesmas estabelecidas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para que qualquer motorista acima de 21 anos obtenha as CNHs nas categorias C, D e E.
O projeto “Elas Nas Estradas” está em processo de tramitação e será analisado pelas comissões de Defesa dos Direitos da Mulher; de Viação e Transportes; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovado em todas as instâncias, o texto segue para a sanção presidencial. A expectativa é de que todo o trâmite seja concluído até o segundo semestre de 2024.
De toda forma, diversos dados comprovam que a participação feminina no segmento de transportes vem aumento nos últimos anos, até mesmo, nos dados relacionados a contratação de mulheres no setor de logíscia e de transporte de cargas, que foram os principais contratantes do gênero no ano de 2023. Além disso, outros projetos de incentivo a participação feminina também estão mostrando bons resultados, com cada vez mais mulheres interessadas em projetos e iniciativas que proporcionem oportunidades de capacitação.
O aumento no número de mulheres habilitadas para pesados demonstra que há um interesse do gênero feminino na atividade, e o que precisamos é de mais oportunidades para que esses números sejam cada vez significativos a cada ano. Você conhece alguma mulher que queira se habiitar para dirigir pesados? Conhece alguém que esteja se habilitando? Compartilhe essa notícia.
Comentarios