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Histórias das estradas do Brasil: a artéria do transporte rodoviário brasileiro

Histórias das estradas do Brasil: a artéria do transporte rodoviário brasileiro

A Rodovia Presidente Dutra, que faz o eixo Rio-São Paulo em poucas horas, é uma das mais importantes do país

As cidades brasileiras foram crescendo ao redor das grandes estradas e rodovias, que também são responsáveis por ligar pontos tão distantes do país. Através delas passa mais da metade da economia brasileira, circulando os mais diversos tipos de cargas, sendo a casa de tantos caminhoneiros, que as cruzam para levar o pão para sua casa.

Mas você já parou para pensar na história por trás destas estradas? Já imaginou quantas coisas elas podem guardar, quantos lugares elas conectam e a importância delas para o nosso país? Por isso, vamos contar para vocês um pouco da história dessas rodovias, que se misturam com a história do país e de muitos caminhoneiros.

Uma das mais famosas é a Rodovia Presidente Dutra, que faz a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Possui uma extensão total de 402 quilômetros que se inicia no Trevo das Margaridas, no acesso à Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, e termina na Ponte Presidente Dutra, no acesso à Marginal Tietê, em São Paulo.

Anteriormente chamada de Via Dutra, ela é um trecho da famosa BR-116, principal entroncamento rodoviário do país, também chamada de SP-60 no estado de São Paulo. É considerada a rodovia mais importante do Brasil, não só por ligar as duas maiores e principais metrópoles nacionais, mas também por atravessar uma das regiões mais ricas do país, o Vale do Paraíba.

Cercada de símbolos positivos e negativos, a história da Rodovia Presidente Dutra está diretamente ligada ao desenvolvimento econômico e social do Brasil. Ela pode ser considerada um exemplo claro dos investimentos no setor rodoviário que estavam sendo feitos no lugar dos transportes por trilhos, por exemplo, já que a ligação férrea entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro estava estruturada desde o final do século retrasado.

Tudo começou com a primeira ligação rodoviária asfaltada entre as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo, aberta pelo governo do então presidente Washington Luis e inaugurada com o nome de "Estrada Rio–São Paulo", em 5 de maio de 1928. A obra reduziu a distância entre as duas capitais em 11 quilômetros. E isso não é pouca coisa. Para a economia da época, isso representava um ganho enorme.

Um exemplo é a comparação que podemos fazer entre o tempo necessário para cruzar de uma capital a outra. Por exemplo, em 1908 se gastava 876 horas de São Paulo ao Rio de Janeiro, quase 37 dias. Em 1994, o tempo já havia reduzido para 144 horas. Em 1948, o tempo total do trajeto era de 12 horas. Com a construção da Via Dutra em 1951, o tempo entre as capitais passou a ser de 6 horas.

A ligação rodoviária se mostrou bastante eficiente para o tráfego mais rápido entre os dois estados e no final da década de 1940, a industrialização e a necessidade de uma ligação viária mais segura e eficaz levaram à construção da atual Via Dutra, inaugurada em 19 de janeiro de 1951, já no governo de Eurico Gaspar Dutra. Com a inauguração da nova estrada, a antiga estrada Rio-São Paulo deixou de ser utilizada, exceto em dois trechos, que formam as atuais rodovias BR-465, RJ-139 e SP-068 (Rodovia dos Tropeiros).

Na época de sua inauguração, a Via Dutra foi considerada uma das mais modernas do país, até então. Sua história reúne alguns dos fatos da história do setor de Transportes Rodoviários, relembrando a época de ouro da ligação Rio-São Paulo. Inaugurada em 1951 como BR-2, a rodovia mudou de nome e virou rodovia Presidente Dutra (BR-116) e passou por transformações que acompanharam o crescimento populacional e econômico do país.

No início, sua extensão quase total era de pista simples, operando em mão dupla. Além disso, faltava pavimentação em alguns trechos e nas proximidades de Guarulhos/SP. Durante a década de 1960, a pista foi duplicada em vários trechos. Em 1967, foi entregue a via duplicada em toda extensão, tornando-se a principal autoestrada do país. Em 1968, foi inaugurada a nova subida da Serra das Araras.

A nova rodovia foi construída com o que havia de mais moderno na época em relação à engenharia da época. No total, 1,3 bilhão de Cruzeiros foi investido na construção da BR-2, seu primeiro nome, o que era uma quantia altíssima para aqueles padrões. Os gastos foram muito criticados por setores da sociedade civil e pela imprensa, que classificou a obra como “luxuosa”. Enquanto isso, o governo federal insistia que o desenvolvimento do país dependia de melhorias no transporte rodoviário e mais caminhos precisavam ser abertos com rapidez e eficiência para agilizar a modernização da ligação Rio-São Paulo.

E por ela o país trafega por mais de 70 anos. Em suas faixas é transportado, aproximadamente, 50% do PIB (Produto Interno Bruto Brasileiro). Atualmente, de acordo com informações da Nova Dutra, concessionária da rodovia desde 1996, 23 milhões de pessoas em 36 municípios, incluindo as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, moram no entorno dos 402 quilômetros da rodovia. Somente na região da Grande São Paulo, trafegam cerca de 180 mil veículos por dia nos dois sentidos da rodovia.

Em alguns trechos, entre Guarulhos e a capital paulista, a Dutra pode ser considerada até uma verdadeira avenida pelo volume de tráfego urbano, incluindo motos, caminhões de entrega, coleta de lixo, de carros em deslocamentos curtos e de ônibus urbanos e metropolitanos. No trecho urbano da Dutra, 220 mil veículos trafegam diariamente. Mas, nem essa grande importância manteve a rodovia livre de abandono e de momentos ruins.

Nos anos 90, a situação das rodovias era de abandono. A estrada apresentava um cenário de deterioração com pistas esburacadas, sinalização precária, o mato alto tomava conta do canteiro central, as defensas metálicas estavam retorcidas e muita sujeira se estendia ao longo do trajeto. Com o crescimento das cidades e a urbanização em seu entorno, a rodovia passou a receber também o tráfego de pedestres. Por isso, batidas, acidentes e atropelamentos ocorrem com frequência.

Dados fornecidos pela concessionária revelam que cerca de 50 pessoas morriam por mês em acidentes. A rodovia passou a ser mal vista também pelo grande número de assaltos. Além disso, pela má conservação, muitas cargas também não chegavam intactas ao final da viagem e os custos com combustível e manutenção dos veículos eram muito grandes. A Dutra passou décadas com problemas e os recursos que eram destinados para a sua manutenção não eram suficientes para resolver de vez os problemas.

A tão moderna rodovia agora estava em total decadência e como forma de recuperar essa importante veia do transporte rodoviário brasileiro, foi permitida sua concessão. No dia 1° de março de 1996, a concessionária Nova Dutra recebeu uma concessão de 25 anos com o extinto DNER e assumiu a administração da Via Dutra. Com isso, recebeu a responsabilidade pela administração, manutenção, recuperação e outras melhorias na BR-116. A empresa assumiu nessas condições e instalou pedágios por sua extensão.

O contrato de concessão da empresa, assinado em 1996, terminou em 28 de fevereiro de 2021, mas com a pandemia, a Agência Nacional de Transportes Terrestres renovou o contrato de manutenção por mais 1 ano. Em outubro de 2021, um novo leilão de concessão foi realizado e a CCR venceu novamente, estendendo a administração por mais 30 anos.

Segundo a CCR Nova Dutra, depois dos mais de R$ 22 bilhões investidos na concessão, a Via Dutra é uma nova rodovia. O volume diário de veículos cresceu nas últimas duas décadas e o número de mortes na rodovia reduziu 73%, principalmente, pelas ações que garantiram mais segurança e conforto aos usuários.

OBRAS REALIZADAS EM 25 ANOS DE ADMINISTRAÇÃO DA VIA DUTRA PELA CCR

– 2.192 km de dispositivos de segurança (barreiras de concreto, defensas metálicas e telas antiofuscantes);

– 430 mil m² sinalização horizontal;

– 94,6 quilômetros de pistas marginais;

– 38 novas pontes e viadutos;

– Recuperação de 143 pontes e 86 viadutos;

– Construção de 64 novas passarelas;

– 21,9 milhões de m² de asfalto de pistas, trevos e acessos.

INFRAESTRUTURA DE ATENDIMENTO

– 11 bases operacionais;

– 804 telefones de emergência (um a cada quilômetro nos dois sentidos da rodovia);

– 102 câmeras de monitoramento;

– 37 guinchos leves, pesados e superpesados;

– 13 viaturas médicas;

– 14 ambulâncias de resgate (UTIs);

– 31 viaturas operacionais (caminhões boiadeiros, viaturas de inspeção de tráfego, caminhões pipas e munck);

– 38 painéis de mensagem variável.

Não tem como negar que a Via Dutra é uma artéria importante do Brasil, afinal, recebe e devolve milhares de caminhoneiros de todos os lugares do Brasil. Hoje, com todas as condições necessárias para cumprir sua importante função, os usuários aguardam por melhorias que tragam ainda mais segurança e eficiência para a Dutra. E aí, gostou de conhecer essa história? Você também tem algum caso vivido na Via Dutra? Conta aí e compartilhe com seus amigos do trecho.

Por Jornalista Pamela Emerich

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