Os compactadores de lixo foram fundamentais para a evolução das grandes cidades
Já se perguntou como surgiram os caminhões coletores de lixo? O problema do lixo não é recente, já que há séculos sociedades se organizam e desenvolvem soluções de coleta, transporte e depósito. Porém, ao longo dos anos a população cresceu muito e a quantidade de lixo também à medida que se criavam mais produtos industrializados, grande quantidade de embalagens, objetos plásticos, borrachas, entre outros materiais sintéticos.
Para se ter uma ideia, diariamente, cada pessoa produz em média 1kg de lixo em nosso país. Se contabilizarmos a produção nacional, este número chega à impressionante marca de 240 mil toneladas por dia. No intervalo de 20 anos, entre 1982 e 2012, a quantidade de lixo gerada por pessoa dobrou. E para dar conta dessa quantidade, as formas de coletar e transportar também precisaram se adaptar ao longo dos anos.
E, assim como tantas outras atividades essenciais para as cidades, os caminhões são fundamentais para a limpeza urbana, coletando, compactando e transportando o lixo das zonas urbanas para locais específicos de descarte. Porém, o que hoje parece ser algo simples, deu trabalho para administrações públicas até meados do século XX. Os caminhões de lixo estão literalmente em todas as partes do mundo, evoluindo há mais de um século para cumprir a função de manter a limpeza urbana.
Entre os primeiros caminhões de lixo com impulsão própria, estão os com motor a vapor pedidos pelo conselho distrital de Chiswick à empresa britânica Thornycroft, em 1897.
Lixo: um problema antigo no mundo todo
Ao final dos anos 1800, veículos para transporte de resíduos urbanos eram carroças de tração animal ou humana (sim! muitas vezes escravos). Mas, com a chegada dos primeiros veículos automotores, principalmente a vapor, surgiram os primeiros caminhões de lixo propriamente ditos. Anos depois, no início dos anos 1920, caminhões com motores a combustão passaram a ser adaptados para a coleta de lixo, que não eram diferentes de um caminhão basculante típico.
Porém, ocorria a situação dos resíduos vazarem ou caírem, então as empresas que desenvolviam caçambas começaram a construir corpos de despejo especializados que eram lacrados nas laterais. Mas, conforme as caçambas iam ficando maiores e mais altas, ficava ainda mais difícil jogar o lixo dentro dela. Além disso, os compartimentos abertos espalhavam os odores e ainda não haviam conseguido resolver de vez a questão da queda de detritos. Devido a esses odores nauseantes e queda de objetos, veículos cobertos logo se tornaram mais comuns.
Em 1938, a empresa Garwood, de Detroit, criou o primeiro caminhão de lixo com compactador. Através de uma prensa hidráulica, ele permitiu que dobrasse o volume transportado pelo caminhão. Inicialmente utilizando apenas uma lâmina que empurrava os resíduos para a parte de trás do contêiner, que era basculante e possuía abertura traseira, assim foram criados também os sistemas de carregamento automáticos. Eles foram introduzidos primeiro na Europa, em seguida na América do Norte e, logo após, no resto do mundo.
O lixo era transportado em caçambas acopladas em animais antes do caminhão.
Em 1955, a empresa dos irmãos Dempster, de Knoxville, criou o primeiro caminhão de lixo com carregamento na parte frontal. Eles só se tornaram comuns, porém, a partir da década de 1970.
A evolução dos caminhões de lixo no Brasil
No Brasil, os primeiros passos para a limpeza pública ocorreram em grandes cidades, como Rio de Janeiro, uma das mais populosas da época e até então a Capital do Brasil, em 1853, e depois em São Paulo, em 1891. Os projetos de regulamentação de transporte de lixo foram criados para excluir definitivamente os escravos desta função.
O lixo era carregado em caçambas com laterais muito altas, o que dificultava a coleta e não impedia o odor e a queda de alguns detritos.
Em 1873, o Ministério Imperial contratou uma empresa francesa para fazer de forma particular a coleta de lixo das cidades. O proprietário da empresa, o francês Pedro Aleixo Gary, ficou responsável pela limpeza urbana durante 20 anos, até ser criada a Superintendência de Limpeza Pública e Particular da Cidade. Uma curiosidade: os trabalhadores da limpeza urbana passaram a ser chamados de “garis”, em referência ao dono da empresa “Gary”.
Se na Europa e América do Norte os caminhões para limpeza urbana chegaram nos anos 1900, somente após final da década de 40, e anos 50, os primeiros caminhões de lixo começaram a rodar. Com a chegada de várias marcas de caminhões, incluindo a Brasileira FNM, e, consequentemente, aumento da produção de veículos no país, alguns implementos próprios para caminhão de lixo foram criados e colocados sobre caminhões FNM, Ford e Chevrolet.
Uma das primeiras criadoras desses implementos no Brasil foi a Fábrica Nacional de Vagões, FNV, com sistemas de carregamento lateral e compactação no contêiner basculante. E, assim, seguia a evolução da coleta, com a compactação e transporte de lixo no país pela década de 1960. Problemas como odores e detritos ainda não haviam sido totalmente resolvidos no país.
Já nos anos 70, um novo implemento começava a ser usado nos caminhões de lixo pelo Brasil, equipando os Mercedes-Benz, Fords, Dodges e Fiats. Tratava-se de um depósito cilíndrico com um dispositivo na traseira que ao girar, forçava os detritos em direção ao fundo, um sistema parecido com os caminhões betoneiras. Inclusive, esteticamente parecia. As pessoas os viam como um liquidificador gigante, as primeiras prefeituras ou empresas a comprarem os exibiam em eventos e lançamentos.
Caminhão de lixo elétrico em Salto, São Paulo.
Pouco tempo depois, por volta de 1980, ainda com a crescente necessidade de destinação da grande quantidade de lixo, finalmente chegava ao Brasil os caminhões coletores e compactadores de lixo, com o princípio de funcionamento e aspecto que permaneceria como padrão pelas próximas décadas.
Como são os caminhões coletores?
Existem diversos modelos. Os veículos normalmente indicados para as atividades de coleta de lixo domiciliar são caminhões com carrocerias compactadoras, que proporcionam maior economia de combustível e espaço de armazenamento, na medida em que podem transportar uma quantidade maior de lixo. Para segurança dos trabalhadores, alguns possuem câmeras de televisão na parte traseira com monitor na cabine do motorista.
Caminhão da prefeitura descarrega lixo em aterro.
Hoje os caminhões são capacitados de implementos próprios para a coleta, compactação e transporte de resíduos em contêiner fechado, formado pela porta traseira. O compactador é o equipamento acoplado ao caminhão, que faz o transporte e o processo de compactação dos lixos. Possui o recipiente para o depósito dos resíduos, e o sistema composto por mesa compactadora e mesa transportadora acionada hidraulicamente, movendo e compactando os detritos no contêiner para a carga, uma espécie de baú que pode ter vários tamanhos e capacidades de carga.
A aquisição de caminhões compactadores de lixo geralmente é capaz de se tornar notícia em algumas cidades por ser uma bela novidade. É um grande passo para melhorar a limpeza e o saneamento das cidades.
Para a descarga, toda a porta traseira é destravada e erguida. Na parte frontal do baú, próximo à cabine, fica o painel ejetor sobre o qual atua um pistão hidráulico, empurrando toda a carga para a porta traseira. O mercado oferece, hoje em dia, diferentes modelos, tamanhos e capacidade de transporte e armazenamento para atender às mais diversas necessidades das empresas. Os principais clientes são as prefeituras, mas, empresas de limpeza de diversas partes do Brasil optam por esse tipo de implemento.
A caçamba dos caminhões compactadores é o principal elemento do maquinário, pois lá é feita a compressão dos materiais recolhidos.
O segmento de coleta de lixo demanda um caminhão extremamente robusto e durável, capaz de realizar seu trabalho com confiabilidade. O Mercedes-Benz Atego 1729 4x2 Coletor de Lixo pode receber a instalação do 3º eixo por fabricantes do mercado, possibilitando a montagem de compactadores de até 19 m³. O modelo vem equipado com um trem de força extremamente robusto. É bastante comum ver esse veículo realizando essa atividade.
Outro caminhão muito utilizado atualmente para a coleta é o Ford Cargo 1723 equipado com o motor Cummins de 6 cilindros, reconhecido entre os melhores do mercado pela robustez, durabilidade, economia e baixo custo de manutenção. O veículo vem com uma preparação de fábrica que facilita a implementação e favorece o desempenho nessa aplicação. Além destes, o Volkswagen Constellation 17.230 Compactor, com tração 4x2 também é um dos mais indicados para caixas compactadoras de 15 metros cúbicos. Vem equipado com motor MAN D08, com quatro cilindros e que entrega 226 cv de potência.
Hoje, esses equipamentos são necessários para manter o saneamento básico e as cidades limpas e livres de agentes contaminadores, já que o Brasil é um dos maiores produtores de lixo do planeta.Somente em 2020 foram geradas cerca de 90 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Caminhões a serviço da limpeza e da sustentabilidade
Os caminhões estão em constante evolução, já que a forte concorrência das montadoras obriga que os veículos tenham diferenciais, novas tecnologias, formas alternativas de combustível ou até mesmo consumo 0 de combustíveis fósseis. E, até os caminhões de limpeza urbana, equipados com coletores, podem contribuir não só para a sustentabilidade da cidade, mas também para aumentar a frota de caminhões urbanos elétricos. Em 2020, a Prefeitura de São Paulo escolheu a Zona Leste da capital para ser a primeira região a receber caminhões compactadores 100% elétricos movidos à energia limpa que deixam de emitir 1.680 toneladas por ano de gás carbônico, um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa no planeta.
Além de colaborar com o ecossistema, os veículos podem rodar oito horas por dia de forma silenciosa, diminuindo a poluição sonora na cidade e impactando diretamente no dia a dia dos moradores. A frota de dez caminhões segue funcionando e sendo utilizada na coleta dos resíduos de varrição e feiras livres em oito subprefeituras: Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus, São Miguel Paulista e Sapopemba.
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Pamela Emerich
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