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Os caminhões GMC e sua passagem pelo transporte brasileiro

A GMC, uma marca da General Motors, assim como a Chevrolet, já foi detentora de 6% do mercado brasileiro de caminhões. Isso entre 1997 e 2001, quando a empresa fabricava caminhões na unidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo.

A marca foi importante para o transporte brasileiro e ainda existem alguns modelos rodando por aí, mas o fim triste das operações da GMC no Brasil aconteceu em 10 de janeiro de 2002, por razões econômicas e de conjuntura do mercado nacional.

Os primeiros Chevrolet

Mas a história da General Motors com caminhões no Brasil começou bem antes. Os primeiros caminhões Chevrolet brasileiros, com cerca de 40% de componentes produzidos no país, foram lançados em 1957. No ano seguinte saiu a primeira picape e no início de 1959 foi inaugurada a fábrica de motores, permitindo atingir a quase integral nacionalização da linha de modelos.

Eram caminhões simples, projeto americano de porte médio, com cabine recuada e motorização a gasolina. Em 1964 receberam nova e moderna cabine, com projeto desenvolvido no Brasil, que garantiu à marca, por alguns anos, a liderança de mercado nas categorias picape e caminhão médio.

Os GMC Marítimos

No meio da trajetória da General Motors com caminhões no Brasil, um capítulo muito interessante aconteceu quando a Segunda Guerra Mundial acabou, em 1945. Nos anos seguintes, o mundo se viu "inundado" por uma quantidade enorme de motores Detroit Diesel marítimos, fabricados pelo pool industrial liderado pela GM e com a destinação aos barcos de transporte das tropas norte-americanas no conflito.

Foram tantos motores fabricados que milhares acabaram não sendo utilizados. Diante da sua necessidade de fazer frente à concorrência com os caminhões a diesel no Brasil, a empresa decidiu montar por aqui o modelo GMC, um caminhão médio com cabine clássica equipado com o famoso motor Detroit Diesel Marítimo. Muitos foram fabricados até 1952 e os que ainda existem fazem parte de privilegiadas coleções de veículos antigos.

O caminhão era um Série S900 que vinha com motor GM671 de dois tempos janelado, com soprador (blower) em cima. Ele tinha transmissão manual de cinco marchas na primeira caixa e três na segunda caixa, com duas pesadas no overdrive. Freio a ar nas quatro rodas e direção assistida de pistão.

O motor Detroit Diesel ficou famoso no Brasil e chegou a equipar os caminhões da Ford, os Chevrolet D70 e até os tratores CBT.

A recriação da GMC

Em 1995, a General Motors decidiu recriar no Brasil a marca GMC e seria criada uma unidade de negócios independente para caminhões e picapes. A rede de revenda não seria a mesma dos automóveis e os caminhões seriam vendidos sob a marca GMC.

A linha GMC foi lançada no Brasil em julho de 1996, com seis caminhões importados: os caminhões leves argentinos 6-100 e 6-150 e os médios norte-americanos Kodiak 12-170, 14-190 e 16-220 (de 8 a 11 t de capacidade de carga e motor Caterpillar de 172, 187 e 218 cv); o único modelo com cabine sobre o motor era o leve japonês 7-110 (4,2 t de capacidade e 106 cv).

Em maio de 1997, já tendo sido vendidas 2.200 unidades importadas, foi inaugurada a nova fábrica de caminhões de São José dos Campos – leia-se, uma linha de produção com maior índice de automação e, segundo o novo conceito de “consórcio industrial”, com agregação de maior número de subsistemas pré-montados pelos próprios fornecedores. Na oportunidade foi lançado mais um modelo, o 15-190, médio de origem Isuzu com cabine-leito avançada e motor Caterpillar de gerenciamento eletrônico e 188 cv, importado dos EUA.

Com a inauguração da fábrica, a GMC começou a nacionalização dos modelos de caminhões, principalmente os leves e médios. A linha GMC “nacional” foi exibida na V Brasil Transpo, em 1997.

Sempre confiando nas importações, a GMC expôs em 1999 mais dois Isuzu japoneses: o 3-90 (versão mais leve do 5-90, com rodado traseiro simples) e o pesado EXR, com 360 cv e 45 t de PBT. Em abril de 2000 a produção do Chevrolet Silverado foi transferida da Argentina para o Brasil.

Com ele chegou seu clone GMC 3500 HD, com nova grade e o mesmo motor MWM turbo diesel de seis cilindros e 150 cv. Em agosto foi anunciada a linha GMC 2001 de caminhões médios, limitada aos três modelos convencionais, sem alterações estéticas, porém trazendo novo eixo traseiro, embreagem de acionamento mais suave, tanque de material plástico com maior capacidade e troca do filtro de ar.

Em janeiro de 2001, a General Motors comunicou oficialmente o encerramento definitivo da produção de caminhões no Brasil. A “aventura” GMC não trouxe dividendos para a GM, que continuava com participação inexpressiva no setor (4,5% em 2000 e 5,4% em 2001), recuando para 7º lugar entre os fabricantes nacionais. Somente 3.970 veículos foram vendidos em 2001, incluindo os importados, num mercado que absorveu quase 74 mil unidades.

Apesar da garantia oferecida (2 anos ou 150.000 km), da assistência técnica 24 horas e das campanhas agressivas de marketing (“compre um 6-150 e ganhe combustível para rodar até 10.000 km” ou “compre hoje [em março] e pague a 1ª prestação no Natal“), a GM não conseguiu reduzir a ociosidade da linha de fabricação de São José dos Campos, que beirava 80%.

Altamente dependente das importações, a empresa foi afetada pela mudança da política cambial, decretada em 1999; segundo o comunicado distribuído pela companhia, “como não foram conseguidos os volumes de vendas desejáveis, os custos ficaram acima da média, com reflexos diretos nos preços dos caminhões e comprometimento da competitividade“.

Redação Planeta Caminhão

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